História de:
José Arthur Marquiale
Autor:
Museu da Pessoa
Publicado em:
21/01/2013
De vez em quando a Marinha dava curso para os pescadores e eu fui fazendo curso. Todo curso que ela dava eu fui fazendo. Aí quando foi de 81 para 82 foi que eu passei a ser mestre de barco. Eu mesmo mastreava o barco. Até hoje sou mestre de barco. Em 2008, ouvi que precisavam de alguém para operar a estação de rádio dos pescadores e precisava de carteira da ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações). Aqui nessas plataformas petroleiras, eles empregam muito radiotelefonista. Eu não tinha dinheiro pra trocar o barco menor por um grande, que o preço estava muito alto. A minha intenção era ou trabalhar no barco dos outros ou encontrar um outro tipo de emprego. Não é que eu queria parar de trabalhar com pescaria, pescar nunca foi ruim. Mas fui fazer o curso e acabei trabalhando no rádio. A Shell e a Chevron necessitam de apoio aqui em terra principalmente com as pessoas que tem contato com os pescadores. Tendo o diálogo fica mais fácil. Às vezes o cara vai fazer uma operação de mergulho lá nas plataformas do navio e o barco não pode ficar perto. Por exemplo: você sabe o que é sísmica? São os navios que ficam sondando para ver onde tem petróleo e eles rebocam um monte de cabo muito comprido com a sonda na ponta e quando eles vão passar, se tiver um barco largando material, tudo o que eles passam eles pegam com aquilo ali. Então pra não dar prejuízo para o pescador eles avisam. Aí o pescador já fica ciente que não pode pescar ali naquela área. Então a rádio ela faz tudo. A rádio ela que é o coração da coisa. O cara está lá fora, quebrou o barco, não pode andar. Primeira coisa, vai pra rádio, porque a rádio fala com todos os barcos. “Ah, tô quebrado aqui na posição tal.” Ai a gente vai descobrir um barco que está próximo dele e que vai navegar pra terra o mais rápido pra passar lá pra rebocar. O rádio sempre foi um tipo de comunicação importante. Tem até uma história pra mostrar isso. O barco estava quebrado, não podia sair do lugar e veio um navio no rumo dele e ele chamava o comandante do navio e ninguém respondia. Ele acionou o rádio “Rapaz, eu estou quebrado aqui e vem um navio na minha direção. Eu estou chamando e o navio não está me escutando. Eu não posso sair porque o meu barco está com o motor quebrado. Ele está vindo, está vindo”. O cara da rádio só escutou e, percebendo a situação, falou assim “Pula, pula que ele vai bater”. Os tripulantes pularam. O cara do rádio acompanhando tudo. Então o navio veio e bateu nele só que ainda estava com um tripulante dentro do barco. Ele não morreu, deu sorte. Como o barco continuou boiando, eles foram lá, nadaram e voltaram para o barco. De dia, com sol quente, nove e pouco da manhã.
Ana Lucia Gomes de Oliveira Silva
por Museu da Pessoa
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