História de:
Sérgio Gomez Campodarve
Autor:
Museu da Pessoa
Publicado em:
07/02/2021
Em sua fala, Sérgio comenta com prazer as mudanças ocorridas na comunidade da Vila Nova Canaã, em parceria com a ENEVA.
P/1 - O senhor pode me dizer o seu nome completo, onde nasceu e a data?
R - Sérgio Gomes Campodarve. Nasci na cidade de São Paulo na data de 22 de março de 1958.
P/1 - O senhor começou a trabalhar na Eneva em que ano?
R - Eu entrei na Eneva em junho de 2006, primeiramente na planta [da usina] de Pecém, e logo em seguida acabei assumindo responsabilidades da planta [da usina] de Itaqui também.
P/1 - O senhor então se mudou de São Paulo pro Ceará, é isso?
R - Na verdade, eu continuo com a minha base familiar em São Paulo, mas tenho dado meu expediente de forma regular não só na sede da companhia, no Rio de Janeiro, mas também no Ceará e no Maranhão.
P/1 - Então o senhor primeiro foi pra planta de Pecém [no Ceará] e depois de Itaqui, aqui no Maranhão.
R - Exatamente. Comecei as minhas atividades na Eneva em junho de 2016, na planta de Pecém, e já em abril de 2017 acumulei, assumi também a planta de Itaqui. Hoje eu sou o diretor responsável pela divisão de carvão da Eneva.
P/1 - Então o senhor está sempre viajando entre Maranhão e Ceará.
R - Sempre viajando entre Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro.
P/1 - Quando o senhor teve contato, conhecimento sobre o projeto da Eneva feito aqui na Vila Canaã? Nesse momento também?
R - Eu tive esse contato tão logo eu cheguei na planta, em 2017. Passei a ter conhecimento da história, de tudo o que aconteceu. É sempre motivo de muita alegria e muito orgulho da minha parte falar sobre esse projeto, principalmente e também pelo fato de que ele se mistura com a história da planta de nossa termelétrica de Itaqui e reflete toda uma cultura da nossa companhia. Nenhum projeto pode ser considerado viável sem que a gente tenha, paralelamente a ele, benefícios sociais, ambientais e culturais.
É o que a gente de fato verifica hoje, depois de dez, onze anos. Nós temos uma termelétrica que está disponível para gerar energia a qualquer momento e que tem capacidade de geração equivalente a 65% do consumo de energia do Estado do Maranhão, e paralelamente a gente tem uma situação que envolve a Vila Canaã e o polo agrícola, em que 95 famílias foram realocadas, reassentadas.
Essas famílias acabaram tendo uma moradia digna e por ter uma moradia digna se organizaram, reconheceram a importância da capacitação e do conhecimento que a companhia aportou, todo o investimento que a companhia aportou nesse empreendimento, de forma que, com a organização que eles fizeram, acabaram empreendendo, acabaram por criar trabalho e renda pra todo esse grupo. Esse trabalho acabou se tornando sustentável ao longo do tempo; houve uma emancipação de toda essa comunidade e hoje tem toda uma atividade sustentável e que permite que possa desfrutar de emprego e renda, fornecendo seus produtos de forma regular pra toda a comunidade interessada em seus produtos, principalmente as instituições escolares, as universidades, os feirões.
Em última instância, é sempre motivo de muito orgulho falar do projeto da Vila Canaã, é importante falar do polo agrícola. É uma grande referência pra nós, como empresa; uma empresa que se autodesafia a crescer de forma acelerada e que todos os outros empreendimentos em que a Eneva busca investir certamente vão levar a referência desse projeto como uma forma de multiplicar, replicar uma história de sucesso.
P/1 - Vocês pensam muito em usar a história do que foi feito aqui como modelo pra outros empreendimentos?
R - Sem dúvida que sim. Nós somos visitados regularmente pelo presidente da companhia, por toda a diretoria, membros do conselho. Regularmente, as plantas são visitadas por toda a alta administração da companhia e uma das principais coisas que nós abordamos nessas visitas é o legado que aquela planta está deixando para as comunidades no entorno.
Essa é uma história de sucesso que a gente busca replicar. A empresa está investindo em novas usinas de geração de energia elétrica, de prospecção de gás, e naturalmente esse sucesso da Vila Canaã e do polo agrícola está sendo sempre alvo de ser replicado em outros projetos.
P/1 - O senhor acha que é raro ver uma relação entre empresa e comunidade que tenha dado certo dessa forma, com o cuidado e carinho com que [o projeto] foi feito?
R - Eu diria que sim. Acho que isso reflete muito planejamento e muita disposição, principalmente de ter uma relação próxima com o poder público. E tem um monitoramento assistido muito próximo das Defensorias Públicas, do IBAMA também. Requer que a gente tenha uma equipe buscando qualificar fornecedores que possam trazer sua parceria, sua contribuição pra esse projeto; requer envolver as empresas do Sistema S, pra trazer todo o conhecimento pra que possa haver esse protagonismo social que tanto se espera desse tipo de projeto; requer a participação de universidades, com todo o conhecimento que possam trazer, e os projetos de engajamento que a companhia tem, pra poder manter uma comunicação constante, fluida, com as comunidades. Que isso possa ser uma forma de eles reconhecerem valor em todo esse processo e ter a atitude positiva de transformar essa oportunidade em uma realidade de atividade sustentável.
Acho que é um experiência que se mostrou extremamente positiva, mas que requer todo esse conjunto de atividades concorrendo de forma simultânea para que o sucesso possa ser atingido.
P/1 - Como o senhor falou, a vila já entrou em processo de emancipação, mas mesmo assim a Eneva está bastante presente aqui, não é? Ainda continua fazendo ações?
R - Sem dúvida. Tudo nasceu com esse objetivo, de fazer desse movimento um movimento de sucesso. Embora tenha havido a emancipação, o que muito nos alegra - quer dizer, a atividade se tornou sustentável ao longo do tempo - isso não significa que não estamos acompanhando e dando todo o apoio que ainda possa ser importante para abrir portas.
Hoje, o polo agrícola fornece seus produtos de forma regular. O polo se tornou uma grife, acima de tudo. Embora seja sustentável, a gente está sempre buscando acompanhar e dar qualquer apoio que ainda possa ser importante pra que o crescimento do polo como um todo possa não ter limites. Isso é o que a gente sempre busca acompanhar, pra efeito de eternizar esse momento.
P/1 - Tenho só mais duas perguntas. A penúltima é: o que o senhor acha, até pelo que nós percebemos nesses dias aqui, dessa modernização da agricultura? As comunidades aqui vieram de culturas agrícolas bastante rudimentares e agora parece que estão com o que há de mais moderno em tecnologia, na vanguarda de produção. Isso também foi pensado pela Eneva?
R - Nosso compromisso com os benefícios sociais, culturais, também os ambientais, desde o começo do projeto visou a sustentabilidade e o manejo orgânico das culturas. Hoje a gente entende que o sucesso desse empreendimento está fortemente associado ao fato de ser um projeto agroecológico, com manejos sustentáveis o que diferencia bastante os produtos do polo agrícola. Tanto é que essa atividade tem sido premiada de forma recorrente por vários organismos locais, estaduais, bem como nacionais. E esse selo de produto verde, orgânico, certamente é parte de um sucesso inequívoco desse projeto. Desde o começo, ele se mostrou receptivo e aberto a sair do manejo rudimentar pra essa prática muito vinculada à parte orgânica e sustentável. Acho que isso é inevitavelmente parte do processo que trouxe o sucesso do empreendimento como um todo.
P/1 - A última pergunta tem duas partes. Primeiramente, gostaria de perguntar para o senhor o que espera, deseja, planeja para daqui a uns dez, vinte anos pra Vila Canaã. O que o senhor quer ver aqui e nas outras plantas e comunidades que vão ser tocadas pelos projetos da Eneva?
R - O compromisso da nossa companhia em de fato trazer um impacto social, ambiental e cultural nas regiões onde investimos, onde estamos crescendo.
Naturalmente, a base está feita. É o que nós estamos vendo aqui hoje, algum tempo mais tarde: um projeto extremamente positivo, de sucesso, sustentável.
As novas gerações já estão chegando e estão se engajando nessa atividade, entendendo que ela deve ser o seu meio de vida, seu meio de renda, seu emprego. O que a gente de fato espera é ver o crescimento, que a associação [de moradores] continue esse trabalho de entendimento, de tomar decisões conjuntas, num espírito de colaboração mútua, de equipe, e que esse projeto possa crescer, alçar outros meios de suprimento, outras fontes de fornecimento das mercadorias, de forma que a gente possa ver isso tudo se potencializar, se tornar uma espiral positiva pra que possa ser alvo de objetivo das gerações vindouras.
A gente espera é que esse projeto possa ser replicado nos outros investimentos da companhia. Como eu sempre digo, a companhia se autodesafiou a crescer de forma acelerada e projetos de novas plantas estão em curso, certamente virão. Tudo que a gente espera é pode trazer o exemplo da Vila Canaã, do polo agrícola pra ser multiplicado em todos esses outros projetos que a gente vai certamente desenvolver.
É motivo de muita alegria, de muito orgulho, que nos faz transformar esse resultado positivo em algo a ser perpetuado e aprimorado - se é que é possível esse aprimoramento, diante de tanto sucesso que vem sendo atribuído a esse projeto.
P/1 - Muito obrigado pela fala.
R - Eu que agradeço pela oportunidade de dar um pouco do meu depoimento e da minha gratidão de participar desse projeto de tamanho sucesso.
P/1 - Obrigado, Sérgio.
R - Obrigado.
Rosaria Braga da Silva
por Museu da Pessoa
Neuza Guerreiro de Carvalho
por Museu da Pessoa
Zuca (José Joaquim Neto)
por Museu da Pessoa
Suely Mascarenhas
por Suely Mascarenhas
Luan Luando
por Museu da Pessoa
Telines Basílio do Nascimento Junior
por Museu da Pessoa
Museu da Pessoa está licenciado com uma Licença
Creative Commons - Atribuição-Não Comercial - Compartilha Igual 4.0 Internacional