Nascimento no distrito Guarda-Mor, atual Jurupeba, no município Palestina- SP. Os avós, pioneiros no “desbravamento” do noroeste paulista. Aberruda da fazenda nas matas do “Sertão Bravo”. As adversidades na Boca do Sertão, maleita e malária. Na época, as vilas cresciam no trajeto da Ferrovia Noroeste do Brasil. As famílias numerosas de fé protestante para o sertão bravio.. O plantio de café e algodão, e a rigidez moral da fé protestante e conservadora. A busca de melhoria de vida e garantia de estudos, mudança para São José do Rio Preto. O início do bairro Boa Vista, tradicional na cidade, próximo ao Rio Borá. A ferrovia e o progresso ao redor. Com os esforços dos pais, pode formar-se Contador e posteriormente, cursar economia. Sociedade na Casa São Paulo. A Agrometal.
O pulo do gato!
História de Daniel Ferreira de Freitas
Autor: Museu da Pessoa
Publicado em 10/07/2021 por Ana Eliza Barreiro
Projeto Memórias do Comércio de São José do Rio Preto 2020-2021
Entrevista de Daniel Freitas
Entrevistado por Cláudia Leonor e Luís Paulo Domingues
São José do Rio Preto, 5 de abril de 2021
Entrevista MCHV_061
Transcrita por Selma Paiva
Conferida por Ana Eliza Barreiro
(00:33) P1 – O nome da empresa do senhor, qual é mesmo? Só pra eu marcar.
R1 – Agrometal. Se você quiser a razão completa, é Agrometal Comercial de Ferragens Ltda.
(00:49) P1 – Legal. Mas é só pra eu já saber, de antemão, aqui. Foi marcado de última hora, né?
R1 – Sim.
(00:58) P1 – Então, pra começar, ‘seu’ Daniel, eu gostaria que o senhor falasse o seu nome completo, a data de nascimento e o local que o senhor nasceu.
R1 – Sim. Meu nome é Daniel Ferreira de Freitas, eu nasci em Palestina, um município aqui ao lado de São José do Rio Preto. Na verdade, nasci num distrito ao lado, que se chamava, na época, Guarda-Mor e hoje chama-se Jurupeba. E eu nasci em 15 de novembro de 1939.
(01:35) P1 – Muito bom! E qual o nome do seu pai e da sua mãe?
R1 – João Batista Ferreira e Elidia de Freitas Batista.
(01:47) P1 – Sim. E o senhor teve contato com seus avós também, quando criança?
R1 – Tive. Bastante contato. Tanto materno, quanto paterno.
(01:57) P1 – E qual era o nome deles? Qual que é o nome deles?
R1 – O paterno era Manoel Antônio Ferreira. E o materno era Daniel Antônio de Freitas.
(02:10) P1 – Sei. E as suas avós?
R1 – As avós, materna, Dona Manoela Maria de Freitas e a paterna era Augusta Ferreira Pinto.
(02:25) P1 – Legal. E eles moravam também nesse distrito, perto de...
R1 – Não. O meu avô paterno morava em Bebedouro e depois ele fez uma caravana, uma odisseia verdadeiramente e foi com a família pra Noroeste do Brasil, uma cidadezinha onde estava chegando a ferrovia Noroeste do Brasil. E ali ele fez a abertura de uma fazenda, no meio dos índios e no meio de todas as adversidades da época: maleita, malária etc e tal. O meu avô materno é paulistano, era funcionário do Correio aí em São Paulo, ganhou um dinheirinho e tinha uns parentes que tinham, já, adentrado pelo sertão. Na época araraquarense era sertão bravo. E aí ele comprou um pedaço de terra ao lado de Rio Preto, num distrito que chamava Borboleta na época, hoje se chama Bady Bassitt e ali ele fez a abertura da mata e plantou café, foi cafeicultor por muito tempo, um dos melhores produtores de café daquela região ali e ali ele criou 12 filhos e o paterno criou dez filhos. Famílias numerosas. E o meu pai era o filho caçula do meu vô Manoel e minha mãe era a quarta filha ou quinta, de um número de dez. E também foi criada ali, na região de Bady Bassitt. Casaram-se e foram abrir sertão nessa região de Palestina aí: derrubar mata e plantar algodão, café, enfim, fazer sua agricultura ali. E foi onde eu nasci.
(04:36) P1 – Sim. E o senhor teve contato com essas propriedades? O senhor cresceu nelas ou ia lá?
R1 – Eu saí de Palestina aos meus seis anos e vim pra São José do Rio Preto, onde permaneço até hoje.
(04:50) P1 – Sim. Mas o senhor lembra da propriedade?
R1 – Sim. Muito vagamente, né, mas era uma região, assim, de agricultura total, pouca pecuária, mais era roça, né, de plantio de grãos de café e a chegada em Rio Preto eu tinha seis anos. Então, até os seis anos, aquela vida de garotinho da roça: pé no chão, morando numa casa muito simples, muito humilde e aí meu pai resolveu mudar-se pra Rio Preto, porque ele tinha uma preocupação: naquela região não tinha escola e ele queria escola pros filhos dele. Nós somos em três filhos, eu sou o do meio. E eu estava com seis anos, meu irmão com sete pra oito e sem escola e aí ele veio pra Rio Preto, pra dar oportunidade que a gente estudasse. E foi o maior investimento da vida dele.
(05:56) P1 – Sim, claro. E, ‘seu’ Daniel, o senhor sabe como seu pai conheceu sua mãe?
R1 – Sim, está no meu livro. Você quer ler? (risos)
(06:08) P1 – (risos) Quero.
R1 – Mas é o seguinte: o meu avô Manoel vendeu a fazenda que ele tinha lá em Avanhandava, na margem do Tietê e veio pra Bady Basitt, pra Borboleta, onde morava, a região do meu avô Daniel e comprou uma fazenda ao lado do sítio de cafezal do meu avô Daniel e ali ele trouxe a família dele, já tinha alguns casados, mais velhos e tal e meu pai, como era o caçula, estava solteiro e ali ele conheceu a filha do meu avô Daniel, a minha mãezinha querida, onde se casaram, em 1936. A história dessa união, digamos assim, dos meus pais, remonta muito porque eu sou bisneto de presbiterianos. Então, meu avô era presbiteriano, tanto materno, quanto paterno. Então, houve uma aproximação aí, pelo fato deles serem da mesma religião. E aí foi nessa oportunidade aí que o meu avô Daniel tinha, na residência dele, no sítio dele, uma congregação onde, aos domingos, não só reunia os filhos do meu avô Manoel, mas como também de outros parentes que estavam ali pela região. E era importante que o protestante daquela época era muito conservador, muito ortodoxo e presbiteriano tinha que casar com presbiteriana, aquela coisa toda. E foi aí que deu certo a união entre meu pai e minha mãe e foi uma coisa, assim, que eu tenho certeza que foi de muito amor, porque eu acompanhei, um casal muito amoroso, muito unido, muito carinhoso com os três filhos, soube educar, deu uma boa educação, rigoroso quando foi preciso ser, bondoso quando precisou ser e foram, até que eles mudaram pra Rio Preto e Rio Preto, a primeira igreja presbiteriana independente de Rio Preto, tem mais de cem anos. Então, isso aí fez com que houvesse uma harmonia muito grande entre os meus pais, meus avós e assim por diante.
(08:51) P1 – Muito bom! E aí vocês foram moram em Rio Preto e vocês foram pra qual bairro?
R1 – O bairro da Boa Vista, que era periferia na época, incialmente numa casinha alugada, depois foi passo a passo: comprou um terreninho mais na periferia ainda e lá construiu a casinha, como a gente vê acontecer hoje na periferia de todas as grandes cidades e ali ele foi devagar, meu pai, minha mãe, a família toda unida, eu comecei a trabalhar com carteira registrada, com autorização do Juizado de Menores, aos 12 anos. No meu livro tem a foto da ficha. Fui registrado na White Martins, como office boy. E era importante a participação, tanto minha, quanto do meu irmão, principalmente, porque a renda familiar... meu pai era motorista, trabalhava na Santa Casa e ganhava um salário pequeno, na época. Então, fez com que reunisse força, construísse a casinha e prosperasse na vida, ao lado de tudo isso, trabalhando, estudando e crescendo, prosperando na vida, né? Eu posso dizer pra você o seguinte: que eu nasci comerciante porque, aos meus nove anos de idade, eu já saía pela periferia onde eu morava, tinha ao lado algumas chácaras que sempre tinham frutas: tinha abacaxi, laranja, mandioca, coisa. Eu tinha um carrinho de duas rodas que eu puxava, eu ia nessas chácaras, comprava o produto e ia de porta em porta, oferecendo. E tirando o meu lucrinho. Isso eu fiz até arrumar o primeiro emprego. Foi na White Martins, depois.
(10:52) P2 – Como que o senhor teve a ideia de começar a fazer essa venda, ‘seu’ Daniel?
R1 – Isso aí, digamos assim, veio de família. A minha mãe era, assim, uma comerciante, também, fantástica. Ela tinha as coisinhas dela, mas nada era dela. Era tudo de venda. (risos) Ela tinha um jardim bonito, muitas plantas e tudo o mais, mas não era pra exibir, não. A pessoa ia lá, gostava, ela vendia. (risos) Então, eu herdei dela esse veio aí, foi muito importante na minha vida de ser empreendedor, de comprar e vender, principalmente, né? E isso foi muito marcante, no início de vida, principalmente.
(11:45) P1 – Legal. ‘Seu’ Daniel, e o que o senhor lembra da sua infância, no seu bairro, lá? Como ele era? Porque a gente andou por Rio Preto nesses últimos tempos, antes da pandemia, é uma baita de uma cidade, né? Mas naquela época devia ser muito diferente, então o que o senhor lembra?
R1 – Sim. Precisa dentro*(12:03); mais ou menos uma situação geográfica, pra você se situar dentro da vida da cidade de Rio Preto, na época: Rio Preto tinha a ilha central, onde era o comércio intenso e a cidade foi fundada entre dois vales, o Vale do Rio Borá e o Vale do Rio Canela. No Rio Borá ficava o bairro da Boa Vista. O Canela, acima, era Ercília e o Rio Preto, ao fundo, que era o que recebia esses dois afluentes, tinha a Vila Maceno e Vila Anchieta. E aí, em torno disso daí, a cidade se desenvolveu e cresceu, sabendo que, no cruzamento ali, mais ou menos ao centro da idade, passava a ferrovia que, inicialmente, era o ponto final, o fim da linha, como dizia antigamente. E depois ela se estendeu, foi passando pra Votuporanga, Fernandópolis, Jales, até a barranca do Rio Paraná. E a Boa Vista era um bairro importante, porque nela ficava o único hospital da cidade, a Santa Casa. E tinha apenas duas ruas ou três, talvez. Não, quatro ruas, que iam até o Centro da cidade. E a passagem sobre o Rio Borá, uma parte era ponte, passava carroça, passava até o caminhãozinho do gado e outra parte eram as famosas pinguelas, que era só pra passagem do pedestre. E o bairro não tinha asfalto, a luz demorou um pouco pra chegar, água encanada muito precária e aquilo de cidade pioneira, de cidade em desenvolvimento, com as suas necessidades relativas à época. Hoje você constrói na nossa cidade, em bairros populares aí, mas já tem esgoto tratado, tem água, tem luz, tem asfalto, tem tudo. Naquela época nós não tínhamos nada disso. Era, assim, mesmo, muito na raça. Mas tudo é relativo à época e a vida, nessa época, era boa. A gente vivia feliz também. Não é porque não tinha essa modernidade de hoje que nós tivéssemos carência. Não tínhamos. E o bairro da Boa Vista, além da Santa Casa, tinha a única rádio da cidade, que era Boa Vista também e a escola é o Instituto de Educação Monsenhor Gonçalves, que era o colégio da cidade, o primeiro colégio da cidade. E, além disso, tinha uma praça, com uma igreja, que era da Nossa Senhora da Aparecida e depois construiu-se a atual catedral, que é a Basílica Menor de Nossa Senhora da Aparecida e aí a cidade foi crescendo e o bairro também foi se desenvolvendo e a casa dos meus pais, que era de periferia, (risos) acabou ficando num bairro muito bom, bem próximo do Centro.
(15:17) P1 – Certo. Hoje é quase Centro. Quando eu andei por lá, eu fui na igreja e tudo, eu fui a pé, é muito perto.
R1 – Não, é próximo, sim, é bem próximo.
(15:30) P1 – Nessa época que o senhor era criança, ali nesse bairro então era meio fora, né, da cidade? E o que o senhor fazia? O senhor brincava do que, na rua? O senhor chegou a nadar no rio, que hoje está com a avenida passando em cima? Como que foi?
R1 – Fazia... eu tinha algumas limitações, pelo fato de ser protestante, crente na época, que é o cara que não jogava futebol, não bebia, não dançava, não, não, não, não, não, né? Então, eu não tinha, assim, uma vida tão intensa, como a molecadinha da época, mas eu tinha uma vida de comerciante. Então, eu ia pro grupo escolar (risos) pra comercializar as coisas, eu vendia papagaio, fabricava meus papagaios, minhas pipas, levava pra vender na escola, pegava e comprava uma figurinha difícil dos álbuns que colecionava na época e levava essa figurinha pra atiçar a vontade da molecada, pra pegar aquela figurinha e fazia tipo um leilão e trocava. Às vezes eu cheguei a trocar quase que o álbum inteiro por uma figurinha difícil. Aí eu pegava essas figurinhas baratas, que eram mais repetidas e vendia também, sabe? E tudo virava dinheiro. (risos)
(17:04) P1 – A ascendência do senhor, Freitas, é portuguesa?
R1 – Sim, é lusitana. Lado a lado, mas não tão próximo assim. Olha, pra falar: “Meu pai era português ou meu avô”. Meu avô paterno era filho de portugueses. A minha avó paterna também acho que era neta, se eu não me engano, de portugueses. Já do lado do materno era bem mais distante. A minha vó Manoela era uma mineirinha, assim, bem mistura de negro, índio e portugueses, com certeza.
(17:50) P1 – Eu perguntei por que talvez tivesse alguma ponte com aquela imigração judaica, que é bem comerciante, o judeu.
R1 - Você sabe que os presbiterianos têm muito de judeu, porque o que eles estudam o Velho Testamento, é uma loucura! A começar do meu nome, Daniel, que é o nome do profeta. O meu irmão é Jessé, que é outro nome bíblico também. (risos) Então, tem muito a ver, tem muita identificação. Embora de sangue, de DNA, não tem nada a ver.
(18:30) P1 – Certo. Viu, ‘seu’ Daniel, o senhor lembra dos passeios que o senhor fazia quando era criança, com seu pai e com a sua mãe, até o Centro da cidade? Como é que era aquele Centro? Ele era diferente?
R1 – Religiosamente, todos os domingos, era dedicado à igreja. A gente ia de manhã na escola dominical, à tarde no estudo bíblico e à noite no culto. Então, era o programa dos crentes da época isso daí. E, no mais, era trabalho. Não tinha brincadeira, não. A vida era séria.
(19:08) P1 – Certo.
(19:09) P2 – (risos) ‘Seu’ Daniel, o que diferencia a igreja presbiteriana da igreja católica, pra gente, que não conhece? Como o senhor definiria essa diferença?
R1 – Olha, basicamente, é o seguinte: o fundamento é cristão. Jesus, tá? Não tem, assim, grandes diferenças, a não ser que lá, Lutero, Calvino, quando fizeram a Reforma e tal, se desligaram da igreja mãe, Roma, o papa e formaram o seu presbitério, a sua administração religiosa, com pastores, com bispos etc e tal, mas não tem... basicamente, as diferenças estão nos rituais, principalmente. O protestante não tem imagem dentro das igrejas; não tem, pouca coisa, assim, tipo Primeira Comunhão, essas coisas, mas ele tem batismo, como as outras igrejas têm também, ele tem uma profissão de fé, que é quando você fica adulto e vai lá e professa que você vai seguir aquela religião. E coisas desse tipo. Mas basicamente não é... você não pode comparar, por exemplo, um presbiteriano ou um católico, de um espírita, porque aí é completamente diferente.
(20:38) P2 – Sim. E, assim, tinha encontros, acampamentos? Aqui em Bauru é muito comum, o pessoal participou muito de encontros, de acampamentos de final de semana, uma turma jovem, era uma convivência muito intensa aqui, da igreja presbiteriana.
R – Continua tendo do mesmo jeito o que tinha naquela época, a mesma coisa. Carnaval era retiro espiritual, geralmente numa fazenda, num sítio e tinha os piqueniques, as reuniões sociais também, entre jovens e tal e, na verdade, era uma maneira, digamos assim, de trazer o rebanho, (risos) vamos chamar assim, (risos) unido, né? E formando um...
(21:28) P2 – É uma atividade, né?
R1 - ... clã, né? Então, vai casando com outro protestante, com outro, com outro, com outro e a coisa vai se perpetuando.
(21:37) P2 – É. E uma atividade muito intensa, social, né?
R1 – É, tem. Tem, sim. Tem bastante. É.
(21:47) P1 – ‘Seu’ Daniel, na escola, além do seu tino comercial, que já está revelando (21:54), quais as matérias que você mais gostava, assim? Você ia mais pro lado da Exatas, das Humanas...
R1 – Não, sempre exatas. Sempre. Aí, eu terminando o colégio, que já fiz Comercial Básico, que tinha, na época, valia pelo ginásio padrão, né? E em seguida eu fui fazer o curso técnico de Contabilidade. Fui virar contador. Eu fui contador, efetivamente exerci a profissão. E é interessante (risos) que eu trabalhava na White Martins, num escritório, cheguei a ser chefe do escritório com 17, 18 anos, por aí. E eu terminava meu trabalho na parte burocrática da Contabilidade, dos afazeres, dos controles e eu ia pro departamento de Vendas. Aí chegou um dia, devia estar faltando um ou dois anos pra terminar o curso de Contabilidade, o gerente me chamou e falou assim: “Olha, aposentou um vendedor aí que tem uma região muito boa e tudo o mais, eu vou dar essa região, você vai ser vendedor, você vai trabalhar aí nessa região. Você quer?” Nossa! Eu falei assim: “Eu quero na hora, não tem o que ver”. (risos) Mas ainda me reportava aos meus pais. Fui falar com meu pai, meu pai tinha um grande amigo dele na Santa Casa, que era o provedor de toda a Oscar Dória e ele era inspetor federal de ensino também: “Meu filho está entre ser contador e ser vendedor”. O médico falou: “Não, tem que ser contador e não vendedor”. Aí meu pai falou assim: “Olha, volta lá, agradeça o seu gerente e você vai ser contador. (risos) Você não vai ser vendedor”. Adivinha a minha tristeza! (risos) Aí aconteceu que eu deixei a White Martins e fui trabalhar num escritório de contabilidade, pra ser contador. E um ano antes de me formar, eu já tinha assumido o escritório de uma empresa e era uma empresa de um ramo que eu tenho até hoje e aí, dessa empresa, eu podia fazer as duas coisas: era contador, mas também era praticamente o gerente comercial. O cara que ditava as ordens, as políticas, os objetivos e tudo o mais. E aí esse veio forte despertou violentamente. Até eu ter a oportunidade de ter a minha primeira empresa.
(24:32) P1 – Sim. E como você avalia que foi essa sua evolução, assim? Porque eu acredito que na White Martins o senhor já tinha um bom salário, né, no final, quando o senhor já estava...
R1 – Sim.
(24:46) P1 – Aí, depois, foi pra um salário maior ainda, nessa segunda empresa e entendi* (24:53) que o senhor começou, mesmo, no caminho certo? Foi quando abriu sua primeira empresa ou nessa segunda, que o senhor falou? Como o senhor avalia isso?
R1 – Não. A avaliação foi a seguinte: foi uma decisão corajosa porque, sabendo que eu teria que ser contador e ser um bom contador, porque é uma coisa que marcou a minha vida inteira. Eu não faço nada pelas metades, eu faço tudo muito bem-feito. É a minha marca, sabe? Tanto é que o meu livro, que está aqui, ó, é: Fazendo Certo, Dá Certo. Então, eu deixei de ganhar, digamos, cem na White Martins, pra ganhar cinquenta, sessenta, no escritório de contabilidade. Só que, em pouco tempo nesse escritório, surgiu a oportunidade de eu ser contador já de uma empresa que era desse escritório, que é a empresa que era do ramo que eu estou nele até hoje. E aí que está o ‘pulo do gato’: eu perdi, pra ganhar lá na frente. Porque, quando eu já fui assumir como contador, apesar de eu não estar totalmente formado, faltava um ano de curso técnico, eu já tinha salário de contador. Era outra história. Uma remuneração boa. Que, depois, alavancou a minha vida. Eu pude, depois, fazer a faculdade de Economia, um ano depois, em 1962, eu fui convidado pelo Senac pra ser professor de Contabilidade e aí, então, eu estava fazendo tudo que eu gostava na vida, porque o Senac abriu o horizonte. As férias de julho inteirinha a gente passava em São Paulo, fazendo treinamento e geralmente era na área... hoje o Marketing, mas na época era comércio. O Senac, o próprio nome, final, é comércio, né? E ali realmente foi mais valioso, praticamente, que o meu curso de Economia, foi muito bom. E aí fez com que alavancasse a vida, né? Foi um salto, meu ‘pulo do gato’ mesmo e o segundo ‘pulo do gato’ foi quando eu montei a minha primeira empresa. Eu fiquei oito anos trabalhando em contabilidade, eu tinha vários clientes, eu dava consultoria, eu fazia projeto de viabilidade econômica, tudo na área, né? Eu tinha uns sessenta, setenta clientes no meu escritório, dentro de uma Rio Preto que tinha aí oitenta, noventa mil habitantes. Então, aí é que, realmente, surgiu a oportunidade de que um cliente meu pediu um estudo de viabilidade de uma empresa, eu fiz o estudo, apresentei pra ele e ele vinha de uma empresa do ramo e estava comprando uma empresa do ramo que tinha trinta anos, 28, 29 anos, quase trinta anos de comércio, em Rio Preto. Chamava-se Casa São Paulo. E aí, então, ele queria comprar essa empresa que, aos trinta anos, já estava bem decadente, não foi feita a sucessão familiar, estava bem... e aí eu fiz todos os estudos, apresentei pra esse cliente e ofereci a solução. Aí, no final, ele estudou e tal e falou assim: “Eu não vou comprar, porque a empresa está quebrada”, mas só que eu ensinei pra ele como ele ia fazer pra recuperar a empresa. Aí, isso foi numa reunião de manhã, no meu escritório, quando foi à noite ele foi lá na minha casa, eu era recém-casado, a Amelinha, minha esposa, estava esperando a nossa primogênita, que nasceu em maio e ele foi em fevereiro, janeiro ou fevereiro de 1968. E aí ele foi em casa e falou assim: “Se eu não falar com você, eu não vou conseguir dormir. É o seguinte: eu quero fazer o negócio de comprar a Casa São Paulo, mas eu quero que você realize o projeto, efetive o projeto que você propôs”. Eu falei: “De que jeito?” Ele falou: “Não, você vai ser meu sócio”. Falei: “Seu sócio?” Eu tinha uma casa, que eu acabei de construir, pra casar, financiada na Caixa Econômica; um fusquinha 1960 e nós estávamos em 1968, né? (risos) E aí nós montamos uma estratégia de que eu teria que chamar os credores, que era um projeto meu, negociar com os credores, ele tinha o capital, aí ele investiria o capital e, com o lucro, eu pagaria os credores, no acerto que ficou pra trás, certo? E assim foi feito. Eu chamei os credores, falei: “Está aqui, ele é do ramo, conhece, vocês conhecem e tudo o mais e tem dinheiro pra investir e, com o lucro, eu como sócio dele, vou te pagar”. Eu cheguei a negociar dívida que essa empresa tinha por quatro, cinco anos pra pagar. Cobrava-se apenas os juros e não tinha correção monetária. Mas tinha inflação, já. Dois anos depois de efetivado tudo, de ter assumido e ter tocado a empresa, eu tinha pagado todas as dívidas e já estava sobrando dinheiro. E a empresa sempre crescendo, sempre desenvolvendo. Essa empresa tinha um patrimônio valiosíssimo, que ela tinha uma tradição na cidade. E ela vendia pro sertão. Até Mato Grosso, que estava em abertura na época e tudo o mais. E nós herdamos essa riqueza. Isso fez com que a gente desse a maior alavancada da nossa vida, foi o segundo ‘pulo do gato’.
(31:10) P1 – Certo. E ficou chamando São Paulo ou vocês mudaram de nome?
R1 – Não. Nós permanecemos por quase 15 anos, 14 anos e pouco, como Casa São Paulo, na sociedade, eu e esse ex-sócio e aí, depois, eu saí da sociedade, em 1982. Ele continuou com a empresa e eu fundei a Agrometal. Aí entram uns meandros, eu não sei, a gente tem que entrar neles, se te interessa, eu te conto.
(31:46) P1 – Sim, interessa, mas antes disso, quando o senhor foi fundar, refundar a Casa São Paulo, o senhor disse que o senhor estava bem pra ter sua primeira filha, né?
R1 – Sim.
(32:00) P1 – E como o senhor conheceu sua esposa? O senhor estava na faculdade? Já tinha terminado? Como foi?
R1 – Não. A Amelinha, nós começamos a namorar, eu a conheci na escola Senac. Ela estava no primeiro ano de Pedagogia da faculdade de Filosofia de Rio Preto, que hoje é Unesp. Ela fazia o primeiro ano. Tinha feito o curso normal e ela foi conhecer, com algumas coleguinhas, o Senac. E chegou lá e conheceu o professor do Senac. (risos) E aí aconteceu uma coisa muito importante na nossa vida: é que nós sempre estivemos muito unidos, muito juntos em tudo e tudo que a gente tem hoje foi conquistado a dois, sempre a dois. Pra você ter uma ideia, esses dois anos de pagar dívida da empresa que nós assumimos, eu não tinha direito a fazer uma retirada da empresa, mas a Amelinha já estava, em 1968... quando ela se formou? 1968, 1964, 1967 ela estava formada, já. E já tinha, na época, o professor da Secretaria da Educação do estado de São Paulo ganhava bem, muito bem, era um salário significativo e nós ficamos, durante dois anos, vivendo com o salário dela e tocando a empresa. E a empresa crescendo. Tudo que se ganhava, reinvestia. E a empresa cresceu muito. Pra você ter uma ideia, em 1974, quatro anos depois... 1968, não, 1972, quatro anos depois, nós estávamos com tudo pago, tudo em ordem, a empresa já tinha uma bela frota de carro, de vendedores externos e tudo o mais e aí nós já iniciávamos o processo de ter a sede própria: comprar o terreno, construir a sede e isso foi feito. E aí nós montamos a segunda loja, a terceira loja e mais um depósito. Nós tínhamos três lojas e um depósito. Quando eu saí da sociedade a empresa tinha isso e mais uma outra empresa de mineração, que eu fundei depois, em sociedade, mantendo essa sociedade e que também ia muito bem. Só sucesso. Só crescimento.
(34:36) P1 – Que legal! Muito bom! E vendia produtos agrícolas, material agrícola pra...
R1 – Não apenas. É interessante. Nós tínhamos vários segmentos. Um dos segmentos era esse: região agrícola, que precisa de insumos, de implementos, de ferramentas e tudo o mais. Mas nós tínhamos um outro segmento, que era de máquinas, que nós herdamos da Casa São Paulo, que vem lá de trás. E que vendia motores estacionários, que na época não tinha energia elétrica na região e era tudo motorizado. Motores estacionários, geradores. Nós vendíamos muitas máquinas de beneficiamento de arroz, de café, de feijão. Serrarias. A abertura da marcha do oeste aí, que tinha muita madeira, o pessoal precisava montar muitas serrarias, nós montávamos, nós vendíamos também serrarias. E vendíamos toda a gama de acessórios necessários para manutenção desses motores, dessas máquinas: rolamentos, correias, graxa, enfim, uma infinidade de produtos. Nós chegávamos a ter, uma época aí, cerca de uns trinta, quarenta mil itens. Então, voltado pra construção civil, nós tínhamos praticamente pouca coisa. Era mais no agronegócio em si e no início da industrialização da região. E a gente procurou desenvolver um outro departamento, que era de irrigação, no qual a gente vendia principalmente os equipamentos hidráulicos: bombas, principalmente bombas hidráulicas. E os reservatórios que depois nós montamos uma fábrica, aí já eu sozinho, de fabricar os reservatórios pra armazenamento de água, também na gama dessa esteira aí. Era muito grande.
(36:46) P1 – Sim. O senhor estava no lugar certo, na hora certa, com o negócio certo, porque estava abrindo o sertão...
R1 – Sim, mas era o homem certo também.
(36:58) P1 – Sim. (risos) ‘Seu’ Daniel, como é que foi esse outro ‘pulo do gato’? O senhor saiu da Casa São Paulo e foi fazer seu negócio sozinho. Por que o senhor resolveu fazer isso, se já estava dando tão certo?
R1 – Olha, primeiro eu tenho que destacar aqui o seguinte: eu incentivo qualquer jovem empreendedor ou mesmo qualquer empreendedor, a fazer sociedade. Eu acho que a sociedade, quando é bem estruturada, é uma junção de partes que se completam e faz com que você consiga alcançar objetivos com sucesso. Então, essa sociedade que eu tive foi por esse caminho aí. Ela era muito equilibrada, nós éramos muito diferentes, ele era muito trabalhador e um bom comerciante também, bom vendedor, entendeu? E aí, a saída da sociedade foi meramente porque, primeiro que até hoje eu tenho uma consideração por essa pessoa - já é falecida - muito grande. Muito respeito, muita consideração, porque ele deu oportunidade e eu peguei e fiz jus a essa oportunidade. Aí o que houve foi que ele tinha apenas duas filhas, ele não teve filho. Aquela questão da sucessão, né? Aí a filha casou-se e ele queria dar oportunidade pro genro. E o genro, jovem, tal e eu achava que não daria certo, prejudicaria a harmonia da sociedade. E aí ele falou uma vez, falou duas, falou três, porque estava pressionado pela família, com certeza, pela filha, pela esposa e aí eu disse pra ele: “Olha, eu acho o seguinte: eu não posso te atrapalhar. Eu saio e você continua. Tudo que nós temos é 50% pra cada um, é só fazer a avaliação de tudo e dividir”. Aí ele impôs umas condições e falou assim: “Eu não quero abrir mão do nome, da estrutura administrativa que nós temos e da loja nova”, que nós tínhamos acabado de construir, em prédio próprio. “Tá bom. Me dê o preço, você fica”. E foi feito e aí eu saí com duas lojas que eram filiais, em prédios alugados, saí com bastante capital, ele teve que repor e ele sabia disso, que nós seríamos concorrentes. E assim foi feito. Eu fundei a Agrometal, que a Agrometal já era um embriãozinho da fábrica de caixas de água e aí eu consegui dar foco nesse ramo, onde nós ficamos por cerca de trinta anos, com a metalúrgica. Na metalúrgica nós construímos o reservatório de água no Brasil inteiro. Principalmente pra Sabesp, pra Sanepar, pros órgãos de saneamento todos, foram nossos clientes. E o tempo passou e o ramo foi ficando muito competitivo, muita concorrência e mais os problemas trabalhistas, o PT assumiu e nós tínhamos, no ramo metalúrgico, a força sindical em cima de nós muito brava, muito forte, muito injusta e acabamos fechando a metalúrgica depois. Mas então, lá no princípio, o Agrometal era da metalúrgica. E nós usamos pras lojas depois. Aí, nós tivemos três lojas na cidade também, depois reunimos onde temos a sede hoje, numa loja só, pra facilitar a administração, depois abrimos Marília, nós temos uma loja igual a de Rio Preto em Marília, mas hoje, onde era a metalúrgica, nós temos praticamente uma outra empresa, que é de importação de produtos siderúrgicos voltados pro agronegócio. E também serve como apoio pras lojas, num centro de distribuição. E aí esse recomeço foi difícil, porque eu tinha montado a Casa São Paulo muito bem montada e (risos) você trabalhar contra o feitiço que você fez é muito difícil. (risos) Mas graças, deu certo, ele tocou a vida dele, eu toquei a minha e deu tudo certo. A partir da fundação da Agrometal, a Amelinha entrou como sócia e aí ela teve participação direta, porque ela já tinha abandonado o magistério, os filhos já estavam bem grandes, estudando fora. Nós temos três filhos. E aí ela pegou junto. E aí, ao invés de um sócio, eu tinha uma sócia, poderosa. (risos)
(42:23) P1 – ‘Seu’ Daniel, e demorou pro senhor perceber que esse passo que o senhor deu, deu certo? Porque o outro passo, da Casa São Paulo, demorou dois anos pro senhor começar a ganhar. E esse passo?
R1 – Sim. Esse foi no dia seguinte. (risos) Eu sabia que ia dar certo. (risos) Não demorou nada. (risos)
(42:47) P1 – Aí se especializou em que, a Agrometal?
R1 – Nós abrimos um segmento voltado pra construção, que nós não tínhamos. Então, esse segmento nós desenvolvemos e hoje, se você chegar na Tigre, por exemplo e perguntar assim: “No interior de São Paulo, quem é teu maior comprador?” Tirando a capital, tirando Campinas, o maior comprador da Tigre hoje somos nós, a nossa empresa. Então, aí voltamos entre hidráulica e elétrica, principalmente. Foram segmentos que nós desenvolvemos bastante e temos linhas bem completas. Hoje a gente tem o atendimento com um estoque de cabos elétricos que, no interior, quase, eu diria que poucos concorrentes teriam o que nós temos. A mesma coisa no hidráulica. E, com isso, nós desenvolvemos no atacado, que nós não tínhamos. Ao invés de nós abrirmos mais lojas, nós preferimos atender os nossos concorrentes. E que deu muito certo. Muito certo.
(44:01) P1 – Que bom! E a área agrícola, continua existindo?
R1 – Olha, o agronegócio sempre esteve presente, até no nome e o meu filho, que já me sucedeu, a maior bronca dele é esse nome. (risos) Porque, na verdade, nós somos muito... nós temos a presença do agronegócio, mas não é o nosso forte. O agronegócio é muito voltado, na nossa região, pra pecuária, vende sal mineral, vacina, produtos veterinários, insumos, adubos etc e tal. Nós não vendemos nada disso. Mas a gente tem um lado muito forte, que é o lado do produto siderúrgico. Os arames, principalmente. Nós importamos da China, há muito tempo nós já importamos. E com a marca própria, nossa, tem hoje uma presença bem forte no mercado.
(45:04) P1 – Que legal! ‘Seu’ Daniel, e essa experiência na indústria? O senhor falou, era uma indústria de caixas de água, tipo siderúrgica, né? Conta um pouco dessa experiência.
R1 – Sim. Então, olha, interessante, né? Você tem que analisar a vocação da região onde você está, pra você entender por que Rio Preto tem um comércio tão forte. Porque a vocação de Rio Preto é comércio e prestação de serviço. E nos idos de 1976, dez anos depois, até 1986, 1987, eu era da diretoria do Ciesp, regional de Rio Preto. Fui diretor. E fui presidente da Associação Comercial de Rio Preto também. E tinha criado, pelo prefeito da época, um departamento pro desenvolvimento industrial da cidade, chamava-se Prodei. Eu fui conselheiro durante os oito anos e fui presidente por dois anos desse Conselho, pra desenvolver a industrialização da cidade que não tem vocação industrial, é uma tarefa (risos) quase que impossível. Mas nós formamos os nossos distritos industriais, nós desenvolvemos aqui, nós temos escolas Senai, Sesi, Sesc, tudo aí de bom pelos Ss e aí nós verificamos o seguinte: que a maioria das indústrias fundadas na época que nós fundamos nossa metalúrgica, não sobreviveram. Ficaram muito poucas. Pouquíssimas. Então, ficou o Facchini, que está lá em Votuporanga; ficou uma Americanflex, que está aqui no nosso distrito industrial, onde nós tínhamos a nossa indústria, mas hoje, onde era a nossa indústria, é um centro de distribuição e ao nosso lado, no nosso distrito industrial, a maioria dos prédios são todos comerciais. Nós temos até um centro da moda lá, um shopping da moda, com essas lojinhas de confecções e tudo o mais. Então, nós, na atividade industrial, começamos bem, porque a gente tinha na mão o canal de distribuição, que eram as lojas. Mas, por outro lado, era um produto de baixa tecnologia. Você fazer uma caixa de água metálica, não precisa muita coisa. Com pouca ferramenta, pouco equipamento, você faz uma caixa de água metálica. E outra coisa que dificultou muito nesse ramo: a logística. Porque você faz um reservatório de cem mil metros cúbicos de água pra alguma prefeitura aí, pra transportar isso, você deve ter visto pelas rodovias aí da vida, é uma logística complicadíssima. Mais inteligente é que se fabrique no local, que tenha fábrica no local, que atenda aquela região. Foi o que acabou acontecendo. Foram abrindo fábricas, fábricas. Os nossos gerentes, os nossos chefes de equipe, cada um foi abrindo a sua pequena fábrica e foi crescendo e se desenvolvendo. Além disso, apesar da gente ter, assim, um trabalho bem-feito, bem-organizado e que a gente tinha muitos clientes, as grandes construtoras de São Paulo, os grandes departamentos de água, as prefeituras e tudo o mais, mas quando você punha um negócio perto do outro, você verificava que o comercial é que pesava mais. Que o comercial era muito mais atraente pro futuro e tudo o mais. Aí, mais as adversidades que foram acontecendo, principalmente essa questão sindical aí que nós já comentamos, mas eu fico feliz, nesse período que nós passamos, porque nós demos oportunidade pra muita gente humilde, que tenha vindo lá do mato, lá da roça e que não tenha formação nenhuma e começavam em nossas indústrias ali de auxiliar, de ajudante, de faxineiro e depois, nós chegamos, em convênio com o Senai, ter dentro da nossa fábrica, uma escola de solda, entende? Então, nós chegamos a ter uma escola de solda. Nós tivemos lá muitos cursos, em parceria com as escolas que estavam disponíveis. Até no Senai mesmo, através do Fiesp e Ciesp também. Então, acho que nós demos uma contribuição e estamos felizes com isso.
(50:40) P1 – Muito bom! E hoje, ‘seu’ Daniel, como é que está a estrutura da empresa? Quantos empregados vocês têm? Mais ou menos. Quantas lojas?
R1 – Olha, nós chegamos a ter, nos dois segmentos, quase quinhentos funcionários. Hoje nós temos menos da metade disso, porque vários fatores contribuíram. Isso não quer dizer que o nosso faturamento também caiu a metade. Não caiu, não. Pelo contrário, cresceu. É que a tecnologia trouxe muita otimização e isso é um trabalho que já não foi meu, é do meu filho e que deu bom resultado. Então, não chega a duzentos e cinquenta funcionários o grupo todo. E hoje a estrutura da empresa é familiar, em que nós constituímos uma holding, com a participação dos três filhos e dois filhos participam diretamente do negócio, a filha primogênita foi estudar em São Paulo e ficou morando em São Paulo, casou-se, o meu genro é médico e tem a clínica dele lá em São Paulo, é professor e fez uma carreira muito bonita e ela é formada em Psicologia. E o Fábio se formou em Administração de Empresas pela GV. A Simone é formada em Administração de Empresa pelo Mackenzie. O Fábio morou nos Estados Unidos pelo intercâmbio do Rotary, voltou de lá e entrou direto na GV e trabalhou dois anos, junto com o curso, numa financeira muito grande em São Paulo e depois os outros dois, três anos, até terminar o curso, ele trabalhou na Procter & Gamble, aí ele ficou na Procter mais dois ou três anos. Ele trabalhou cinco, seis anos na Procter & Gamble. Eu achava que eu não ia ter sucessor, porque empresa do porte da Procter, aí ele chegou a um ponto que viu que o meu gás devia estar um pouco mais baixo do que era antes, ele veio, fez um diagnóstico da empresa e assumiu a empresa. Hoje ele é o comandante. A Simone cuida das outras áreas de apoio com ele, se entendem muito bem. E eu e a Amelinha estamos, praticamente, no Conselho, né? E sempre que precisa, que é solicitado. E eu sempre fui fazendeiro. Quando eu fundei a Agrometal, eu já tinha fazenda e sou fazendeiro até hoje. E gosto do que eu faço.
(53:42) P1 – E é aí perto?
R1 – É pecuária e borracha, na região de Jales, ali, ao lado de Jales, tem um município ali que chama Palmeira D’Oeste. Então, eu cuido da fazenda e eu tenho as minhas atividades de Rotary, que eu gosto muito e tenho também a parte que eu gosto também, muito, de leitura, de escrever, estou sempre escrevendo alguma coisa e assim meus oitenta e dois anos chegará em novembro, já.
(54:21) P1 – Que bom! E o senhor resolveu escrever esse livro por quê? Assim, o senhor resolveu dar um resumo de todo seu empreendedorismo?
R1 – Olha, o livro eu vou encaminhar pra você e pra Cláudia, assim, com uma dedicatória, com muto carinho. É o seguinte: como você percebe, o que eu estou te contando eu estou saltando muita coisa, muitos detalhes, muitos pormenores, de uma maneira mais grosso modo, né? Eu sempre fui assediado pelo pessoal, principalmente aqui em Rio Preto, nós temos umas três editoras e todos meus amigos, companheiros de Rotary, inclusive, alguns deles. E eles sempre falaram assim: “Você tem uma história, vamos contar essa história, vamos escrever e tal e tal”. Agora como, graças a Deus, eu cheguei nessa idade e tal e como o período que eu passei pelo Senac, eu vivi assim, intensamente, a questão de você ensinar aquilo que você sabe, a importância de você ensinar o que você sabe, você poder... o conhecimento, a importância do conhecimento. Aí eu falei assim: “Bom”. Aí o Zanetti, que é o jornalista que é o editor do meu livro: “Vamos aproveitar” - estava começando a pandemia – “vamos escrever esse livro”, mas o objetivo, na verdade, a única coisa que eu vejo, em primeiro lugar, o seguinte: eu não me considero, assim, um herói. Não sou, não. Um homem comum, como tantos outros que tem pelo país. Melhores, até, do que eu, muitos deles. Mas apenas o seguinte: eu tenho uma historinha de sucesso e que poderá inspirar aqueles que estão vindo aí, que estão na dificuldade, enfrentando e mostrar, principalmente, esse lado de fazer as coisas certas, que eu nunca abri mão de fazer. As minhas empresas nunca tiveram informalidade, que é uma coisa comum, numa empresa média e pequena, sempre - no universo das empresas - teve. Nós nunca tivemos um funcionário que não fosse registrado. E coincidiu as coisas, assim: o casamento meu com a Amelinha deu muito certo, que a gente se chama até de alma gêmea, de tão certo que deu. Porque a Amelinha também vem de uma cultura muito forte, que o pai dela era oficial do Exército e ela vem, é um general dentro da casa, né? É certo, é certo e acabou. Não tem nem o que discutir. Você cumpre, tá bom? (risos) Principalmente se estiver certo. E isso eu acho que é importante passar pras gerações, sem querer ser triunfalista, de forma alguma. Isso não está na minha vida. Não gosto disso. E está aí, o livrinho está pronto. Nós editamos mil livros, desses mil livros resta apenas uns vinte e poucos livros, nós fizemos coincidindo com o centenário da Acirp, onde eu fui presidente, em 1984, 1985 e 1986. O centenário da Acirp foi outubro do ano passado. E, coincidindo com o centenário da Acirp e com o projeto do Rotary Club, de ação social, em que é feito em parceria com o Rotary Internacional. Então, o que eu fiz? Eu doei pro Rotary os meus livros. E o Rotary vendeu a cinquenta reais cada unidade, já apurou cerca de cinquenta mil reais, quase, quarenta e poucos mil reais e já mandou pra Rotary Internacional oito mil dólares que, somado com oito mil dólares do distrito, que somado com oito mil dólares de um parceiro de Taiwan, com mais oito mil dólares de um parceiro do Japão, mais a Fundação Rotary nos Estados Unidos, nós estamos montando um projeto que a planta está em fase de execução, de trinta mil dólares, cerca de cento e tantos mil reais, que é equipar a ala materno-infantil da Santa casa de Óbidos, lá no Pará, na margem do Rio Amazonas. Nós temos aqui na região, na cidade de Jaci, Frei Francisco, que é uma obra maravilhosa. Ele tem dois barcos-hospitais percorrendo aquela região. E o apoio pros enfermos que ele vai tratando ao longo da margem do Rio Amazonas, é Óbidos. E a Santa Casa estava, assim, aos cacos. E essa ala precisava muito. As criancinhas morriam* (59:38) por falta de uma incubadora, pra você ter uma ideia. E até o próximo mês, mais tardar daqui dois meses, o projeto vai estar pronto, concluído. E começou com meu livrinho, com a minha doação e tudo o mais, que você vai... é o efeito multiplicador, né? Que é uma coisa que eu sempre fiz, na minha vida. E eu vou dizer uma coisa pra você: na capa do meu livro, pra te surpreender, tem uma galinha. Mas como? Tem uma galinha, porque é uma metáfora que eu recebi do meu avô materno, que era meu xará, Daniel/Daniel, era o único neto com o nome dele e no meu aniversário ele me trazia uma franguinha, uma galinha e uma espiga de milho. E ele falava assim: “Olha, você, com esse milho e com essa galinha, você pode ser bilionário, porque você vai criar, vai recriar e vai aumentar, vai aumentar, até você chegar onde você quiser. O céu é seu limite”.
(01:00:45) P2 – (risos) E, ‘seu’ Daniel, como é que surgiu a ideia de fazer o livro, contar sua história?
R1 – Então, é um sonho, né? Os filhos vêm e falam, a esposa fala, aí veio o Zanetti também sugerindo e tal e aí coincidiu, eu sempre tive o sonho de fazer um projeto por conta própria. E esse projeto de Óbidos, principalmente porque ele é com um efeito alavancador, porque você começa com oito e termina com muito mais que isso, com a ajuda internacional dos parceiros, então somou. É uma somatória, né, de oportunidades também, porque a vida é feita de oportunidades. Está todo dia surgindo. E eu dizia pros meus alunos lá no Senac e eu digo até hoje pros meus filhos, pros meus netos, pros meus funcionários, o seguinte: “Pior que você não ter oportunidade, é você não estar preparado pra ela”, tá? (risos) Então, você estando preparado, você pode realizar coisas fantásticas. Aproveitar as oportunidades que passam na sua vida. Muitas vezes uma só, apenas, que você não aproveitou, porque você não estava preparado pra ela. É isso aí.
(01:02:06) P2 – Maravilha!
R1 – Acho que eu já falei demais, né?
(01:02:09) P1 – Não. Está ótimo!
(01:02:09) P1 – Mas ainda tem umas perguntas. Está uma delícia! Eu queria saber como o senhor chegou a presidente da Acirp.
R1 – Olha, é uma coisa assim: eu sempre tive, assim, um trabalho de liderança. Dentro da igreja onde eu atuei até os meus vinte anos, por aí, 18, vinte anos, eu fui líder desde os 16 anos. Então, tinha a Mocidade, eu era presidente da Mocidade. Aí tinha a Federação da Mocidade, que incluía o presbitério inteirinho. Fui presidente várias vezes. E quando eu me tornei empresário, eu sempre tive participação ativa na comunidade. Aí cheguei lá: “Aqui, eu quero trabalhar. Tem serviço?” É o que mais tem. E aí comecei como sócio, depois participando da diretoria e fiz todo caminho, né? Eu fui secretário, tesoureiro, vice-presidente e aí cheguei a presidente. E nós fizemos uma reforma muito grande no estatuto da Acirp da minha época, no estatuto que você, no máximo, teria uma reeleição, um mandato de dois anos, quatro anos e depois que eu fui presidente nós já temos uma gama, nós formamos até um Conselho de Ex-Presidentes, que dá apoio pro atual presidente. E é uma coisa muito boa. A Acirp é uma entidade de muito respeito na cidade de Rio Preto, principalmente. É a voz do prefeito, é a segunda voz, porque representa o comércio de Rio Preto, que é a força produtiva da cidade. E o processo de informatização, nas minhas empresas, nós começamos em 1986. E na Acirp também. A Acirp tinha o serviço de proteção ao crédito, que era por ficha, um fichário manual, aquela coisa toda. E uma das primeiras coisas que fizemos foi informatizar aquilo lá. E informatizar, naquela época, era uma coisa, assim, gigantesca. Você tinha que ter um salão grande, com ar-condicionado, eram discos rígidos desse tamanho, que usava, pras memórias. E nós cadastramos, eu não me lembro o número exato de consumidores da época, mas nós tínhamos praticamente todos os consumidores do crediário ali, cadastrados, com pronta resposta. Coisa que ninguém tinha. Foi de vanguarda, mesmo.
(01:05:00) P1 – Que legal!
(01:05:01) P2 – Maravilha, né? (risos) Agora, uma coisa que eu queria saber do senhor é assim: ao longo desses anos, o senhor passou por vários planos econômicos, várias moedas. Como foi essa adaptação, assim, de estoque? Teve uma época que sumiram os produtos, tira zero, tem URP. Como é que o senhor se recorda dessa época?
R1 – Olha, considerando o último plano, foram sete planos. (risos) Não dá pra esquecer de nenhum deles. (risos) Mas é o seguinte: como é hoje, você estar diante de uma economia que tem estabilidade e que você, ao considerar, assim, os seus projetos, não pode deixar de lado que a questão do risco é muito forte e você precisa ponderar muito e, se possível, usar aquele termo caipira, que aqui nós usamos, né? “Firmar bem um pé, pra depois mudar o outro”. Você não pode mudar os dois de uma vez só, que você pode cair. Então, eu acho que nós passamos por todos, graças a muito trabalho, graças a que a gente, a vida inteira, por consequência da minha experiência de professor, nós tínhamos tudo muito organizado, as empresas na mão, como nós temos hoje. Então, o gerenciamento exige isso, pra você poder não dar passos falsos e principalmente diante de uma situação de risco muito grande, que assim foram todos os planos. Então, pra você ter uma ideia que influenciava muito também, é o fato de eu ter uma convivência muito forte dentro da Associação Comercial, dentro do Ciesp. Eu tinha, sempre, informações privilegiadas, até. Eu considero assim, vindas de São Paulo, na época que a comunicação era difícil. Eu estava em São Paulo, com o pessoal do Ciesp: “Olha, a situação é essa, essa, essa, essa, essa”. Então, você vira uma pessoa bem-informada e levando com muita seriedade a coisa, muita responsabilidade. Então, quando a Zélia, Ministra da Fazenda, confiscou dinheiro de todo mundo, eu tinha muito dinheiro guardado. Eu fiquei sem dinheiro.
(01:07:47) P2 – Foi um caos, né?
R1 – Exatamente. Porque sempre tem buchicho, entende? Então, você estando atento, te facilita você a minimizar os riscos. Os riscos existem, mesmo. Mas, por outro lado, também, nós tivemos fases muito gostosas, muito boas, aqui. Nós tivemos vários ciclos em Rio Preto, por causa da agricultura, por causa do serviço. Nós estamos assim, né? Nós tivemos a fase da laranja, da cana, da soja, do boi e vai passando, sabe? Sempre tem alguma coisa indo bem e sempre tem alguma coisa indo mal. Mas nós temos uma posição estratégica de localização, nós somos servidos por duas rodovias, uma federal e uma estadual, muito boas. A federal cruza o Brasil de ponta a ponta. A estadual pega da barranca do Paraná até a capital e fora os outros desenvolvimentos regionais que aconteceram. Então, você veja que Araçatuba está aqui, próxima, desenvolvendo muito, Votuporanga, Fernandópolis, Jales, Catanduva e assim por diante, entende? E nós polarizamos isso e isso é muito bom pra nós. Nós polarizamos agora na Medicina, na Saúde. A nossa faculdade é muito boa. Rio Preto só não está maior em conhecimento e, na época que eu fui presidente da Acirp, eu trabalhei muito pra que a gente tivesse uma universidade federal, que nós não temos até hoje. Então, eu olhava assim e falava assim: “Olha meu vizinho, olha São Carlos. Olha o desenvolvimento que São Carlos teve! Olha Rio Preto”, entende? Mas aos poucos, hoje eu diria que nós não estamos tão mal, embora a gente possa ser muito maior ainda nessas áreas.
(01:09:55) P1 – Sim.
(01:09:56) P2 – Entendi.
(01:09:58) P1 – ‘Seu’ Daniel, o senhor tem, assim, um sonho ou gostaria que seus filhos expandissem o negócio, ficasse muito maior, fazer uma franquia que vá pro Brasil inteiro ou não?
R1 – Olha, sonhos são sonhos, só se torna realidade se você sonhar junto. Então, essa questão familiar é muito complexa. Você cria sua família, seus filhos, não é pra você, você cria pro mundo. E são seres individualizados. Cada um tem que construir a sua história, a sua vida, a sua história de vida, não é? E nossos filhos foram criados assim. Então, o Fábio hoje faz a sucessão muito bem, ele tem uma visão financeira que eu não tive e não tenho e que é bem diferente: de que adianta você ter uma rede com duzentas, trezentas filiais, se você não tiver uma estrutura administrativa à altura, se você não estiver no ramo, no segmento que você possa estar bem estruturado, bem protegido? Se você (não) tem uma economia sólida o suficiente? Um governador, um presidente que você possa confiar, falar assim: “Não, eu vou botar todo meu dinheiro aqui. Se ganhar, ganhou”. E se perder? Então, eu acho que a gente tem que deixar que cada um faça seu sonho. Se quiser sonhar comigo, pode contar.
(01:11:47) P1 – Tá legal. (risos) E você, Cláudia, queria perguntar mais alguma coisa?
(01:11:56) P2 – Eu acho que, pra mim, está ótimo!
R1 – Fique à vontade!
(01:12:01) P2 – (risos) Não, pra mim está ótimo!
R1 – Quero saber o seguinte: agora eu que vou perguntar quando é que a pandemia vai acabar, pra eu ter o prazer de vê-los pessoalmente? E de ter oportunidade de tomar um cafezinho, de ter um almoço junto?
(01:12:21) P2 – Esperamos que em breve, né?
R1 – E jogar conversa fora.
(01:12:26) P2 – É. Eu vou fazer, então, uma última pergunta, pra gente encerrar a gravação e aí a gente vai combinar esse café, eu prometo. (risos)
R1 – Que bom!
(01:12:36) P2 - Então, mas assim: eu costumo fazer essa pergunta, mas eu não sei nem o que o senhor... como o senhor acabou de fazer a sua biografia, talvez ela seja redundante, mas, assim, o senhor, agora, tem a biografia, o livro, são mil exemplares, mas agora também essa entrevista está indo pro Museu da Pessoa, uma plataforma virtual. O que o senhor achou de ter conversado com a gente e ter deixado, também, a sua história pro Museu, pro projeto Memórias do Comércio, do Sesc?
R1 - Olha, quando você me procurou, você já tinha procurado o Fábio. E o Fábio já tinha falado do significado disso, dessa oportunidade, do quanto isso é honroso e o quanto isso é prazeroso, principalmente pra mim. Então, realmente eu acho que não vamos ser redundantes, eu tenho certeza disso, não seremos. Eu tenho certeza de estar na presença do Museu, pra mim é fantástico, é uma oportunidade assim, que eu nem tinha sonhado com ela, nunca. E eu fiquei surpreso com o seu convite e fiquei muito agradecido a vocês, por terem me privilegiado com essa posição e, modestamente, nós estamos aqui, pra oferecer a nossa historinha. Eu não sei se eu falei no começo, mas eu vou falar agora, no final: eu nunca fui muito de passado, entende? Eu sou do presente. Talvez um pouquinho do futuro, que se renova e está sempre trazendo coisas novas e, de preferência, que traga alegrias pra nós. Então, é muito importante. Muito importante, mesmo. Eu fico muito agradecido a vocês e eu quero ter oportunidade de fazer esse agradecimento aos seus superiores, aos seus diretores, à sua equipe e ao pessoal todo, tá? Ok?
(01:14:39) P2 – Nossa! Se Deus quiser, a gente vai conseguir! (risos)
R1 – Vamos, sim.
(01:14:46) P2 – Muito obrigada, ‘seu’ Daniel, pela entrevista! Pela paciência.
R1 – O prazer é todo meu! Só alegria!
(01:14:50) P2 – Pelo cuidado. Só alegria! Obrigada!
R1 – Prazer.