Na minha infância eu gostava muito de jogar vôlei com os amigos na rua, porque onde eu morava, tinha possibilidade de brincar ainda na rua e mas eu gostava também de brincar muito solitária, com as bonecas, eu brincava de ser secretaria, ai organizava papel, escrevia as coisas assim, as demandas, o quê que precisava fazer. Mas eu também gostava de brincar com coisas muito simples, brincava com água, por exemplo, sabe, colocando a mão dentro d’água, ai passava horas e horas de colocar, de enrugar os dedos dentro d’água. Na minha casa nunca teve muito isso de exercer autoridade, ter um medo, porque os meus pais são muito tranquilos, a minha mãe é mais brava do que o meu pai, a gente tinha mais medo da minha mãe do que do meu pai, às vezes, ela jogava a autoridade pra ele, dizendo “Eu vou contar pro seu pai, você vai ver quando o seu pai chegar”, mas o meu pai chegava e não fazia nada, o medo mesmo era ela.
Eu entrei na escola com quase cinco anos, eu completei cinco anos no jardim I, demorei para entrar porque eu tinha asma e a minha mãe tinha medo de eu passar mal na escola, então eu já entrei um pouquinho mais velha. E como era uma escola perto de casa, então foi bem tranquilo, só que às vezes, eu mentia que eu estava passando mal, que eu estava tendo cansaço, por exemplo, pra voltar pra casa, era muito apegada. Eu passei muito tempo apegada a minha mãe, sempre estava em casa, como era artesã, não precisava sair, então, eu fiquei muito apegada. Eu me lembro da minha primeira professora, ela era muito feia e eu tinha muito medo dela. Agora, a minha professora de alfabetização, meu pai tem contato até hoje, ele fez alguns trabalhos pra ela, algumas festinhas de escola e tudo. É uma pessoa que me marcou muito, minha professora de alfabetização.
Quando criança, como eu brincava muito de secretária, eu queria ser secretária, não sei porque, né, todo mundo quer ser médico, todo mundo quer ser advogado… mas eu queria ser secretária, depois que eu comecei a estudar mesmo, assim, de sexta série, eu queria ser historiadora, quis fazer Historia, estudar Historia, só mudei mesmo prestes a fazer vestibular. Fiz vestibular para publicidade, por influencias de pessoas, ainda adolescente eu comecei a escrever fanzines, então eu comecei a entrar muito no mundo da comunicação, das pessoas que faziam comunicação. Quando foi no segundo ano participei de várias coisas com relação a comunicação, ai decidi mudar para Jornalismo. Ai, quando eu vi que ia ser muito difícil passar em Jornalismo, que jornalismo era muito acirrado, muito concorrido, eu mudei pra Publicidade, quando eu vi, quando eu conversei com outras pessoas também que eu queria comunicação, então eu começava a ver outras formas de eu fazer comunicação. Ai, eu conversei com várias pessoas sobre como era o curso, ai acabei me interessando.
Comecei a fazer fanzine por causa dos meus irmãos, como eles já eram universitários, eles faziam na universidade, sendo que com eles, eu nunca fiz, eles nunca me ensinaram a fazer. Ai, eu fui pra uma oficina, um curso de inglês e a professora do curso de inglês tinha uma metodoligia que era ensinar os alunos a falar inglês através do fanzine, ai ela ensinou pra todos os alunos fazer fanzine, ai eu me apaixonei, fui, comecei a fazer vários amigos, tenho uma amiga que fiz através do fanzine, através das cartas que a gente trocava fanzine. Antigamente, eu não sei se agora ainda tem ainda a carta social, que era por um centavo. Então, a gente colocava os fanzines dentro, né, a gente fazia a carta normal, encaixava o fanzine e mandava por carta social. Então, a gente mandava várias, era um centavo, né, então a gente juntava dez cartas e ai, mandava pra amigos, às vezes, que mora na mesma cidade. Essa amiga viu a descrição do meu fanzine em um fanzine. Ai, ela pegou e disse assim: “Rapaz, gostei dessa pessoa, vou mandar uma carta pra ela”, ai mandou uma carta, ai depois, eu respondi, a gente passou seis meses se comunicando através de cartas, a gente mora muito próximo, mas só se comunicava através de cartas e depois a gente se conheceu e é amiga até hoje. A gente se conheceu pessoalmente na gravação de um programa, que é o programa “Megafone”, era um programa realizado por uma ONG, a Encine, e que passava na TV pública. Ai, como o mundo é muito pequeno, hoje eu trabalho nessa ONG e eu produzo esse programa. Faço assessoria de comunicação dessa ONG, fui educada na Social, sou educada na Social, na verdade ainda, dou oficina de fanzine… hoje, eu trabalho com fanzine, escrevi sobre fanzine na minha Monografia e ainda pretendo trabalhar muito tempo com fanzine.
Tenho um sonho, quero ser professora universitária, acho que quando eu queria fazer Historia, era porque eu queria ser professora de Historia, tinha boas influencias dos meus professores de Historia na escola, então eu queria ser professora também, sendo que eu fui fazer Publicidade, não tinha nada a ver com sala de aula, mas com alguns conhecimentos na universidade me fizeram assim, fazer participação em projetos, tudo, me fizeram voltar para esse desejo de sala de aula, eu acabei querendo agora ser professora universitária, acabou tudo indo pra escola.
Correios 350 Anos: Aproximando Pessoas (HVC) - cabines
Fanzine
História de Jeanne Gomes Ferreira
Autor: Museu da Pessoa
Publicado em 09/07/2014 por
P/1 – Giane, você pode começar falando seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Meu nome é Giane Gomes Ferreira, eu nasci aqui em Fortaleza, no dia 13 de setembro de 1979
P/1 – Seus pais são de Fortaleza?
R – Sim. Na verdade, eles são aqui do Ceará, mas eles são de Pentecoste
P/1 – Os dois, seu pai e sua mãe?
R – É, cidade do interior
P/1 – Como que é o nome do seu pai?
R – Meu pai é José Laudeci Ferreira e a minha mãe é Maria Antônia Gomes Ferreira
P/1 – O quê que o seu pai faz?
R – Meus pais são artesão, os dois
P/1 – Os dois?
R – É
P/1 – E você sabe como eles se conheceram?
R – Sei. Eles já são conhecidos assim, de família, né, mas quando eles eram jovens, eles nunca… assim, criança, eles nunca se conheceram, eles foram se conhecer depois que eles tiveram já adolescentes, com 15, 14 anos. Na cidade também, férias, passando férias, ai se conheceram lá.
P/1 – Você conhece Pentecoste?
R – Sim, passei boa parte da minha infância lá
P/1 – Como que é a cidade?
R – É bem… assim, era bem pacata, né, era bem tranquila, uma cidade de médio porte no Ceará, mas agora tá bem complicado lá (risos)
P/1 – E eles são artesão do quê?
R – Eles fazem todo tipo de coisa. Meu pai, ele trabalha muito com papel, faz muita caixa de papelão e a minha mãe, ela faz tudo, é daquelas que pinta, borda, tricota (risos), faz tudo.
P/1 – E eles vivem disso?
R – Sim
P/1 – Onde, pra quem que eles vendem?
R – Eles fazem feirinhas em faculdades, em eventos, nessas feirinhas de artesanato profissionais
P/1 – Desde pequeno que eles fazem isso?
R – É. Meu pai trabalhou numa empresa daqui, ele foi… chegou até alguns cargos assim, médios, mas ele nunca gostou de ser submisso de ninguém (risos). Ai, ele largou tudo pra virar artesão.
P/1 – E você tem quantos irmão?
R – Dois. Dois mais velhos
P/1 – Você é a mais nova?
R – Sim
P/1 – E você, onde que foi a sua casa de infância, aqui?
R – Eu morei… na verdade, eu nasci num bairro chamado Parangaba, aqui, né, eu morei boa parte, até os três meses, depois eu me mudei pra onde eu moro agora, sendo que com quatro anos de idade, quando meu pai decidiu largar o emprego, a gente voltou pro primeiro canto, aonde eu tinha vivido. Ai, eu morei até os oito anos com o meu avô, né, na casa do meu avô e depois, a gente voltou de novo pra essa casa, quando eu tinha oito anos. Ai eu tô até hoje.
P/1 – Quais eram as suas brincadeiras de infância?
R – (risos) Eu gostava muito de jogar vôlei com os amigos na rua, porque onde eu morava, tinha possibilidade de brincar ainda na rua e mas eu gostava também de brincar muito solitária, com as bonecas, eu brincava de ser secretaria, ai organizava papel, escrevia as coisas assim, as demandas, o quê que precisava fazer. Mas eu também gostava de brincar com coisas muito simples, brincava com água, por exemplo, sabe, colocando a mão dentro d’água, ai passava horas e horas de colocar, de enrugar os dedos dentro d’água (risos).
P/1 – Como é que era na sua casa, quem exercia autoridade, seu pai ou sua mãe?
R – Nunca teve muito isso, assim, de exercer autoridade, ter um medo, porque os meus pais são muito tranquilos, eles são muito… a minha mãe é mais brava do que o meu pai, a gente tinha mais medo da minha mãe do que do meu pai, sendo que sempre… às vezes, ela jogava a autoridade pra ela, dizendo, mesmo por fala: “Eu vou contar pro seu pai, você vai ver quando o seu pai chegar”, mas o meu pai chegava e não fazia nada (risos), o medo mesmo era ela.
P/1 – E conta uma coisa, com quantos anos você entrou na escola?
R – Eu já entrei com quatro anos e meio. Eu entrei mais velhinha um pouquinho.
P/1 – Você lembra das suas professoras, quem mais te marcou?
R – Lembro, lembro. Eu entrei já… geralmente, as pessoas entram com três anos, né, quatro anos, eu já entrei com quase cinco anos, eu completei cinco anos no jardim I, foi quando eu entrei, que eu tinha asma e a minha mãe tinha medo de eu passar mal na escola, então eu já entrei um pouquinho mais velha. E como era uma escola perto de casa, então foi bem tranquilo, né, assim, só que às vezes, eu mentia que eu tava passando mal, que eu tava tendo cansaço, por exemplo, pra voltar pra casa, era muito apegada. Eu passei muito tempo apegada a minha mãe, sempre tava em casa, né, como era artesã, não precisava sair, então, a gente… eu fiquei muito apegada. As minhas professoras, eu não lembro muito bem, eu me lembro da minha primeira professora, ela era muito feia (risos) e eu tinha muito medo dela (risos). Agora, as minhas professoras de alfabetização, meu pai tem contato com a minha professora de alfabetização até hoje, que ele fez alguns trabalhos pra ela, algumas festinhas de escola e tudo. É uma pessoa que me marcou muito, minha professora de alfabetização
P/1 – E você nessa idade, você tinha alguma coisa assim, algum desejo: quando eu crescer eu quero ser tal coisa?
R – Como eu brincava muito de secretária, eu queria ser secretária, não sei porque, né, todo mundo quer ser médico, todo mundo quer ser advogado, quer ser… mas eu queria ser secretária, complexo de inferioridade, né (risos), parece. Mas, depois que eu comecei a estudar mesmo, assim, de sexta série, eu queria ser historiadora, quis fazer Historia, estudar Historia, só mudei mesmo no… prestes a fazer vestibular.
P/1 – O quê que você prestou?
R – Publicidade
P/1 – Por quê que você escolheu Publicidade?
R – Por influencias de pessoas, porque eu ficava… como eu adolescente, comecei a escrever fanzines, então eu comecei a entrar muito no mundo da comunicação, das pessoas que faziam comunicação. Quando foi no segundo ano… eu tava no segundo ano do ensino médio, eu fui… participei de várias coisas com relação a comunicação, ai decidi mudar para Jornalismo. Ai, quando eu vi que ia ser muito difícil passar em Jornalismo, que jornalismo era muito acirrado, muito concorrido, ai eu mudei pra Publicidade, quando eu vi, quando eu conversei com outras pessoas também que eu queria comunicação, então eu começava a ver outras formas de eu fazer comunicação. Ai, eu vi que a Publicidade… conversei com várias pessoas sobre como era o curso, ai acabei me interessando, acabei…
P/1 – Você faz fanzine?
R – Até hoje
P/1 – Quando que você começou a fazer?
R – Com 14 anos, desde de 14 anos
P/1 – E como que você entrou em contato com fanzine?
R – Os meus irmãos, como eles já eram universitários, eles faziam, né, na universidade, sendo que com eles, eu nunca fiz, eles nunca me ensinaram a fazer. Ai, eu fui pra uma oficina… um curso de inglês e a professora do curso de inglês, que era a Fernanda Meirelles, que foi quem me indicou pra estar aqui, ela pegou e uma das metodologias dela era fazer… ensinar os alunos a falar inglês através do fanzine, né, que tava escrito, ai ela ensinou pra todos os alunos fazer fanzine, ai eu me apaixonei, fui, comecei a fazer vários amigos, tenho um amigo que fiz através do fanzine, através das cartas que a gente trocava fanzine.
P/1 – Vocês trocavam cartas?
R – Sim
P/1 – Pelo Correios?
R – Pelo Correios
P/1 – Como é que eram essas cartas?
R – A gente… antigamente, eu não sei se agora ainda tem ainda a carta social, que era por um centavo. Então, a gente colocava os fanzines dentro, né, a gente fazia a carta normal, encaixava o fanzine e mandava por carta social. Então, a gente mandava várias, era um centavo, né, então a gente juntava dez cartas e ai, mandava pra amigos, às vezes, que mora na mesma cidade. Ai, eu fiz… até uma amiga minha, que ela pediu pra eu contar essa historia (risos), ela disse: “Quanto tu for no museu da Pessoa, tu conta a história sobre como a gente se conheceu”, que ela viu o meu fanzine… ela viu a descrição do meu fanzine em um fanzine. Ai, ela pegou e disse assim: “Rapaz, gostei dessa pessoa, vou mandar uma carta pra ela”, ai mandou uma carta, ai depois, eu respondi, a gente passou seis meses se comunicando através de cartas, a gente mora muito próximo, mas só se comunicava através de cartas e depois a gente se conheceu e é amiga até hoje.
P/1 – Como é que vocês marcaram de se conhecer ao vivo?
R – (risos) A gente foi para a gravação de um programa, que é o programa “Megafone”, era um programa realizado por uma ONG, a Encine, e que passava na TV pública. Ai, como o mundo é muito pequeno (risos), hoje eu trabalho nessa ONG e eu produzo esse programa (risos), a gente se conheceu na gravação desse programa
P/1 – Como é o nome dela?
R – Jessica Gabriela, Queca. Me falou: “Quando você for no Museu da Pessoa, você conta a nossa historia”
P/1 – E hoje você trabalha… o quê que faz essa ONG?
R – Eu faço assessoria de comunicação dessa ONG, fui educada na Social, sou educada na Social, na verdade ainda, dou oficina de fanzine… hoje, eu trabalho com fanzine, escrevi sobre fanzine na minha Monografia e ainda pretendo trabalhar muito tempo com fanzine
P/1 – Quais são seus sonhos hoje, Giane?
R – Eu quero ser professora universitária, eu acabei gostando da… acho que quando eu queria fazer Historia, porque eu queria ser professora de Historia, tinha boas influencias dos meus professores de Historia na escola, então eu queria ser professora de Historia também, sendo que eu fui fazer Publicidade, não tinha nada a ver com sala de aula, mas com alguns conhecimentos na universidade me fizeram assim, fazer participação em projetos, tudo, me fizeram voltar para essa… esse desejo de sala de aula, eu acabei querendo agora ser professora universitária (risos), acabou tudo indo pra escola.
P/1 – O quê que você acha da experiência de contar um pouquinho da sua historia para o Museu da Pessoa?
R – Muito bacana, é sempre muito bom de contar, né, por onde a gente andou, a gente anda por tantos cantos (risos), e às vezes, a gente mal fala, né, a gente mal conta essas coisas que a gente faz. É legal a gente contar.
P/1 – Muito obrigada.
R – Obrigada você, Rosana
FINAL DA ENTREVISTA