História de:
Isabel Giacovetta
Autor:
Museu da Pessoa
Publicado em:
28/04/2016
Isabel Cristina Giocovetta conta em seu depoimento como é ter uma família internacional tão grande, tem três irmãos, sobrinhos e primas, além dos mais de vinte irmãos espalhados pelo mundo, que são AFSers. Depois do primeiro contato com intercambistas, Isabel ingressou na carreira de voluntários do AFS e conta em seu depoimento como funciona a parte de logística. Além disso, ela conta também como foi ter sido chaperone no momento em que sua prima faria intercâmbio na Itália. Atualmente, mesmo integrando o Conselho Diretor, Isabel não deixou para trás as atividades de base do voluntariado do AFS que pretende seguir fazendo.
Uma vizinha recebeu uma estudante intercambista italiana, a Catarina. Aí meus pais quiseram receber também. Um ano depois, veio uma neozelandesa para a minha casa. Ai, foi assim que eu entrei no AFS. No começo, [ao receber Mary Gold, minha primeira irmã intercambista], foi difícil, por causa do choque cultural deles com a gente. Ela ensinou muita coisa, a gente aprendeu muita coisa. Ela deixou muitas saudades. Quando ela chegou, meu pai a levou pra passear, pra mostrar a cidade inteira. Depois, a levou para o clube e para a fazenda do meu vô. Ela participou até do carnaval aqui em Mococa na rua, pulou carnaval também. [Eu a percebi como irmã mesmo] quando ela foi embora, porque você se apega tanto... Você nem vê o tempo passar. Ela é uma pessoa da família, entendeu? A gente brigava, discutia, fazia as coisas, mas sempre se entendendo e quando ela foi embora, foi muito difícil pra família inteira, todo mundo chorou muito, muito, muito. Para ensinar o português, a gente escrevia, ela sempre perguntava em inglês e as coisas e a gente respondia em português, mostrando o objeto que ela queria saber. A gente ia pondo o nome das coisas: na geladeira, na porta, o que era o quê, pra ela não esquecer. Minha mãe não falava inglês e foi bastante engraçado. Ela [a Mary], no começo, estranhou o nosso arroz e feijão, porque lá ela não comia tanto arroz, feijão e carne, era mais salada e peixe. Essa foi a diferença, em relação à comida mas ela gostou muito de macarrão branco com creme de leite e brigadeiro. Depois da neozelandesa, meus pais receberam mais uns 20 intercambistas, eu tenho um tanto de irmãs: tailandesas, peruana, finlandesa, canadense, alemã... Nossa, eu acho que já tenho quase do mundo inteiro, se for ver! Quando a gente começa [como voluntária do AFS], a gente vai ajudar a procurar família, escola, vai ser conselheiro de estudante, ajudá-lo a se enturmar. Eu fazia orientação e logística, eu ia para o aeroporto ajudar a receber, porque estava faltando gente voluntária de São Paulo. Até hoje, eu vou no aeroporto fazer a logística. Para o AFS, essa áera é muito importante porque a gente garante que os intercambistas vão chegar bem na família, entendeu? Eles já chegam assustados, estressados, sem saber direito como vai ser, o choque na hora que chega aqui no Brasil é bem difícil. E é sempre bom porque a gente conversa, vai buscar no aeroporto, vai até a cidade levar pra família. Às vezes, tem família que vai buscar, é muito bom ver a família chegando com cartaz pra pegar o estudante, é uma sensação muito boa. Os estudantes, quando chegam, estão todos assustados. Às vezes, a família vem, abraça e, ainda mais oriental, eles nunca dão abraço, então eles ficam meio assustados. Na viagem até a família, tem uns que chegam muito cansados e dormem um pouco no ônibus, mas a maioria vem conversando, querendo saber como que é a cidade, o que tem pra fazer, o que não tem, aonde que ele vai estudar... Eles vêm com umas ideias, às vezes, não muito claras, não muito diretas do que vai acontecer. Quando a gente pega eles no aeroporto, por exemplo, pega um ônibus, chegou agora, em fevereiro, [um grupo de] 39 tailandeses, a gente pegou eles, pusemos no ônibus e fomos pro hotel. Ai você vê a diferença, né, na hora de comer [por exemplo], eles queriam ver o que que eram aquilo, que comida era? Eles chegam muito ansiosos, pra saber, olhando tudo assustado, o olho de curioso, nossa, o que que é, o que que não é. O que me motiva a seguir com as atividades da logística é ver depois quando eles voltam, a satisfação que eles ficaram: “Eu aprendi. Eu gostei muito do Brasil! Eu realizei meu sonho! Eu gostei muito do intercâmbio!” Eles mudam completamente. E ver a pessoa e dizer: “Nossa, eu realizei meu sonho. Foi uma das coisas mais bonita da minha vida!”. Com essa experiência, eles crescem muito, aprendem muita coisa.
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por Museu da Pessoa
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