Infância em Pindamonhangaba. Comércio do pai. Comércio do avô. Educação. Gosto pelos esportes. Concurso para a Polícia Militar. Ingresso no Corpo de Bombeiros. Descrição do trabalho. Música. Animação de bailes e festas. Início do Portal Pindavale. Casamento. Relação pessoal com o comércio.
IDENTIFICAÇÃO
Meu nome completo é Carlos Marcelo César, eu nasci dia 8 de dezembro de 1966, em Pindamonhangaba.
FAMÍLIA
Meu pai é Ademir César e minha mãe é Antônia Cândida César. São comerciantes. Meus avós, também comerciantes: avô, Etelvino Abraão Raimundo e minha avó é Maria Cândida Raimundo. Os maternos: meu avô, parte do meu pai é Onofre César e Maria César, minha avó. Infelizmente, perdi um irmão num acidente e hoje eu sou filho único. A origem da família é portuguesa. Do meu avô, da família dele, vieram de São Paulo. A família do meu pai já é daqui, meu irmão e minha mãe nasceram aqui também, mas meu avô veio de São Paulo para cá.
MORADIA
A rua onde eu morava era de terra. Eu moro até hoje do lado da linha de trem. E naquela época eram poucas casas que existiam ali. Era um bambuzal, um riacho que passava por ali. Então era o bar, algumas casas, era o terreno baldio, vinha outra casinha, depois bambuzal, eucalipteiro, outra casinha e foi ali que a gente... Eu nasci por ali e depois a cidade começou a crescer de uma forma... Teve uma época que eu conhecia todo mundo em Pindamonhangaba. Meu nome... O pessoal me conhecia no escuro, eu era bem conhecido, eu trabalhava com rádio - até hoje trabalho na 94 FM - e fazia som nos clubes da cidade, dez anos num clube só. Quer dizer, toquei em todas as casas noturnas que tinha em Pinda. Era uma pessoa muito conhecida, então teve uma época, em 88, que andava de noite assim, o pessoal: “Ó o Marcelo, ó o rato”, porque o meu apelido de escola, de infância, desde os oito anos de idade é Marcelo Rato. Então chega em Pinda, pergunta se conhece o Marcelo, muita gente: “Qual Marcelo? O rato? Ah, ele mora ali”. Todo mundo me conhece, me acha facinho.
COMÉRCIO
Bar, sempre tivemos, meu pai também é comerciante desde a infância, e ele era açougueiro. Meu avô tinha açougue no Mercado Municipal e o meu pai toda vida trabalhou com meu avô. Depois que o meu avô, que é pai da minha mãe, veio a ficar com idade, passou o bar para minha mãe. Hoje, meu pai e minha mãe tocam o bar. Meu pai passou a ser do ramo do bar, mas ele toda vida foi açougueiro, também na área do comércio. O açougue era no Mercado Municipal, muitos anos meu avô foi... Eu lembro que o meu pai, a gente ia para o açougue - eu sempre acompanhava ele até o açougue de bicicleta - a gente passava lá em frente do presídio, mas já era na época que estava destruindo. Eu lembro mais da destruição do que de ver o funcionamento. Isso há muito tempo, eu tinha uns sete, oito anos de idade.
INFÂNCIA
Com seis anos ia para o mercado com o meu pai. Olha, era a barraca de peixe, era o açougue, a barraquinha de vender amendoim, pipoca, então era ali que a gente via muita gente, para lá e para cá. Quando chegavam os bois - que o matadouro era mesmo na cidade - meu pai sempre saía, saía para ir para o matadouro, matar um porco, ou a vaca que seja. Já cheguei até a ir com ele uma vez, a gente, tinha até dó: “Não pode ter dó não, é assim, você tem que...”, a gente lembra, mais ou menos, disso aí. Era bem legal, nessa época. Era uma correria só, a cidade era meio pequena e a gente conhecia muita gente. A família da gente é bem conhecida na cidade. Os bois vinham de caminhão. Um caminhão muito estranho, um caminhão daqueles antigão, bem estranho. Tinha época que vinha de charrete. Uma época que chegava de charrete, enrolada em um saco, isso é bem... Das vezes que eu cheguei a presenciar isso - porque quando é criança você pensa mais em brincar, ia lá para ficar brincando com o filho do outro proprietário, e pedir as coisas: “Dá isso, dá aquilo, compra bala”. Era mais essa parte do que ficar analisando o que estava acontecendo ao redor. Naquela época a brincadeira era a bolinha de gude, que era o forte, depois, mais para frente, já começou o pião, que a gente usava o pião, era bem brinquedo primitivo, mas era o que divertia bastante a gente. A gente acordava... Uma coisa que minha mãe sempre fez questão foi que a gente estudasse. Até mesmo hoje eu não tenho o segundo grau completo, porque eu não agüento ficar dentro de uma sala de aula. Não tem jeito, eu não... Mas não foi por falta de conhecimento, porque hoje eu tenho bem mais conhecimento do que se eu tivesse estudado. Mas o meu irmão chegou a terminar o colégio. Mas a gente levantava: primeiro era a lição de casa, antes de você fazer qualquer coisa, então se a gente não tivesse a tabuada e a cartilha na ponta da língua, não tinha futebol, não tinha soltar pipa, não tinha nada. Era primeiro o dever de escola para depois partir para o divertimento. Minha mãe costurava e eu me lembro que ela ficava na máquina costurando, e a gente estudando. Ela só falava assim: “Está pronto?”, “Tá”, aí tomava a lição. Se tivesse pronto, continuava, saía para brincar; se não, continuava estudando. Eu ia para a escola à tarde. Se estivesse tudo nos conformes, com certeza, a gente ia brincar, e se não, continuava estudando até estar. Tinha que estar na ponta da língua, se não... No primário, se eu tirasse nove, eu já chegava chorando em casa, tinha que ser dez, dez, dez. Era exigência dos meus pais. Primeiro, o estudo, para depois... Até mesmo a gente ajudava no bar, mas assim, tinha o horário de todo mundo: quem estuda de manhã, ajuda no bar à tarde. [Eu] estudava de manhã. Aí, o contrário: o outro que estudava de tarde, trabalhava de manhã.
COMÉRCIO
O bar era do meu avô, ainda, mas o meu pai trabalhava na Ford, aqui em Taubaté, e a gente ajudava... A gente morava nos fundos do bar. Para não ficar o dia na rua, era um meio de a gente estar ajudando e estar fazendo alguma coisa útil para não ficar na rua o dia inteiro. Se deixar, a criançada fica na rua. E a gente não era diferente, era só deixar que a gente...
FAMÍLIA
O meu avô, pai do meu pai, era açougueiro. Meu pai trabalhava com ele. Depois ele saiu do açougue, foi para a Ford, trabalhou quatro anos como açougueiro-chefe da Ford. Logo no começo. A Ford de Taubaté. Meu pai fazia o trajeto de Pinda para Taubaté de ônibus. Todo dia. Ele saía às cinco horas da manhã para pegar o primeiro ônibus, às cinco e meia, para chegar às seis horas na fábrica. Ele atendia o pessoal do departamento executivo da fábrica durante quatro anos. Em 77, quando meu avô passou o bar para minha mãe, meu pai saiu da fábrica para ficar só no bar. Ficou direto só com o bar, até hoje.
COMÉRCIO
Ah, do bar a gente lembra muito. O rádio do meu avô, aqueles rádios antigos, que se não estivesse ligado meu avô virava um bicho. Um barzinho bem simples. Eram duas portas - parecia mais uma igreja do que um bar, a forma. Tinha uma descida, o nível da rua para o bar era uma descida, então era até engraçado, o povo falava: “Caiu para dentro, não saiu mais”, E a gente sempre teve uma clientela legal, muitos nomes, o João do Pulo era... Meu avô queria morrer com o João do Pulo, o falecido João Carlos de Oliveira, que era muito amigo da gente, ele é um lá que ia e pedia: “Oh, seu Abraão, me faz um pão com mortadela”, e saía correndo. Meu avô falava: “Por isso é que esse negão aprendeu a correr”. Mas são coisas de infância. A gente morava no mesmo quarteirão, a família do João Carlos, e era muito engraçado - a gente lembra disso. Aí, era para dar risada mesmo. Naquela época, na verdade, não tinha... Não é um fluxo que nem hoje, um fluxo de movimento grande, mas você tinha que estar ali, a porta está aberta, tinha que ficar olhando. A gente ficava ali escutando rádio e chegava alguém: “Avô, chegou não sei quem”. Porque a gente morava no fundo, tinha a casa, era no fundo, aí chamava: “Avô, chegou não sei quem”, aí chegava, atendia, ou até mesmo a gente só servia: “Ah, eu quero um cigarro picado, eu quero uma bala”. Naquela época era mais miudeza. “Ah, eu quero uma lata de sardinha.” Umas coisinhas básicas, era bem bar de... Quase uma mercearia, porque antigamente não tinha supermercado, não tinha muita coisa, então nos bares vendia quase tudo. E a gente ficava lá e foi crescendo assim. O bar era em L, um balcão em L, onde era a pia do bar. Onde tinha a vitrine, colocava pão, bolacha; em cima pendurava a mortadela; em volta era onde colocava a bebida - tinha pinga de tudo que é tipo - , garrafas de Caçulinha, Crush, Gini, Grapete, essas coisas que eram da época. A gente ficava louco para abrir uma daquelas, mas não era sempre que podia tomar. Tinha a caderneta, tinha um livro lá que era sagrado, aquele livro. O pessoal já tinha a clientela, a vizinhança por ali. Tinha a caderneta, comprava pão, leite, refrigerante, enfim, bebida no geral, ia marcando e pagava no final do mês. A gente já começava a anotar também ou a gente fazia um rascunho. Tinha um rascunho, passava para ele marcar no caderno. Para você pegar um crédito, você tinha que ter um certo... É como hoje: hoje, até mesmo para você liberar um crédito você tem que conhecer a pessoa, não é qualquer... É diferente de você chegar no banco: se você tem dinheiro, ele te abre um crédito. Agora, comércio não é assim. Primeiro você vai conhecer a pessoa para ver se você pode dar um crédito, porque comércio é até difícil de você... Se amanhã ou depois, a pessoa for no bar: “Você está me devendo tanto”, “Mas eu não tenho dinheiro para pagar”, pronto. Você vai matar, vai prender? Não tem como. Então é uma faca de duas pontas: ou você arrisca, vende e fica com o cliente, ou você perde um pouco. Já teve épocas que nós tivemos bastante pendência de clientela. Mas hoje em dia a gente tem uma clientela muito bem selecionada, hoje o comércio do meu pai, graças à Deus, a gente tem uma clientela assim que se pode dizer que é a nata da cidade que freqüenta lá, então é bem selecionado.
FAMÍLIA
Meu avô adquiriu esse bar em 49. O documento que a gente tem é de 55, quando a prefeitura liberou. Naquela época, para poder... Funcionamento com o negócio de saúde... Eu tenho oficial assim, 1955, mas a gente tem o relato já de 49, logo depois que meu avô veio da guerra. Minha avó faleceu e ele, para tratar da minha mãe, das minhas tias, do meu tio, ele montou o bar. Meu avô fez parte da FEB [Força Expedicionária Brasileira]. Meu avô era meio da pá virada: ele ficava sentado com o revólver na cintura. Minha mãe, teve uma época que até que teve que tomar a arma dele, porque meu avô era meio espinoteado. No Natal, ele levantava a arma para cima e comemorava tá, tá, tá: descarregava a arma. E sempre falava de militar, que ele sempre gostou do militarismo e contava que na guerra o negócio não era brincadeira não, o negócio é servir, se dormiu no ponto já era. Contava as histórias assim, a gente não dava muita atenção para isso, até mesmo porque naquela época era até meio assustador, o negócio de guerra, você fica até com medo, então a gente procurava até evitar perguntas. Mas a gente lembra, ele contava. Outros amigos dele também. Até hoje tem uns que estão internados em alguns hospitais que tratam desse problema, síndrome da guerra. Tem um lá que chamava... Quando era criança, falava: “Ui,ui,ui, vai com Deus, Nossa Senhora”. A gente assobiava, fiiiiiuuuu, aí ele: “Desgraçado, maldito, morra”, ele pensava que era uma bomba que estava caindo e já ficava revoltado. E a gente quando moleque fazia questão de provocar ele para ver.
COMÉRCIO
Tinha no mercado um pessoal que fornecia alguns produtos, então mortadela, lingüiça caseira, leite vinha de... Comprava leite de alguns fazendeiros, e leite era mais para a gente mesmo do que para... Porque o pessoal comprava leite da carrocinha. Passava a charrete, já comprava na charrete, não tinha leite de saquinho, naquela época. Depois, quando saiu, que a gente... Foi muito pouco que a gente trabalhou com leite. Era mais pão, mortadela, bolacha, balas, doce. Ele comprava no mercado. Depois teve um pessoal, outros empresários que criaram um meio de fornecer isso. Passavam e entregavam lá. O bar fica de frente com a linha do trem. Até todo mundo que visita a minha casa, vai lá por perto, fala: “Meu, você escuta o trem?”. Eu falo: “Que trem?”. Nossa, a gente nem percebe que o trem... Já acostumamos, toda a vida morar ali, então a gente nem liga mais para trem nem nada. Eu moro colado com a linha do trem, minha casa é do lado da linha, é uma guarita.
TRANSPORTE
Eu fui para o Rio de Janeiro de maria-fumaça. Eu acho que eu tinha uns cinco anos de idade. Eu lembro que a gente... Eu tinha um tio, um falecido tio, que morava em Angra dos Reis, e esse tio, toda vez que ele vinha para cá visitar a gente era uma festa. Uma vez, a gente foi para o Rio, e esse trem ia até Barra Mansa. Foi de Maria Fumaça. Nossa, um espetáculo. Eu lembro que eu só via os ferros passando, tá tac, tá tac, tá tac. Era uma coisa, era muito legal: passava a ponte do Paraíba, que ele beira o Paraíba uma boa parte. Nossa, isso aí é a única vez que eu andei de trem para o Rio, foi essa, de trem mesmo. Depois foi só metrô e outras coisas, mas foi muito... Rio e Campos do Jordão. O bondinho que também era uma coisa muito legal. O bondinho ia de Pinda para Campos do Jordão. Também era uma coisa fantástica. Eu subi de bondinho umas cinco ou seis vezes, acho. Ia mais para Piracuama, quando a gente era moleque. A gente ia mais para Piracuama nadar, aí a gente sempre ia de bondinho, todo final de semana. Piracuama é um ribeirão, onde tem um ribeirão grande e tem o Piracuama, onde o balneário Reino das Águas Claras. Isso que fica em Pinda, e a gente sempre ia de bondinho elétrico. Porque esse bondinho, antigamente, fazia Pinda - Campos do Jordão, e tinha um bondinho que fazia Pinda - Piracuama. Até hoje tem os horários, tem muitas excursões que vêm para Pinda para ir para Campos do Jordão, para ir para o balneário de bondinho, e naquela época era gostoso, no verão você pegava e ia para lá. Nessa época a gente já tinha uns treze, catorze anos, a gente ia sozinho, já ia com o pessoal também mais velho que morava por perto de casa, a gente sempre com o pessoal, até mesmo com a família, de vez em quando, ia. Algum tio ou parente, a gente ia junto, mas a gente ia mais com a moçada mesmo, a molecada. A gente juntava, ia até mesmo escondido. Tinha vez que a gente ia escondido, e aí começou a dar muito acidente, a gente ficou com medo. Aconteceu... Eu lembro de uma época que teve um acidente que o bondinho estava vindo que Campos do Jordão, não teve freio. Nossa, morreu muita gente. Aí começou a dar medo, apesar de que a gente não pegava o mesmo trajeto, já era trajeto não da serra, mas aí começou a despertar outros interesses, a gente começou a mudar os gostos. O rio era uma maravilha, a água cristalina. Eu já cheguei a ver peixe por lá, tem sim. É que muita gente vai lá nessa época, agora, assim fica cheio de gente. Mas lógico, com certeza era água é limpinha, você via os peixes nadando. O fluxo de gente hoje é completamente diferente, naquela época, a gente encontrava quarenta pessoas; hoje você vai lá, encontra quatrocentas. Então é bem diferente.
EDUCAÇÃO
Estudei em Pinda. Estudei meu primário até o ginásio no Doutor Alfredo Pujol, na escola centenária, uma escola que tem cem anos em Pinda, e terminei meu ginásio no Mário Bulcão Giudise, que é o Santana. Parei lá, fiquei estacionado lá. Eu peguei aquela época que era obrigatório a gente usar a calça jeans azul e a camisa branca. E tinha que andar com a bandeirinha do Brasil no bolso da camisa, que senão era problema naquela época. Era rigorosa, a escola. Era hino nacional e hino da bandeira, todo dia de manhã. Eu entrei na escola com seis anos, 66 para 67, 72. Era o militarismo, estava quase se acabando, mas ainda era o forte. Então essa do amor à bandeira, era todo dia. Então a primeira coisa era o hino da bandeira, o hino nacional, para depois começar a aula. No primeiro ano, dona Marina, que foi uma professora muito legal, apesar dela ser brava de montão, mas era muito engraçada; a falecida dona Dolores, que foi uma professora da terceira série - a gente jogava capoeira dentro da sala de aula, ela era muito legal. Até hoje o filho dela é muito meu amigo, o Paulo, engenheiro. Nós estudamos juntos. E enfim, no primário a gente tem lembrança bastante dos professores: professor Lúcio, que deu aula de matemática, já no ginásio, quinta série; o professor Roberto, falecido também, meu professor de educação artística - nossa, ele gostava muito de mim - ; professor Lima, hoje também grande professor de educação física, professor reitor aqui da faculdade de Taubaté, professor Lima, muito conceituado também, muito meu amigo, até hoje somos..., fazemos bastante trabalhos juntos, é um professor também que foi muito legal na educação física.
JUVENTUDE
Praticava esportes. Sempre gostei de jogar bola, joguei basquete, joguei vôlei. Tem uma época que você não sabe o que você quer, você quer tudo. Então joguei basquete, joguei vôlei, futebol, na escola era mais isso. E até hoje gosto de jogar uma bolinha no fim de semana. Toda quarta-feira, na verdade, a gente joga. Tem um pessoal que a gente se reúne, joga bola. Mas na escola era mais o futebol de salão, que a gente jogava, e o basquete, que eu cheguei a jogar basquete... Uma época teve um campeonato na cidade que eu cheguei a disputar. Cheguei a freqüentar os clubes, os melhores clubes da cidade. Eu cheguei a pegar a Ferroviária, que hoje é um grande clube, quando ela era ainda lá onde hoje é o supermercado Excelsior. Na época, meu avô fazia parte da diretoria então a gente teve o privilégio - com uma idade assim, hoje não é tão difícil uma pessoa de dez anos entrar num clube, mas naquela época era impossível - , aí a gente teve o prazer de poder conferir algumas festas na Ferroviária, lá. E no Basquete, que era um outro clube que era na frente. Então esse foi logo, esse eu lembro, era assim bem de relance, porque foi uma entrada assim, que eu vi, e “Nossa, Basquete”, entrei e logo depois, passou uns meses, fechou. Onde é o banco Banespa hoje em Pinda.
LAZER
Os Carnavais eram, nossa, coisa de louco. Um dos melhores Carnavais da região era em Pindamonhangaba. Graças a Deus eu consegui conferir vários deles. Eu saía em muitas escolas de samba, saí na Pindense, Turuna do Tabaú, Chafariz, Charles Anjo 45 e USP. Das grandes escolas que teve em Pinda, eu participei, bloco e escola de samba. Era bem agitado. Aí o tempo foi passando, as idéias foram mudando, hoje até a gente não tem um Carnaval como antigamente. Era muito legal, você ia ao Carnaval, era aquela cidade cheia, eram doze escolas de samba, mais dez blocos, era aquele negócio gigante. E hoje tem duas, três, então... A tendência é um dia voltar, quem sabe.
COMÉRCIO
Era Bar do Abraão, quando era do meu avô, e hoje é Bar do Ademir. Mas o nome lá é Bar Avenida, a placa é Bar Avenida. Mas todo mundo... “Onde que é o Bar Avenida?”, ninguém sabe. “Onde é o Bar do Ademir?”, todo mundo sabe. E na época do meu avô, Bar do Abraão era consagrado na cidade. Atendia muito viajante. Meu avô era uma figura. Chegou uma época que ele fechou uma porta e ficava só com uma porta aberta, das duas que tinha. O pessoal batia ali, ele já virava o cano do revólver já, pá, pá, já assustava todo mundo: “Agora não atendo mais”. Então era uma coisa assim, bem primitiva, naquela época. Eram mais fazendeiros por ali, era bastante gente de charrete, de cavalo - que carro ali era bem escasso, na época. Depois, com o tempo, a vizinhança foi aumentando, foi aparecendo o pessoal com carro. Sempre tinha gente de fora. Passa até hoje: “Ah, eu estou indo para Campos de Jordão, você sabe para onde é, como é que eu faço para ir não sei para onde?”, isso até hoje. Onde meu pai tem o bar é uma avenida, ela na verdade... Você entra, Pinda, pelo Feital, pela Dutra entra no Feital, numa reta, você vai sair em Campos do Jordão, você corta a cidade e vai para Campos do Jordão, é uma reta só. Então ali, imagina quem vinha do Rio, entrasse em Pinda por ali, com certeza ia passar na frente do bar: “Está indo para onde?”, “Eu estou indo para São Paulo”. Ou ia pegar a SP 66, que é Pinda - Taubaté, que também corta por ali, ou ia seguir direto para Campos do Jordão. Então sempre teve esse pessoal passando por ali, os empresários que vão lá para trocar uma idéia, beber, comer. É muito legal. No começo meu pai estranhou a mudança. Tem, até hoje, o sonho de um dia montar um outro açougue para ele. Quem sabe um dia aí a gente ganha na loto e monta um açougue. Ele sempre teve vontade mas sempre ele mexe..., vira e mexe o pessoal quer fazer uma coisa lá. Ele faz, compra a carne, ele sempre gostou disso. Vai fazer churrasco, ele que resolve a carne, ele é que limpa o frango, ele que desossa, leitão ele que desossa. Então essa afinidade não acaba nunca. E minha mãe na cozinha, o salgadinho. Ela que faz - não é por querer, por merecer, mas - um dos melhores salgadinhos da cidade. Teve uma época que a gente chegou fornecer salgado para todos os comércios da cidade. Aí a idade vai chegando, a gente vai se acomodando, a gente vai ficando só com a gente mesmo, atendendo só o bar. Mas a gente fornecia salgado para todos os pontos comerciais da cidade.
TRABALHO
Eu sou fanático por música, eu vivo música, corre nas veias música, então o clube é mais para eu estar apreciando o local, o que está rolando, a música que está tocando, como o cara está fazendo. E hoje, como eu também sou um DJ, a gente... Todo lugar que você está, a visão é sempre essa: ver o que o cara está fazendo, como ele está fazendo, até mesmo para ver se aproveita alguma coisa dele.
CASAMENTO
Eu sou casado, faz treze anos. A gente se conheceu na escola. Nos conhecemos passando na frente da escola. Ela estudava no Rodrigo Romero, eu passando lá em frente, ela mexeu, sem querer, naquela brincadeira... Até na época, eu estava de moto, voltei: “Você mexeu comigo, não sei o quê?”, “Eu não”. Aí, sabe aquele amor à primeira vista? Peguei e comecei a segui-la, pá, ela deu uma volta enorme para eu não saber onde era a casa, e fomos ver, ela morava na esquina da minha casa, na mesma rua. Ela se chama Rosana. Depois disso, começamos a namorar, casamos, hoje temos uma filha de treze anos, a Thamires. Casamos em Pinda, mesmo. O casamento foi “a festa”. Todo mundo me conhecia. Foi no clube do japonês que chamou lá e lotou, todo mundo que você imagina foi na festa. Foi um festão mesmo, foi uma grande festa. O meu sogro e o meu pai fizeram uma festa assim para deixar todo mundo satisfeito. Casei em 90. Viajamos para o Rio, fomos para Resende, na casa de um tio passear lá, e ficamos por ali. Na época, eu já estava no Bombeiro e só tinha cinco dias para a lua-de-mel. Mas, a gente aproveitou bastante. Nós fomos de carro. Tinha um tio que me emprestou um carro, a gente foi de carro, passeamos, ficamos em Resende, conhecemos, subimos para o Morro, lá para cima, Mauá, Visconde de Mauá. Passeamos lá e viemos embora, foi uma lua-de-mel boa.
TRABALHO
Entrei em 90 no Bombeiro. Olha, foi de estalo. Eu trabalhava na Alcan. Em 85, eu saí da Alcan e apareceu um amigo meu falando assim: “Vai ter um concurso para bombeiro, vamos fazer?”. Eu falei: “Pô, nossa, legal, bombeiro, pô, salva-vidas, vamos fazer”. E eu tinha uns parentes meus que moram no Guarujá, moram no litoral, e lá tinha a guarnição do CBS... Eu fiquei com aquilo na cabeça, de ser salva-vidas, pá, aí fizemos o concurso. Fizemos a inscrição aqui em Taubaté e o concurso foi em São José dos Campos. 12800 candidatos para 133 vagas. E eu e esse amigo entre outros, lógico, muitos lá da cidade, participamos. E assim, sem esquentar muito a cabeça, sem estudar, sem nada, vamos lá. E fomos, a primeira... No dia que a gente foi fazer a prova em São José, eu tinha feito som no sábado. Cheguei quatro e pouco da manhã, nem dormi, ficamos na varanda da casa dele esperando o ônibus que ia passar - porque a prova era no domingo - para pegar a gente. Aí, o ônibus parou na frente, buzinando, um olhou para a cara do outro assim, dormindo na rede: “Vamos?”, “Ah, não vamos nada”. “Vamos?”, “Vamos nada.” E o bonde, bá bá bá, aí os caras abriram a vidraça do ônibus, falaram: “Vamos embora, vamos lá, não sei o quê”, aí despertaram a gente e fomos. Bom, entramos no ônibus e fomos. Aí chegamos em São José, fizemos a prova: sentamos assim e veio aquela prancheta, falei: “Nossa”. Foi embora. Dali foi indo, 12800. No primeiro corte, foram cortadas 5 mil pessoas. “Passamos, estamos entre os 7800.” Depois cortou mais 2800. “Pô, estamos nos 5 mil.” E foi assim: a gente fazendo exames, fazendo entrevista até que chegou o dia D: Tinha quinhentos candidatos para 133 vagas. Aí esse dia foi o dia que mais me deu emoção. Depois de passar todo aquele tempo, quatro meses de vai e volta, agora você começa a pegar gosto do negócio, e nisso um dos amigos nossos, que hoje é bombeiro - até, hoje ele estava no recrutamento - chegou para nós e disse: “Pô, mas vamos, Guarujá, praia, mulher bonita, jet ski, navio”. A gente ficou ouriçadão: “Vamos lá”... E quando a gente passou, começou: “Agora a gente vai chamar o pessoal que...”, e foram chamando, pá, pá, 98, 98. Hora que chegou no 122, chamou o meu amigo Valdir da Silva Macedo, aí deu aquele gelo no coração: “Ele vai, eu não vou”. Em seguida chamou Carlos Marcelo César. Foi uma loucura. Daí a gente foi, a escola foi no Guarujá - como a gente fez salvamento, foi no Guarujá. Ficamos um ano e dois meses numa escola assim, rigorosa, foi até mesmo um cobaia da época que eles estavam fazendo um plano de..., do militar, fica tipo uma escola... Hoje voltou o padrão de seis meses de novo; naquela época, você fazia seis meses de Polícia Militar e depois seis meses de aperfeiçoamento, bombeiro, salvamento. Enfim, nós ficamos nessa e depois nos formamos. Cada um foi para um canto. Eu corri esse litoral todo, e ele está até hoje, trabalha em Campos de Jordão, entre outros amigos nossos que estão no Bombeiro. Em 85 eu entrei para trabalhar na Dezorzi, companhia de papel e celulose em Pinda. Eu trabalhei três anos lá, entrei para trabalhar como ajudante de preparação de massa, depois passei para operador de massa, para o laboratório de controle de qualidade. Aí eu saí, entrei na Alcan, laminação, na parte da Calorex - que faz aquela placa que gela a geladeira - na parte de refrigeração. E quando eu saí da Alcan, em 89, eu prestei o concurso da Polícia Militar e passei para o Corpo de Bombeiro. Depois, me afastei do Bombeiro e voltei de novo a ficar no bar, com o meu pai. O som, tive como atividade toda vida, desde 79. Festinha, aniversário, eu estava em todos, eu sempre gostei disso. Festa de aniversário era eu que animava, e depois, em 84, eu conheci o Ronaldo, que fazia som na Ferroviária. Fiquei lá. Fui parar em 94, fiz dez anos som direto num clube só, que era na Ferroviária. Fiz som em outros locais também, toquei em tudo que é canto que você pode imaginar em Pinda. O pessoal: “Olha, quero fazer um aniversário de quinze anos, quero fazer um baile, quero fazer uma festa”: o DJ Marcelo Rato. Eu estou lá. Depois que eu saí do Bombeiro, fiquei no bar com meu pai, terminei minha casa, e em 99, o Júlio, meu sócio no Portal Pindavale... - nós montamos o Pindavale. Ele trabalhava em uma loja de informática na frente do bar, a gente se cumprimentava muito pouco. Conhecimento assim, mais de morar na mesma rua, mas não tanto amizade, e ele tinha saído de lá e eu tinha montado uma papelaria para minha esposa onde hoje é o Pindavale, e não estava virando. Montamos a papelaria, mas não estava virando. Aí voltei a manter um estúdio, um estúdio de gravação - como eu mexo com tudo isso, eu tenho um arsenal de música lá, coleção imensa, onde eu faço carro de som, gravo propagandas de rádio, as montagens que eu faço do programa, enfim, eu tenho um estúdio - e eu saindo do estúdio, já mexendo com computação - eu tinha um computador e falava sempre assim..., minha mãe até falava: “Pô, você fica o dia inteiro aí, a internet, o telefone vem uma conta...”, aí eu falava: “Mãe, ainda vou arrumar um jeito de ganhar dinheiro com isso aí, calma que um dia a gente vai encaixar” - e saindo na porta, num final de semana, num sábado, o Júlio: “Ô, e aí...”. Começamos a conversar. Até o meu cunhado estava junto e eu falei para o Júlio: “Pô, Júlio, precisa montar alguma coisa para a gente ganhar dinheiro, a internet está crescendo...”. E ele falou: “Eu tenho uma idéia: montar um supermercado na Internet”. Eu falei: “Pega lá para a gente dar uma olhada”. Aí ele trouxe a idéia do supermercado na internet, e aí eu já falei: “Por que a gente não faz aqui um site da cidade, a gente vende propaganda e a gente faz virar aqui um site da cidade. Eu tenho os contatos e você tem a agilidade, você faz e eu vendo”. Começamos. Na segunda-feira nós começamos. Já tinha a empresa, o meu estúdio, já tinha a empresa, a CMC Multimídia. Eu já tinha a documentação, terminamos só de regularizar para poder trabalhar com internet, com vendas, e começamos atrás da papelada. Resolvemos isso aí e começamos, montamos o Pindavale. Fizemos a maquete do negócio e eu já saí com papel, já comecei a vender, e nisso o contato que a gente tinha dos empresários, que sempre freqüentaram o bar do meu pai, já conheciam: “Ah, você está fazendo?”, “Estou fazendo um site, não sei o quê, pá, pá”, e eles foram acreditando no nosso trabalho. Empresas grandes já [estão] fazendo parte do site. Na época era um site, não era um portal, como é hoje. Começaram a dar crédito para nós. Você chegava: “Ô, fulano já está com a gente”, “Pô, que legal, vamos fazer”. E começou a crescer, a idéia foi funcionando. Primeiro ano, difícil, mas a gente começou... No final do ano, dia 29 de novembro, no primeiro ano, fizemos uma festa no centro da cidade. Colocamos um trio elétrico, telão, apresentamos para a cidade o site, e daí as visitas aumentaram, de trezentas para quinhentas, de quinhentas para mil - isso por mês - , aí de mil para 2 mil, 3 mil, cinqüenta por dia, cem por dia, duzentas por dia... Hoje, nós temos 5500 visitas por dia, no portal. Toda a cidade, todo o Vale acessam, o pessoal todo que mora fora... A gente tem muita gente que é de Pinda, até mesmo de Taubaté, São José, que acessam e que estão fora daqui, mandam e-mail, correspondência, conversam com a gente dentro do portal. A gente disponibilizou, tem o rádio on-line, televisão, a história toda da cidade, fotos de baladas. Enfim, você está dentro de Pinda, na internet, em qualquer lugar do mundo. A gente colocou isso na prática e está dando esse resultado que a gente tem aí: o portal estar com um grande número de visitas e sendo aceito por todas as entidades. Foi assim que começou o Pindavale. Eu e o Júlio: “Vamos?”, “Vamos”, e pronto. Hoje estamos lá com o portal, fruto para cinco anos: “Não, isso daqui a cinco anos vai ser o futuro”, acreditamos. Estamos com três anos do portal. Dia 29 agora a gente comemora três anos com uma grande festa. Só para você ter uma idéia, essa festa de sábado agora, nós conseguimos colocar em parceria conosco, nesta festa do Pindavale, todas as entidades da cidade: as três companhias do Exército, delegacia da Mulher, delegacia de Ensino, delegacia de Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiro, Defesa Civil, Rotary, Lions, Apae, OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]... Todas as entidades vão estar com estande participando, dando força nessa festa. São doze bandas, também, se doando, dando uma força nessa festa solidária. Tem mais vinte DJs, os amigos que tocam na região toda, vão estar aí também fazendo uma participação e dando uma força, porque nos outros dois anos nós fizemos a festa para a população e não cobramos nada. Fizemos para divulgar. Esse ano, pintou a idéia de, com essa festa, arrecadar alimento. Um outro amigo que esteve lá, que também deu uma força na idéia, o Trajano, que trabalha na TV Vanguarda, falou: “Ô, Marcelo, dá para fazer um negócio grande, vamos fazer um negócio assim, assim, assado”. Mas depois ele se afastou e eu continuei: “Essa festa vai sair desse jeito. Do jeito que está no papel. Vai ter que sair”, e fui atrás das entidades, fui atrás do pessoal. O bombeiro, na verdade, a gente faz uma prevenção. A idéia não é salvar ninguém, a idéia é prevenir para que ele não afogue. Então a gente trabalhava forte, e a corporação até hoje tem mérito referente a isso. A taxa de afogamento no litoral é baixíssima. A gente procurava evitar, mas nos últimos meses que eu estava no Bombeiro, teve uma menina, na época, uns dezesseis, dezessete anos, se afogou ali, no Perequê. Eu e o Teixeira fomos lá, conseguimos tirar ela, fizemos e respiração boca a boca, e deu o maior problema... Não tinha viatura para poder levá-la para o hospital, para socorrer, e chegou um carro cadáver: “Onde que está o óbito?”, “Não, não, está viva”, “Ah, eu vou embora”, “Embora nada. Você vai levar a vítima para o pronto-socorro”, “Não, aqui só entra defunto”. Falei: “Não, negativo”. Discutimos e colocamos a moça na viatura e levamos ela para o pronto-socorro. Graças a Deus, tudo bem. Você precisa ver a felicidade da família, ela depois agradecendo. É muito gratificante isso aí, o trabalho de bombeiro é uma coisa que... Um pouco tempo que eu fiquei lá... O que a gente aprendeu, mesmo sem estar na corporação... O que precisa da gente, a gente sempre está disponível para estar passando para o pessoal. Eu trabalhei em todas as praias, desde a divisa com o Rio de Janeiro até divisa com o Paraná trabalhei em todas. Peruíbe, Mongaguá, Guarujá, Santos, São Sebastião, São Vicente, Ilhabela, enfim: todas. Cada mês era: “Vai para lá, vai para cá”. E eu cheguei a trabalhar na embarcação. Eu era embarcado, então a lancha... Você sempre está disponível para qualquer... O jet ski, você está ali, está lá, o bote, você está aqui, está lá, então você não tinha praia, você estava em qualquer canto. Na época que o helicóptero caiu com o Ulysses Guimarães, a gente foi para lá. A gente estava ali pertinho, chegamos ir até lá dar um apoio para o pessoal do Rio. A gente recebeu um rádio falando que a aeronave tinha caído por ali. O navio do Bombeiro estava em São Sebastião, no píer da Petrobrás e o capitão deslocou ele para cá e a gente foi para lá. Ficamos lá, em busca, um ou dois dias, porque lá já é área do Rio de Janeiro, a gente só foi dar um suporte, uma coisa assim meio de imediato. Chegou lá, não tinha mais o que fazer. Ficou para os mergulhadores, para a área deles mesmo. Eu trabalhei na Dezorzi, uma fábrica de papel, e depois na Alcan, na laminação, no alumínio. O processo de industrialização em Pinda, acho que começou em 79, final de 79 para 80, quando chegou a Vilares, até mesmo a Alcan. Na época da Vilares... Eu lembro que a gente servia alimentação para eles... Nossa, era muita gente, a gente fornecia para o pessoal da Tenenge, da Hotiff, cada empresa que trabalhava na montagem da Vilares. Até então não tinha nada. Era coca-cola, só. Era uma das primeiras empresas que teve na cidade. A fábrica de papel também já existia. Aí, começou a mudar, aí começou a crescer. Eu sinto pelo seguinte... Eu senti pela época que eu quando era moleque, dezesseis, dezessete, catorze, quinze, dezesseis, dezessete, até os dezoito anos, eu conhecia todo mundo em Pinda. Eu andava em qualquer canto ali da cidade e conhecia todo mundo, todo mundo me conhecia. E hoje eu vou a certos lugares: eu conheço dois que estão ali, o resto completamente estranho. Conheço muita gente que são filhos dos meus amigos. Eu faço aniversário de quinze anos de filhos de pessoas que foram meus amigos de infância, pai, mãe, alguma coisa por aí, então você vê: o tempo passou, fiquei velho demais. A cidade cresceu de uma forma muito grande. Veio bastante gente de fora - a fábrica traz, a industrialização traz bastante interesse das pessoas em migrarem para a cidade, até mesmo uma vida melhor, e isso a cidade tende a crescer, com certeza.
CIDADES
Pindamonhangaba O comércio começou a mudar agora, nos últimos cinco anos que está havendo essa mudança geral do comércio. Você vê que está começando a crescer, o comércio está começando a dar uma... Outras empresas entrando no comércio. Porque a cidade era bem fechada, os comerciantes eram sempre aqueles mesmos; duas, três empresas eram do mesmo, ficava uma cúpula. Agora estão começando a entrar outras empresas, outros empresários investindo na cidade. É por aí mesmo, uns dez anos. Mas tinha tudo lá. Nunca fomos sair da cidade para poder estar buscando alguma coisa... Sempre foi lá: supermercado, padaria, farmácia, roupa, sempre foi lá. A gente sempre usou o dinheiro nosso lá mesmo, nunca foi de: “Eu vou para São Paulo que é mais barato, eu vou para não sei onde”. Nunca foi disso. Pinda tem o 2º Batalhão Borba Gato, que é a Engenharia. Tem a Engenharia, que é blindada, a 11ª Companhia Blindada e a 12ª Companhia Leve Aeromóvel. Muitos são de fora da cidade, a maioria é. Eles vêm de fora, vêm por transferência e acabam ficando na cidade. O pessoal chega na cidade, gosta e abraça. Fica por lá. Eu conheço militares que vêm de tudo que é canto que você pode imaginar: do Norte, do Sul, do Leste. E ficam em Pinda. A cidade é muito gostosa. Pinda é muito calma, sossegada, o pessoal gosta, ela é bem retirada, ela não está igual às cidades que ficam beirando a Dutra, ela é mais retirada, então é mais tranqüila. Ser mais distante da Dutra é melhor na parte de tranqüilidade. Agora, na parte de industrialização, acho que não. Porque no eixo fica mais fácil o transporte, fica mais fácil o acesso, enfim. Mas para a gente, assim, para morar, nossa, é muito gostoso. Mesmo assim Pinda tem bastante indústria, tem bastante empresa que acreditou lá, e até mesmo porque ela não é... A Dutra passa por fora, mas você entrando na Dutra, você já cai ali na Alcan, na Vilares, na Confab, e já sai sentido Campos do Jordão, sentido Taubaté, para cá, para a Dutra de novo, então não é tão assim para dentro. O comércio... Não abrem espaço para outros entrarem e explorarem o mercado, fica naquela panelinha. Eles são muito tradicionais, são comércios mais antigos. Tem Cores Magazine, setenta anos..., tem lojas de cinqüenta, sessenta anos, tem as empresas - são todas tradicionais na cidade. Automaticamente, no começo praticamente não queriam gente de fora: você é dono daquele lugar, não vai querer que outro chegue para explorar o mesmo trabalho que você faz. Mas a realidade não é essa, a realidade é o crescimento, é ampliar. Até mesmo porque vêm outras cabeças para cá, outras, e o negócio começou... Hoje a cidade tem empresários de São José, de Guará, de Taubaté, de Campos, São Paulo, e começou a aumentar o mercado. Em Pinda não tem shopping. Não, por enquanto não. Se Deus quiser... Já tem projeto para isso. Não é a questão de ser a favor ou não ser a favor do shopping. Eu acho que é uma coisa que todo mundo curte. Você vê o pessoal, chega no final de semana: “Esse final de semana, eu vou ao shopping assistir um cinema, tomar um sorvete”. É igual em São Paulo: em São Paulo você vai ao shopping todo dia. Quem mora em São Paulo, gosta de ir ao shopping, quem mora no litoral: “Ah, vou ao shopping”. Então ficou aquele negócio de ser um passatempo do pessoal, ir ao shopping. Nem que não vá gastar, mas vai lá andar. É uma coisa que falta na cidade, com certeza. Amanhã ou depois vai sair alguma coisa, mas tem que sair bem feito, fazer metade não adianta. O projeto é de pessoal da cidade, pessoas da cidade que estão investindo, estão fazendo uma filial da própria loja no shopping, alguma coisa assim. O comércio de Pinda é agradável. É bem acessível o comércio de Pinda. Você pode procurar, você vai achar preço bom. É bem simples, não é complicado. Hoje até mesmo a associação comercial da cidade dá um suporte para que seja fácil você estar fazendo compra e não ficar dependendo de muita burocracia para fazer isso.
TRABALHO
O segredo de um bom DJ é você sentir o que a pessoa gosta, estudar. Você ver a pessoa e falar: “Isso aqui, eu vou acertar ele”. Você toca, pronto, aquele você já matou, você vê outro lá no canto, põe esse, pronto, aí sai todo mundo falando: “Pô, o cara é bom mesmo”. Porque você agradou todo mundo. DJ você tem que ser, eu acho, você tem que agradar a todos, porque a pessoa paga o ingresso, ela quer chegar ali, quer ouvir música boa, ela até não quer nem saber o que o DJ faz ou deixa de fazer, mexe ou não mexe, mas ela quer estar ali e sentir que foi legal o baile, aquele baile foi legal. Então para o baile ser legal, você tem que tocar e agradar todo mundo, e eu procuro fazer isso do melhor jeito possível. Eu estou envolvido em quase todas as festas, pelo menos na cidade eu sempre estou participando, porque o pessoal conhece, a gente faz um trabalho legal, até mesmo pelo tempo - desde 80 eu mexo com isso. Então a gente já tem uma carreira boa. Eu estou sempre atualizado, em contato. Sou cadastrado em todas as gravadoras de São Paulo. Eu sempre estou em contato com eles, recebo material de divulgação. Eu tenho uma coleção enorme, eu tenho mais de 8 mil discos, eu tenho 74 mil músicas arquivadas, eu tenho muita coisa. Hoje eu sou um DJ virtual, hoje eu trabalho com computador, então eu chego com meu computador na festa, tenho ali dentro um arsenal de músicas, até hoje mesmo fica mais fácil. Se você contratar para fazer uma festa, eu vou chegar lá, você chega para mim: “Pô, você tem tal música?”, “Tenho”. É diferente de há cinco, seis anos atrás, que a gente chegava com uma pasta com disco, você separava aquilo para fazer. Então aquilo era o que você tinha em mãos, a pessoa chegava: “Você tem a música tal?”, “Não, não trouxe, não tenho”. Então já ficava complicado, você não atendia como a gente atende hoje. Hoje eu chego numa festa: “Você tem uma valsa?”, “Tenho”, “Tem aqueles roquinhos dos anos 60?”, “Tenho”. Então, você faz a festa que agrada todo mundo. Eu toquei para quem hoje é pai de criançada, para quem eu faço baile. Sei o que os filhos gostam porque eu tenho uma filha da mesma faixa etária. Sei o que eles curtem e sei o que os pais curtem. Eu estou numa festa, agrado o pai e agrado a molecada. Você agrada todo mundo e fica todo mundo feliz. A galera curte música boa. O pessoal em Pinda curte música boa, sucesso, não adianta você inventar muito. É sucesso, os hits mesmo, que estão tocando. Você toca uma música ou outra que esteja despontando, mas é sempre o sucesso. Mas o sucesso que a gente fala é você conhecer o que a pessoa curte. Eu conheço muita gente em Pinda, então, quando você está numa festa, eu olho assim eu vejo quem está ali e eu já sei onde que eu vou tocar, o que você toca, então eu toco uma lembrança, o cara já chega: “Nossa, isso aí é daquela época”. Aí você toca outra, já vem outro falando: “Nossa, rapaz, isso tem a lembrança de tal lugar”. Então, você vai agradando, e a criançada é isso que está tocando no momento. A música mudou muito, com certeza. O estilo musical agora está voltando para uma época boa. Nos anos 90, teve uma época... De 89 a 93, mais ou menos, teve uma época muito boa da música, música bem selecionada, bem de qualidade, você dançava a música. Depois chegou uma época, a música ficou muito irritante, você tinha que pular, era uma agressão total, e agora já está voltando de novo a tocar umas músicas que entra no seu ouvido, te passa alguma coisa. Já está voltando. O rock nacional também está melhorando, voltou agora: tem o Capital, o Charlie Brown, o CPM, então eles estão com umas músicas legais, que a galera está curtindo. Você vê a própria Rita Lee lançando disco, o pessoal curte o rock nacional. Nas festas, se eu não tocar, eu sou crucificado. Eu tenho que tocar, tem que tocar sim, bastante. E as antigas. Você pega aí um Camisa de Vênus, um Ultraje a Rigor... Você encaixa ali e a galera curte, porque você está tocando uma música que é da atualidade e você põe uma daquela época que é legal, então a galera... É até cultura para eles, ouvir uma música... Eles começam a gostar dessas músicas antigas, porque se eles não escutam, eles nunca vão gostar. Por isso que tem essa briga de geração: porque o que a gente escutou naquela época não se toca hoje. Se você não tiver na sua casa, para escutar, você nunca mais vai escutar.
FAMÍLIA
Minha filha escuta música antiga. Minha filha escuta música o dia inteiro, ela já tem no sangue isso também, ela curte e me ajuda. Quando eu não tenho tempo de fazer o programa de rádio, ela faz para mim.
TRABALHO
Tenho um programa de rádio, na 94 FM. Todo sábado, das nove até meia-noite. Chama Hot 94. É um programa que só toca música boa, rock nacional, dance, pop, rock, enfim, as músicas que a gente... Na verdade, eu procuro lançar as músicas, coisa de primeira mão, e tocar aquelas que marcaram, flash, as montagens, as coisas antigas. O que me dá uma audiência forte é tocar as músicas que marcaram os anos 80, 60, 70, 90, aquelas tcham mesmo. A rádio fica no centro de Pinda. Tem 10 mil watts. Pega de São Paulo ao estado do Rio e o sul de Minas. E sem contar que ela está na internet, no portal. A pessoa pode acessar de qualquer lugar do mundo e escutar via internet. Recebo e-mail, tudo, carta. Recebi e-mail do Japão. Pessoal que está fora. Todo mundo manda, o pessoal curte. Tem um amigo nosso que está na Suíça, que falou: “Eu fico até de madrugada aqui”. Dá uma diferença, lá é quase três horas da manhã, a hora que está começando o programa aqui. Então o cara já ficou acordado para poder escutar. Já mandei vinhetas, vozes em francês deles falando: “Nós, aqui na Suíça, escutamos no Pindavale, pela internet, o programa Hot 94”. Então, a gente põe isso também, encaixa no programa para falar que a galera de fora curte. Enfim a gente interage, e tudo isso aí dá um retorno legal. Tem um pessoal que saiu de Pinda ou saiu do Vale e está morando fora, e não sei se por coincidência ou pelo contato, acharam o portal na internet, e o pessoal passa para o outro. Nós temos um número de acesso fora do país muito grande, e o pessoal curte, comenta de poder estar ouvindo a rádio, de estar podendo ouvir a galera, e isso é muito gratificante para a gente. E o programa tem uma audiência legal. Então a gente recebe carta do pessoal que está preso em presídio, o pessoal curte o programa e manda carta para a gente: “Pô, manda uma salva para a gente que a gente curte o programa”. Porque a gente procura tocar música antiga, música legal, a gente manda, fala: “Vai um abraço para a galera tal, vai um abraço para o pessoal do bairro tal”. E isso aí dá um retorno, a galera curte isso aí. E música boa. Já até houve idéia de fazer em outras cidades o trabalho que a gente faz em Pinda, mas eu acho que isso é uma coisa bem pessoal. Tem que ser gente da própria cidade, alguma coisa... Porque na cidade, eu conheço muito de Pinda, eu vivi lá, eu moro há muito tempo, os contatos que eu tenho, as fontes do que a gente precisar. Então eu tive tudo isso em mãos, que é diferente... Imagine eu vier para Taubaté? Eu conheço dez pessoas aqui. Em Pinda eu conheço todo mundo. Então, foi diferente fazer o trabalho, não é porque Pinda é cidade do governador - Pinda teve o João Carlos de Oliveira - não é nada disso, é mais pelos contatos.
COMÉRCIO
O portal nosso serve de referência para as outras cidades. A gente procura fazer um trabalho que está inovando cada dia que passa, melhora cada vez mais. Isso, a idéia era isso: o Júlio tinha uma idéia de fazer um supermercado, vender alguma coisa, a idéia era meio assim, inovadora. Quando a gente sentou e montou o Pindavale: “Vamos colocar a parte da cidade, falar como surgiu...”, e começamos a pesquisar. Meu cunhado começou a ajudar a gente, começou a fazer as pesquisas, levantou onde era isso, o que era aquilo. E eu saí já na captura do cliente para poder garantir o custo da hospedagem, o trabalho, de você estar lá, energia elétrica, enfim tudo isso aí. O que aconteceu? O primeiro passo positivo foi a amizade que eu tenho na cidade. Isso foi o quê, com certeza, deu uma alavancada legal no site. No primeiro ano, acreditarem no nosso trabalho. Até então, era no escuro. Imagine: você pega uma empresa que tem cinqüenta, sessenta anos no mercado e coloca numa propaganda que você não sabe se vai acontecer, o que vai virar. Isso é complicado. Deram esse crédito porque eu sou o “Marcelo, filho do Ademir”. Dando uma força, acreditando no trabalho e até mesmo... Não sei qual era o ponto de vista de cada um, sei lá: “Amanhã acaba”. Foi o contrário: a gente foi começando crescer. No segundo ano, começamos a atingir outras áreas, a gente começou a pegar a parte industrial, grandes empresas, empresa com um porte maior, tem os bancos; enfim, aí começou o negócio a ficar do jeito que a gente queria que fosse. Nisso entra um cliente, um passa para o outro... Quem vende sou eu. Agora tem um outro rapaz que trabalha na área de vendas. Mas até então, quem vende sou eu. No começo, a gente tinha medo de colocar alguém, justamente para saber o que você está vendendo. Vender é difícil, não é fácil, não. Pensa que é só chegar e falar? Você tem que ter bastante lábia, tem que convencer que seu produto é o melhor possível. Não tem segredo. Isso vem de dentro. A experiência do meu pai, do meu avô ajudaram. Lógico, com certeza. O contato, até mesmo com esses empresários que a gente teve no bar - o balcão é uma escola, você vê desgraça e felicidade de muita gente. Então você vê o dia-a-dia de todo mundo e você vai absorvendo o que é bom, e nisso vai passando. Eu consigo vender de tudo, eu tenho o dom de vender: o que eu colocar no mercado, acho que eu consigo passar. Eu acho que isso nasce com a pessoa. Não é fácil, não é qualquer um que passa isso para os outros. Você tem que provar para o cliente que o seu produto vai dar retorno, senão você não consegue vender. É difícil. É fácil você vender um produto conhecido, mas vender algo diferente, nunca ninguém viu, vai ser difícil. Esse ano a gente está despontando, está em toda mídia da cidade, a gente está em todos os eventos, a gente é convidado a participar, fazer cobertura, enfim, hoje a gente está trabalhando de forma que... A gente quer isso mesmo, quer colocar a nossa cidade num patamar, mostrar que a cidade existe, que a gente tem todo tipo de estrutura. A idéia de fazer o portal é aquilo, de amanhã ou depois toda cidade ter um portal. Você entra na internet: “Quero conhecer a cidade de Pindamonhangaba”, “Nossa que legal”, “Quero conhecer a cidade de Taubaté”, “Ô, que legal”, “Quero conhecer Campos do Jordão...”. Ter o quê? Não é só fotografia, e sim ter tudo. O Júlio faz tudo. A gente faz o que o pessoal pede na internet. O pessoal sempre manda críticas construtivas e a gente procura absorver o máximo possível, porque o internauta é o nosso forte. Então, o que eles pedem é até mesmo obrigação a gente fazer. Então o pessoal: “Pô, vocês não têm chat”. Vamos criar um chat. “Pô, vocês não têm brinquedos, jogos.” Vamos criar uma área de jogos. “Vocês não têm baladas.” Vamos fazer baladas. Então a gente foi colocando... O portal foi crescendo, foi tomando o formato do portal. Tem tudo: a gente procura desenvolver e colocar no portal tudo que o pessoal pede. Lógico, sempre usando a cidade. Tudo que a cidade tem, a gente quer mostrar. A gente é 100% Pindamonhangaba. Tem outros Portais que os caras querem fazer tudo. A gente pega o básico de todo o Vale, os dados históricos, onde se situa, de todos. Pinda, a gente colocou tudo: indústria, comércio, turismo, baladas, eventos: 100% do foco é Pindamonhangaba. E o Vale está ali, também, com aquele básico de cada cidade. Amanhã ou depois há parcerias entre outros A gente vende os banners. Tem banner de 330 [reais], de duzentos, de 150 e de cem, de acordo com o tamanho. São contratos de três meses, seis meses ou um ano, depende do contrato que for feito. Agora então a sua empresa: “Marcelo, achei legal. Eu quero fazer um link dentro do Pindavale, do meu produto”, “Legal, cem reais”. Vai ficar um ano disponibilizado lá. A pessoa entrou no Pindavale: “Eu estou procurando uma empresa tal”, digitou lá, achou ou até mesmo entrou direto. Empresa de filmagem, clicou lá, aqui, você constou dentro do portal. Cem reais é muito barato. A gente tem tudo. Na verdade, o portal Pindavale não está disponibilizado no Brasil. Ele é hospedado em Los Angeles, na Braslink. Fora daqui, a gente tem um suporte ilimitado. A gente paga para poder estar fazendo tudo que você pode imaginar. Apesar de a gente estar pagando em dólar, é melhor pelo produto, pela demanda que a gente tem, o que a gente tem que estar passando para o cliente. Estar lá, para nós, em dólar, fica mais em conta que no dinheiro nosso aqui. E sem contar [que] a gente nunca teve um problema, sequer meia hora, quinze minutos, fora do ar, em três anos. Eles avisam se vai haver alguma mudança. Então são vários repetidores. A gente não abre mão disso. Nós somos clientes de uma empresa que a Nasa é hospedada, CNN, então as grandes empresas são hospedados nesse servidor. Na época, a gente hospedava aqui no Brasil mesmo... Assim, logo quatro, cinco meses de Pindavale, a gente conheceu e, na época, era um coisa meio fora de realidade porque a gente recebia... Só que a idéia foi essa: trabalhar uma coisa de primeiro mundo para a gente poder ser diferente. Mostrar que a gente tem um produto diferente. Além de trinta, quarenta sites que a gente já construiu - porque a MCM Multimídia é uma empresa que constrói páginas - o Pindavale é um produto da CMC, então, hoje, todos eles se hospedam no Braslink. Tem outros sites que existem na cidade, de outros clientes, que têm a Braslink como fornecedor do produto e falam para mim: “Marcelo, brincadeira, os caras são fantásticos, a gente precisa disso”, “Liga lá, quer falar com os caras, é on-line”. Tem suporte aqui no Brasil, em São Paulo, e os caras são muito profissionais. Tenho cliente de São José, de Guará, de Ubatuba. Dentro do Pindavale, a gente tem bastante aqui de Taubaté. Tem uma empresa no Japão, porque são conhecidos nossos - estudamos juntos e ele está há dez anos no Japão - , esteve agora, há dois meses atrás no Brasil, em Pinda e falou: “Marcelo, estou precisando de um trabalho, eu perguntei aqui, disseram que quem faz é você”. Era para fazer uma página dele no Japão. A gente fica com receio de como vai ser feito, o horário nosso não bate, aqui é de dia, lá é de noite. Então como será feita a atualização? Ou se ele quer um negócio simultâneo. Então ficou até mesmo de decidir mais para frente, mas a gente está trabalhando. Penso que quando um vendedor recebe um não, ele deve pensar: “Da próxima vez vou te vender”. Já teve cliente que eu cheguei a falar assim: “Hoje eu não vou vender para você não, porque hoje você não está com o espírito legal. Outra hora, eu volto”. Você tem que ter percepção do outro, com certeza. Você chega no cliente, e até sei que vou levar um não. Você sabe como está o andar da carruagem. Chega assim: “Hoje vai”, aí você chega e manda bala. “Hoje não é dia. Deixa quieto, outra hora eu volto. Hoje você está meio estressado, depois a gente volta.” Essa outra volta, até mesmo pela decisão que você tomou anteriormente, ele já vai até concordar. Até hoje, graças a Deus, a gente nunca perdeu um cliente no Pindavale. Pelo contrário, a gente está sempre renovando e sempre está ganhando indicação de novos clientes: “Oh, fulano que indicou, sicrano que indicou”.
RELAÇÃO COM O COMÉRCIO
Eu sou um comprador compulsivo. Minha mulher até brinca que eu não posso sair porque a compra de duzentos vai para quatrocentos. Então eu não saio muito. Se sair, é brincadeira. Sou completamente o oposto da minha esposa: minha esposa é calculista, ela chega, vê, noutro dia ela volta para pedir um desconto. Se eu olhar, não penso duas vezes, não. Eu já sou bem mais espinoteado. Quando solteiro, eu fazia compra uma vez por ano. Eu chegava numa loja, gastava 2 mil e comprava três pares de sapato, quatro calças, dez camisas. Eu era assim. Para não precisar andar mais na loja. Eu casei, eu tinha tênis de dez anos na caixa. Até um proprietário, Danilo Cozzi, do Magazine Cozzi, ele falou: “De onde você tirou esse tênis?”, “Eu comprei de vocês, há dez anos atrás”. Hoje, quem faz compra é a minha esposa, ela que sai, que compra. Compra em Pinda. Você pode dar cem, que ela volta com noventa.
FAMÍLIA
Minha filha gosta desse meio virtual. Ela já faz os blogs da vida dela, gosta de música, é estudiosa, está bem na escola. Então, graças a Deus, bem de cabeça. Tem as suas idéias de infância, de quer pintar o cabelo, ficar meio dark, mas a gente sabe que isso é temporário. Ela é bem compreensiva, é legal, bem bacana.
TRABALHO
Vivo trabalhando, 24 horas. Eu saio do escritório, estou em casa - eu tenho um terminal em casa também. Do escritório, e a qualquer momento, a gente pode ser chamado. Continuo, também, ajudando no bar. Sempre. Quando meu pai precisa, a gente está lá, com certeza. Até ele operou o joelho, acidente, ele ficou oito meses de cama. Eu ficava no escritório até as seis horas e depois eu ia para o bar, ficava até as dez, onze horas, até fechar. A gente dá um suporte. O comércio é como meus pais dizem: não tem folga, não tem férias, não tem feriado. Então é todo dia. Isso a gente tem, e na internet é mais ou menos a mesma coisa. O portal é atualizado constantemente e o pessoal, toda hora... Isso quando não vai lá: “Marcelo, você tem aquela música, tal, dá pra gravar um CD disso? Eu vou fazer uma festa em tal lugar, vamos fazer, vamos tocar em tal lugar”. Então, se você não está para uma coisa está para outra, 24 horas. O lazer é mais ou menos, em casa. Eu faço o que eu gosto; então para mim, o trabalho é um lazer. Eu vou tocar, estou bem; o programa acabou, eu estou bem. Eu ganho para ficar feliz. E o portal também é muito gratificante. A gente fazer uma coisa que a gente gosta. A gente faz o que a gente gosta.
AVALIAÇÃO
Comércio Eu tenho condição de falar com qualquer pessoa. Eu entro e saio de qualquer lugar, tanto zero como dez, converso com qualquer pessoa, tenho amizade com todo mundo. Isso se aprende no comércio. Todo mundo é igual, é indiferente a classe social, financeira, o resultado é um só: todo mundo vai para um mesmo lugar, independente se é bonito ou feio. Então isso é um coisa que deu um valor grandíssimo, nunca menosprezar ninguém. O mundo é redondo, hoje você pisa aqui, amanhã vai pisar de novo, não pensa que você vai pular esse espaço, não. Então você tem que ser igual com todo mundo, procurar atender da melhor maneira possível e nunca falar não. Mas aí tem um erro meu, eu acho que deve ser um erro, um bom ou mal, mas eu nunca sei falar não. Se a pessoa pede um negócio: “Dá um tempo aí, que eu tento resolver”, me atropelo de um lado, de outro, graças a Deus eu me saio bem. Tenho tanto anjo da guarda legal, que me dá força, e eu procuro sempre sair por cima. Graças a Deus tem alguém que ora por mim bastante, eu acho. Eu sempre me dou bem, eu tento passar um lado positivo quando eu chego para falar com a pessoa. Passo por cima, por baixo, eu dou um nó legal.
AVALIAÇÃO
Entrevista Legal, passar o que tem dentro. Tem vezes que fica com tudo isso e você não consegue passar. É muita amizade, muitas pessoas. Você poder conversar e passar o que você tem dentro. Foi muito legal. Foi um prazer enorme, agradável até de ser escolhido para estar passando essa experiência de vida.
Memórias do Comércio - Vale do Paraíba (MCVP)
Empreendedor virtual
História de Carlos Marcelo Cezar
Autor: Museu da Pessoa
Publicado em 11/03/2004 por Museu da Pessoa
P1 – Boa tarde Marcelo, primeiramente eu gostaria de começar a entrevista perguntando seu nome completo, local e sua data de nascimento.
R – Meu nome completo é Carlos Marcelo Cezar, né, eu nasci dia 8 de Dezembro de 1966, né, em Pindamonhangaba.
P1 – Qual o nome dos seus pais?
R – Meu pai é Ademir César e minha mãe é Antônia Cândida César.
P1 – E qual a atividade dos dois?
R – Comerciantes.
P1 – E os seus avós, você lembra?
R – Comerciantes.
P1 – Também? E o nome deles?
R – O meu Vô é Etelvino Abraão Raimundo, né, e minha avó é Maria Cândida Raimundo.
P1 – São avós maternos?
R – Maternos, da minha mãe e do meu vô, parte do meu pai é Onofre César e Maria César, minha avó eu não me lembro muito.
P1 – Você tem irmãos?
R – Não, infelizmente perdi um irmão num acidente e hoje eu sou filho único.
P1 – A origem da família é portuguesa?
R – Portuguesa.
P1 – Mas tem um Abrão aí?
R – Então, meu vô, é, não, esse Abrão do meu avô é português.
P1 – (Não é Abrão libanês?)
R – Não, não.
P1 – E eles, quem emigrou primeiro para o Brasil, você sabe, Marcos?
R – Do meu vô, da parte do meu vô, da família dele. Eles vieram de São Paulo, e eles que, como se diz, veio da família do meu vô para cá, aí meu pai, a família do meu pai já é daqui, né, meu irmão e minha mãe nasceram aqui também, mas meu vô veio de São Paulo para cá. Eles são, meu avô era de São Paulo, paulista.
P1 – Como é que era a rua onde você morava quando pequeno, como é que a rua, você pode descrever sua casa, como que era assim?
R – É aquela época, não, era terra, de terra, a gente morava, eu moro até hoje do lado na linha de trem, tá? E naquela época eram poucas casas que existia ali, a maioria era um bambuzal, um lago, um lago não, um riacho que passava por ali, né, que hoje ali é até por baixo da terra, e nossa casa, o bar, uma das casas existentes na rua era um bar, passava três, quatro terrenos, uma casinha. (PAUSA) Então era o bar, algumas casas, era o terreno baldio, vinha outra casinha, depois bambuzal, eucalipteiro, outra casinha e foi ali que a gente, eu nasci por ali, e depois a cidade começou a crescer de uma forma assim grande, né, teve uma época que eu conhecia todo mundo em Pindamonhangaba, meu nome, o pessoal me conhecia no escuro, eu era bem conhecido, eu trabalhava com rádio, até hoje trabalho na 94FM e fazia som nos clubes da cidade, dez anos num clube só, entendeu? Quer dizer, toquei em todas as casas noturnas que tinha em Pinda eu toquei, então eu era uma pessoa muito conhecida, então teve uma época assim, em 88 que andava de noite assim o pessoal: “Ó o Marcelo, ó o rato.” Porque o meu apelido de escola, de infância, desde os oito anos de idade é Marcelo Rato, então chega em Pinda pergunta se conhece o Marcelo, muita gente: “Qual Marcelo? O rato? Ah não, ele mora ali”, aí todo mundo me conhece, me acha facinho.
P1 – Você tinha falado que seus pais eram comerciantes, qual é o tipo de comércio?
R – Bar, sempre tivemos, meu pai também é comerciante desde a infância, e ele era açougueiro, tá? Meu vô tinha açougue no Mercado Municipal e o meu pai toda vida trabalhou com meu vô, né, depois que o meu vô, que é pai da minha mãe, veio a ficar com idade, passou o bar para minha mãe, que é hoje o meu pai e minha mãe que toca o bar. Aí meu pai passou a ser do ramo do bar, mas ele toda vida foi açougueiro, né, também na área do comércio, e depois passou a trabalhar também com o bar.
P1 – Esse açougue no mercado de Pindamonhangaba?
R – No mercado municipal, muitos anos, meu vô foi...
P1 – Você conheceu o mercado, como que era?
R – Conheci, lógico, conheci o presídio, eu quando era muito pequeno eu lembro muito pouco mas aonde é a praça da Liberdade era ainda o presídio, a delegacia, né, que era uma cadeia da cidade, eu tenho umas lembranças bem assim raras, mas eu lembro do que...
P2 – Você tinha medo?
R – Não, não. Eu lembro que o meu pai, a gente ia para o açougue, eu sempre acompanhava ele até o açougue de bicicleta, a gente passava lá em frente, mas já era na época que estava destruindo eu lembro mais da destruição do que de ver o funcionamento dela, mas eu lembro quando destruiu, isso há muito tempo, eu tinha uns sete, oito anos de idade?
P1 – E você ia junto com seu pai no mercado.
R – Ia, seis anos.
P1 – Como é que era o mercado assim na visão de uma criança?
R – Olha, era a barraca de peixe, era o açougue, a barraquinha de vender amendoim, pipoca, então era ali que a gente via e muita gente para lá e para cá, né? Quando chegava os bois que o matadouro era mesmo na cidade, meu pai sempre saía, a gente lembra que meu pai saía para ir para o matadouro, matar um porco, ou a vaca que seja, já cheguei até a ir com ele uma vez, a gente, né, tinha até dó, “Não pode ter dó não, é assim, você tem que” a gente lembra mais ou menos disso aí, era bem legal nessa época, era uma correria só, a cidade era meio pequena, e a gente conhecia muita gente na cidade, a família da gente é bem conhecida na cidade.
P1 – Mas o boi chegava como, de trem, não?
R – Não, não, não, vinha, acho que tinha na época acho que um caminhão muito estranho, um caminhão daqueles antigão, bem estranho, que chegava os bois, né, e até mesmo tinha época que vinha de charrete, uma época que chegava de charrete enrolada em um saco, entendeu, isso é bem, das vezes que eu cheguei a presenciar isso, porque quando é criança você pensa mais em brincar, ia lá para ficar brincando com o filho do outro proprietário, e pedir as coisas, dá isso, dá aquilo, compra bala. Era mais essa parte do que ficar analisando o que estava acontecendo ao redor.
P1- Do quê que vocês brincavam?
R – Ah, naquela época era a bolinha de gude, que era o forte, depois, mais para frente já começou o pião, né, que a gente usava o pião, era bem brinquedo primatas, né, mas era o que divertia bastante a gente.
P1 – E como é que era o cotidiano da sua casa? De manhã acordava, estudava? Como é que era?
R – Isso, a gente acordava, uma coisa que minha mãe sempre fez questão foi que a gente estudasse até mesmo hoje eu não tenho o segundo grau completo, porque eu não agüento ficar dentro de uma sala de aula, não tem jeito, eu não, mas não foi por falta de conhecimento, porque hoje eu tenho bem mais conhecimento se eu tivesse estudado, mas o meu irmão chegou a terminar o colégio, tudo, né, mas a gente levantava, primeiro era a lição de casa, né, antes de você fazer qualquer coisa, então se a gente não tivesse a tabuada e a cartilha na ponta da língua não tinha futebol, não tinha soltar pipa, não tinha nada, era primeiro tinha que ter o dever de escola para depois partir para o divertimento.
P1 – A sua mãe que acompanhava isso ou era só vocês?
R – Com certeza, nossa, não nunca minha ficava, ela costurava, eu me lembro que ela ficava na máquina costurando e a gente estudando, ela só falava assim: “Está pronto?”, “Tá”, aí tomava a lição, se tivesse pronto continuava, saía para brincar, se não continuava estudando.
P1 – Que você ia para a escola à tarde?
R – Eu ia para a escola à tarde.
P1 – E depois da lição, o senhor ia brincar um pouquinho, não?
R – Ah sim, se tivesse tudo nos conformes com certeza a gente ia brincar, e se não, continuava estudando até estar, tinha que estar na ponta da língua, se não. No primário meu, eu chegava, se eu tirasse nove, eu já chegava chorando em casa, tinha que ser dez, dez, dez.
P1 – Isso era uma exigência só da sua mãe ou era também do seu pai?
R – Não do meu pai também, sempre né, deixou a gente na parte do estudo escolher, primeiro o estudo para depois, até mesmo a gente ajudava no bar, mas assim, tinha o horário de todo mundo. Quem estuda de manhã ajuda no bar à tarde, estudava de manhã, aí o contrário, o outro que estudava de manhã trabalha no bar de manhã e trabalhava à tarde.
P1 – Nessa época o bar já era da sua mãe?
R – Não, não, era do meu vô ainda, mas o meu pai trabalhava na Ford aqui em Taubaté e a gente ajudava de uma forma, até mesmo que a gente morava nos fundos do bar entendeu, então para não ficar o dia mesmo para a rua, até mesmo era um meio da gente estar ajudando e estar fazendo alguma coisa útil para não ficar para a rua o dia inteiro, se deixar a criançada fica para a rua, e a gente não era diferente, era só deixar que a gente.
P1 – Está, então espera aí, seu pai primeiro tinha um açougue?
R – É, meu pai trabalhava com meu vô, com açougue.
P1 – O mesmo avô do bar, não?
R – Não, não, é o avô pai dele.
P1 – O pai dele era açougueiro.
R – Era açougueiro.
P1 – Então seu pai trabalhava com ele.
R – Isso.
P1 – Depois é que ele foi para a Ford.
R – Depois ele saiu do açougue, foi para a Ford, trabalhou quatro anos como açougueiro chefe da Ford.
P1 – Logo que inaugurou a Ford?
R – Logo no começo, é.
P1 – Ford de Taubaté?
R – De Taubaté.
P1 – E como é que seu pai fazia esse trajeto?
R – De ônibus todo dia ele saía às cinco horas da manhã para pegar o primeiro ônibus às cinco e meia, para chegar seis horas na fábrica.
P1 – Então e ele era açougueiro porque tinha refeitório?
R – Isso, ele atendia o pessoal do departamento executivo da fábrica durante quatro anos, e aí em 77, quando meu vô passou o bar para minha mãe, aí meu pai saiu da fábrica para ficar completamente no bar, aí a gente ficou direto só com o bar, até hoje.
P1 – Tá, de qualquer forma então, de qualquer forma vocês têm essa experiência do bar do seu avô que é pai da sua mãe?
R – Isso.
P1 – E aí, o que é que você lembra quando você era bem garoto?
R – Ah não, do bar a gente lembra muito, eu até tinha uma foto que eu queria trazer, uma da única daquele tempo, eu quase dormindo no balcão, eu não achei essa foto, é sacanagem. É, mas é uma foto que a minha tia me deu agora no final do ano passado, eu estive na casa dela, ela falou “- tem uma foto sua antiga”, eu falei “- Que legal!” entende? Eu quase dormindo no balcão, o rádio meu vô aqueles rádios maculados antigos que se não tivesse ligado meu avô virava um bicho, um barzinho bem simples, tá? Era duas portas parecia mais uma igreja que um bar, a forma, está na foto, vocês vão ver que o formato do bar parecia mais uma igreja e é um que tinha uma descida, o nível da rua para o bar era uma descida, então era até engraçado, o povo falava “Caiu para dentro saiu mais”, e a gente sempre teve uma clientela legal, muitos nomes, o João do Pulo era, meu vô queria morrer com o João do Pulo, o falecido João Carlos de Oliveira, que era muito amigo da gente, ele é um lá que ia e pedia: “Ó seu Abraão, me faz um pão com mortadela” e saía correndo, meu vô falava “Por isso é que esse negão aprendeu a correr!”, mas são coisas de infância, a gente morava no mesmo quarteirão, né, a família do João Carlos, e era muito engraçado, a gente lembra disso aí, era para dar risada mesmo.
P1 – E o quê que vocês faziam no bar?
R – Ah, a gente ficava lá.
P1 – Vocês ajudavam?
R – A olhar, porque naquela época, na verdade não tinha, né, não é um fluxo que nem hoje, um fluxo de movimento grande, mas você tinha que estar ali, a porta está aberta, tinha que ficar olhando, a gente ficava ali escutando rádio e chegava alguém, “Vô, chegou não sei quem.”, porque a gente morava no fundo tinha a casa, era no fundo, aí chamava: “Vô, chegou não sei quem”, aí chegava, atendia, ou até mesmo a gente só servia: “Ah, eu quero um cigarro picado, eu quero uma bala”. Naquela época era mais miudeza, né? “Ah, eu quero uma lata de sardinha”, umas coisinhas básicas, era bem bar de, quase uma mercearia, né, porque antigamente não tinha supermercado, não tinha muita coisa, então nos bares vendia quase tudo, né? E a gente ficava lá, e foi crescendo assim, a gente sempre,
P1 – E descreve esse bar para a gente, você já falou que então descia, e que mais tinha prateleira? Como é que era? Você entrava no bar, o quê é que tinha, tinha mesa?
R – Não, não, o bar era em L, é o quadrado do bar, ele era em L, um balcão em L, aonde era a pia do bar, certo? E aqui vinha aonde tinha a vitrine, né, que colocava pão, bolacha, entendeu? Em cima pendurava a mortadela, em volta era onde colocava a bebida, tinha pinga de tudo que é tipo, garrafas de caçulinha, é Crush, Gini, as coisas da Grapete, essas coisas que eram da época, a gente ficava louco para abrir um daquele lá, mas na época não era sempre que podia tomar, entendeu? Mas era mais ou menos isso aí.
P1 – E vendia por caderneta, ou por alguma...
R – Isso é, tinha, tinha a caderneta, tinha um livro lá que era sagrado aquele livro. O pessoal já tinha a clientela, a vizinhança por ali, né? Tinha a caderneta, comprava pão, leite, refrigerante, enfim, bebida, né, no geral, ia marcando e pagava no final do mês.
P1 – Vocês marcavam também ou só seu avô podia marcar?
R – A gente chegava, teve uma época que a gente só sabia escrever e tudo, a gente já começava a anotar também ou a gente fazia um rascunho, né? Tinha um rascunho, passava para ele marcar no caderno, eu até trouxe uma capa de um caderno aí que era o que anotava as coisas da época lá, um livro de anotação do meu vô.
P1 – Mas aí só vendia para a vizinhança para o pessoal mais conhecido, não era para todo mundo.
R – Não, aí é, até mesmo para você pegar um crédito, você tinha que ter um certo, é igual hoje, né? Hoje até mesmo para você liberar um crédito você tem que conhecer a pessoa, não é qualquer, é diferente de você chegar no banco se você tem dinheiro, ele te abre um crédito, agora comércio não é assim, se você primeiramente você vai conhecer a pessoa para ver se você pode dar um crédito, porque comércio é até difícil de você, se amanhã ou depois a pessoa for no bar, “você está me devendo tanto”, “Mas eu não tenho dinheiro para pagar”. Pronto, você vai me matar, vai prender, não tem como, entendeu? Então é uma faca de duas pontas, ou você arrisca, vende e fica com o cliente, ou você perde um pouco, já teve épocas que nós tivemos bastante pendência de clientela, entendeu? Mas hoje em dia a gente tem uma clientela muito bem selecionada, entendeu? Hoje o comércio do meu pai, graças à Deus a gente tem uma clientela assim que pode-se dizer a nata da cidade freqüenta lá, entendeu, então é bem selecionado.
P1 – Você falou que ele é um dos mais antigos de Pindamonhangaba?
R – Isso, o meu avô adquiriu esse bar em 49, tá, mas o documento que a gente tem aí é de 55, quando a prefeitura liberou, né, naquela época para poder até mesmo o funcionamento com o negócio de saúde, entende, então eu tenho oficial assim, 1955, mas a gente tem o relato já de 49 lá, eu não trouxe isso aí porque até mesmo é um, na prefeitura consta como 55, então não adianta, mas foi em 49, logo depois que meu vô veio da guerra, minha vó veio a falecer, aí, ele, né, para tratar da minha mãe, das minhas tias, do meu tio, tudo, ele montou o bar.
(PAUSA)
P1-Marcelo. Vamos retomar, seu avô voltou da guerra?
R- Isso, meu avô foi na revolução e aí minha veio a adoecer, faleceu, aí meu avô pegou e montou o bar, né, para poder até mesmo...
P1- Revolução de 32?
R- Isso.
P1- Mas o bar é de 49?
R- Então, depois da revolução meu vô, tá, aí ele fez parte da FAB, da FAB, né?
P1- Então ele participou da revolução de 32 e também da segunda guerra?
R- Isso, ele fez parte da FAB, aí logo que acabou a guerra ele montou o bar e daí ele, né, foi os frutos de hoje que nós temos lá foi dessa tomada que ele teve de montar o bar.
P1- E ele contava para vocês histórias da guerra, da revolução?
R- Contava, tinha lógico.
P1- O quê é que você lembra?
R- Ah, eu lembro das músicas que ele cantava da época do Getúlio.
P1 – Ele era getulista?
R – Meu avô era meio da pá virada, ele ficava sentado com o revólver na cintura.
P1 – É mesmo.
R – Minha mãe teve uma época que até que teve que tomar a arma dele, porque meu avô era meio espinoteado no Natal ele levantava a arma para cima e comemorava “tá, tá, tá” descarregava a arma. E sempre falava de militar que ele sempre gostou do militarismo e contava que na guerra o negócio não era brincadeira não, o negócio é servir, se dormiu no ponto já era, contava as histórias assim, a gente não dava muita atenção para isso até mesmo porque naquela época era até meio assustador, né, o negócio de guerra você fica até com medo, então a gente procurava até evitar perguntas, mas a gente lembra, ele contava outros amigos dele também que até hoje tem uns que até que estão até internados em alguns hospitais que tratam desse problema, né, tem aquela síndrome da guerra, até tem um lá que chamava quando era criança falava “ui,ui,ui”, ele falava: “Vai com Deus, Nossa Senhora” a gente assobiava “fiu”, aí ele “Desgraçado, maldito, morra.”, ele pensava que era uma bomba que estava caindo e já ficava revoltado, e a gente quando moleque fazia questão de provocar ele para ver.
P1 – Porque o seu avô saiu daqui de Pindamonhangaba para ir para a guerra?
R – Isso.
P1 – Porque teve um batalhão, não foi?
R – Teve. Então aqui em Pinda.
P1 - Você sabe essa história?
R – Mais ou menos, eu sei que tem a FAB aqui em Pinda teve um grupo de pessoas de Pindamonhangaba que foi participar da guerra, da revolução, entende, e nessa época ele fazia parte do exército, né, eu não sei qual companhia, tudo, mas ele sempre contava que participou, a gente lembra mais ou menos assim, entendeu, não tem os detalhes concretos, mas é o que ele passava para a gente que ele sempre estava, foi, participou, como é que era, como é que não era, era mais ou menos assim, nessa parte.
P1 – Está, então abriu o bar em Pinda, era bem pequenininha?
R – Não, era, algumas, mas, né, tinha aquele centro, pá, e a gente até mesmo eu conheci mais o centro depois dos sete, oito anos de idade, que aí a gente ia com meu pai para o mercado, a gente ia mais para o centro, mais assim, bem pequeno é mais a redondeza do bar que a gente morava ali e conhecia mais o quarteirão da casa mesmo, até mesmo porque naquela época não tinha iluminação adequada na rua, era bem complicado.
P1 – Como é que seu avô abastecia a mercearia, você sabe, Marcelo? Os produtos, de onde vinham?
R – Na verdade tinha no mercado, né, e lá tinha um pessoal que fornecia alguns produtos, então mortadela, lingüiça caseira, entendeu? Leite vinha de, comprava leite de alguns fazendeiros e leite era mais para a gente mesmo do que para, porque o pessoal tudo comprava leite da carrocinha, passava a charrete, já comprava na charrete, não tinha leite de saquinho naquela época, depois quando saiu que a gente até mesmo foi muito pouco que a gente trabalhou com leite, era mais, e pão de vez em quando, mas era mais mortadela, bolacha, balas, doce.
P1 – Ele comprava no mercado?
R – Isso, aí depois teve um pessoal também, outros empresários, outros empresários que criaram um meio de fornecer isso, elas aí passavam e entregavam lá, né.
P1 – E era bem pertinho da estação de trem?
R – Não, a gente, é colado a nossa casa, é a rua, tem uma, como é que ela, é um quarteirão de casas, já é a linha de trem. Então a gente de frente, com a linha do trem, o bar.
P1 – Então você acompanhou bem, assim?
R – Até todo mundo que visita a minha casa vai lá por perto, fala “Meu, você escuta o trem?” eu falo “Que trem?”.
P1 – Que não tem barulho?
R – Nossa, a gente nem percebe que o trem, já acostumamos toda a vida morar ali, então a gente nem liga mais para trem nem nada, eu moro colado com a linha do trem, minha casa é do lado da linha, é uma guarita. (Risos)
P1 – E quando você era garoto, tinha bastante movimento a estação de trem?
R – Ih, ,tinha, eu fui para o Rio de Janeiro de maria fumaça.
P1 – Você lembra?
R – Lembro, eu tenho parente.
P1 – Que idade você tinha?
R – Eu acho que eu tinha uns cinco anos de idade.
P1 – Conta para gente a viagem.
R – Eu lembro que a gente, eu tenho um tio, um falecido tio, que morava em Angra dos Reis, e esse tio, toda vez que ele vinha para cá visitar a gente era uma festa, entende, uma vez a gente foi para o Rio, né, e esse trem ia até Barra Mansa, ,foi de Maria Fumaça, ,nossa, um espetáculo. Eu lembro que, eu só via os ferros passando, “tá, tac, tá tac, tá tac”, era uma coisa, era muito legal, passava a ponte do Paraíba, que ele beira o Paraíba uma boa parte, nossa, isso aí é a única vez que eu andei de trem para o Rio, foi essa, de trem mesmo. Depois foi só metrô e outras coisas, mas foi muito, Rio e Campos do Jordão, o bondinho que também era uma coisa muito legal.
P1 – Ah sim, porque saía de Pinda.
R – De Pinda para Campos do Jordão também era uma coisa fantástica.
P1 – Você fazia sempre esse passeio?
R – Não, não, até que se eu falar que eu subi de bondinho umas cinco ou seis vezes acho que foi muito até mesmo pela, sei lá, não sei se é porque a gente mora ali, já fui, uma vez não é tanto, dá tanto interesse de voltar, né, mas foi poucas vezes que a gente subiu de bondinho. Ia mais para Piracuama, quando a gente era moleque a gente ia mais para Piracuama nadar, aí a gente sempre ia de bondinho, todo final de semana.
P1 – Piracuama é um rio?
R – É um ribeirão, onde tem um ribeirão grande e tem o Piracuama onde o balneário, Reino das Águas Claras.
P1 – Aí que fica em Pinda?
R – Isso que fica em Pinda e a gente sempre ia de bondinho.
P1 – De bondinho elétrico?
R – Isso.
P1 – O bondinho de Pinda?
R – Isso. De Pinda para, porque esse bondinho antigamente fazia Pinda-Campos do Jordão, e tinha um bondinho que fazia Pinda-Piracuama, que ele ia, até hoje tem, os horários é que eu não me lembro, ,mas até hoje tem, tem muitas excursões que vem para Pinda para ir para Campos do Jordão, para ir para o balneário de bondinho e naquela época era gostoso, no verão você pegava e ia para lá.
P1 – Os seus pais deixavam vocês irem sozinhos ou eles iam juntos?
R – Não, mas nessa época a gente já era, já tinha uns 13, 14 anos, a gente ia sozinho, já ia com o pessoal também mais velho que morava por perto de casa, a gente sempre com o pessoal, até mesmo com a família de vez em quando ia, né, algum tio ou parente a gente ia junto, mas a gente ia mais com a moçada mesmo, a molecada, a gente juntava, ia até mesmo escondido, tinha vez que a gente ia escondido, e aí começou a dar muito acidente a gente ficou com medo.
P1 – Acidente assim?
R – Aconteceu, eu lembro de uma época, teve um acidente que o bondinho estava vindo que Campos do Jordão não teve freio, nossa, morreu muita gente, aí começou a dar medo da gente, aí a gente corou assim esse passeio aí que a gente começou a ficar com medo, apesar que a gente não pegava o mesmo trajeto, já era trajeto não da serra, mas aí começou a despertar outros interesses, a gente começou a mudar os gostos.
P1 – E o rio era limpo nessa época?
R – Não, não, até hoje é, o rio é uma maravilha, a água cristalina.
P1 – Tem peixe?
R – Eu já cheguei a ver peixe por lá, tem sim. É que muita gente vai lá nessa época agora assim fica cheio de gente, mas lógico, com certeza era água é limpinha, ,você via os peixes nadando, o fluxo de gente hoje é completamente diferente, naquela época a gente ia lá, você encontrava, vamos supor, 40 pessoas, hoje você vai lá encontra 400, então é bem diferente.
P1 – Então você estudou em Pinda?
R – Estudei em Pinda.
P1 – Como é que se chamava a sua escola?
R – Estudei meu primário até o ginásio no Doutor Alfredo Pujol, na escola centenária, uma escola tem 100 anos em Pinda e terminei meu ginásio no Mário (Zulcão Judiz?) que é o Santana, e parei lá e fiquei estacionado lá, eu não.
P1 – E como é que era assim, tinha uniforme, era muito rigoroso?
R – Tinha, eu peguei aquela época a gente era obrigatório a calça jeans azul e a camisa branca e tinha que andar com a bandeirinha do Brasil no bolso da camisa, que senão era problema naquela época.
P1 – E era rigorosa a escola?
R – Era, era hino nacional e hino da bandeira todo dia de manhã, naquela época, eu entrei na escola com seis anos, 66 para 67,
P1 – 72.
R – 72, naquela época ainda era o militarismo, né, estava quase se acabando, mas ainda era o forte, entendeu. Então essa do amor ‘a bandeira era todo dia. Então a primeira coisa era o hino da bandeira, o hino nacional para depois começar a aula.
P1 – Teve algum professor, a professora que te marcou?
R – Ah, sim, o primeiro ano, dona Marina que foi uma professora muito legal, apesar dela ser brava de montão, mas era muito engraçada, a falecida dona Dolores, que foi uma professora da terceira série, a gente jogava capoeira dentro da sala de aula, ela era muito legal.
P1 – Com ela?
R – Com ela.
P1 – Aula do quê que ela dava?
R – Não, da terceira série do primário.
P1 – Primário.
R – Até hoje o filho dela é muito meu amigo, do Paulo, engenheiro hoje, nós estudamos juntos, e enfim, no primário a gente tem lembrança bastante dos professores. Professor Lúcio, ,que deu aula de matemática, já no ginásio, primeira Quinta série, o Professor Roberto, falecido também, meu professor de educação artística, nossa, ele gostava muito de mim, professor Lima, hoje também grande professor de educação física, professor reitor aqui da faculdade de Taubaté, professor Lima, muito conceituado também, muito meu amigo até hoje somos né, fazemos bastante trabalhos juntos, é um professor também que foi muito legal na educação física.
P1 – E você praticava esporte na época da escola?
R – Praticava, sempre gostei de jogar bola, joguei basquete, joguei vôlei, tem uma época que você não sabe o que você quer, você quer tudo. Então joguei basquete, joguei vôlei, futebol, que mais, bom na escola era mais isso. E até hoje gosto de jogar uma bolinha no fim de semana. Toda Quarta-feira na verdade a gente joga agora, tem um pessoal que a gente se reúne, joga bola, ,e mas na escola era mais o futebol de salão que a gente jogava e o basquete que eu cheguei a jogar basquete uma época, até mesmo teve um campeonato na cidade que eu cheguei a disputar.
P1 – Tinha clube em Pinda?
R – Tinha, cheguei a freqüentar os clubes, os melhores clubes da cidade eu cheguei a ter o prazer de ter entrada.
P1 – E quais eram esses clubes?
R – Eu cheguei a pegar a Ferroviária que hoje é um grande clube, quando ela era ainda lá onde hoje é o supermercado Excelsior e na época meu vô fazia parte da diretoria então a gente teve o privilégio com uma idade assim, hoje não é tão difícil uma pessoa de dez anos entrar num clube, né, mas naquela época era impossível, aí a gente teve o prazer de poder conferir algumas festas na Ferroviária lá, e no Basquete que era um outro clube que era na frente. Então esse foi logo, esse eu lembro era assim bem de relance, porque foi uma entrada assim, que eu vi, e nossa “basquete”, entrei para e logo depois passou uns meses fechou, ,onde é o banco Banespa hoje em Pinda.
P1 – E tinha festa, você está falando, você já ia nas festas.
R – Tinha. Os carnavais eram, nossa.
P1 – Como era?
R – Nossa, coisa de louco, um dos melhores carnavais da região era em Pindamonhangaba, graças a Deus, eu consegui conferir vários deles, eu saía em bastante escola de samba, saí na Pendense, na (Tonora?), no Chafariz, no como é que fala, nos Charles, na (USP?), então as grandes escolas que teve em Pinda eu participei.
P1 – Escola de samba mesmo?
R – Isso, bloco e escola de samba.
P1 – Bem agitado.
R – Bem agitado, aí o tempo foi passando, as idéias foi mudando, hoje até a gente não tem um carnaval como antigamente, era muito legal, você ia no carnaval era aquela cidade cheia, eram 12 escolas de samba, mais 10 blocos, era aquele negócio gigante, e hoje tem duas, três, então, mas a tendência é sei lá, um dia voltar, quem sabe.
P1 – Marcelo, como chamava o bar do seu avô, como é que chama, aliás.
R – Era Bar do Abrão, quando era do meu avô, e hoje é Bar do Ademir.
P1 – Ademir, que é seu pai?
R – Que é meu pai, mas o nome lá é Bar Avenida, né, que a placa é Bar Avenida, mas todo mundo lá, é “Onde que é o Bar Avenida?”, ninguém sabe, “Onde é o Bar do Ademir?” todo mundo sabe. E na época do meu avô barzinho do Abrão, era consagrado na cidade
P1 – Você sabe se atendia muito viajante?
R – Ah, atendia. Meu vô era uma figura, então como eu estava contando antes que a minha mãe teve que tomar a arma dele uma vez, meu vô chegou uma época que ele fechou uma porta e ficava só com uma porta aberta das duas que tinha, deixava, o pessoal batia ali, ele já virava o canto do revólver já, “pá, pá”, já assustava todo mundo “agora não atendo mais”. Então era uma coisa assim, bem primitiva naquela época.
P1 – Tá, mas tinha muita gente de passagem por Pinda, por exemplo?
R – Era mais fazendeiros por ali, era bastante gente de charrete, de cavalo, né, que carro ali era bem escasso na época, depois com o tempo que a vizinhança foi aumentando, foi aparecendo o pessoal com carro. Então eu tinha a foto também, eu em cima de um dos meus padrinhos que tinha um carro, isso na época era uma das famílias bem de potencial financeiro entendeu, eu em cima de um Ford 45, isso é uma raridade, também só que eu não consegui achar essa foto, entendeu, ,e ele morava bem na frente onde é o bar do meu avô.
P1 – Eu digo assim, porque de repente o Vale do Paraíba é uma região onde as pessoas estão um pouco nesse trajeto São Paulo-Rio, ou até São Paulo-Campos, você não lembra disso, de atender a essas pessoas? Às vezes vendedores que vinham?
R – Sim, lembro, sempre que passa até hoje, “Ah, eu estou indo para Campos de Jordão, você sabe para onde é, como é que eu faço para ir não sei para onde?”, isso até hoje, é porque na verdade, onde meu pai tem o bar é uma avenida, ela na verdade você entra, Pinda, pelo Feital, pela Dutra entra no Feital, numa reta só você vai sair em Campos do Jordão, você corta a cidade e vai para Campos do Jordão, é uma reta só, entendeu, então ali imagina quem vinha do Rio, entrasse em Pinda por ali com certeza ia passar na frente do bar: “Está indo para onde?” “-Eu estou indo para São Paulo”, ou ia pegar a SP66 que passa e corta, que é Pinda-Taubaté, né, que também corta por ali, ou ia seguir direto para Campos do Jordão. Então sempre teve esse pessoal passando por ali, né, os empresários que sai, vai lá para trocar uma idéia, beber, comer, é muito lega,. Né?
P1 – Sua mãe ainda trabalha no bar?
R – Não, minha mãe todo dia está ela e meu pai todo dia, de manhã até a noite.
P1 – E seu pai não estranhou mudar de repente de açougueiro para dono de bar?
R – No começo sim, meu pai tem até hoje o sonho de um dia montar um outro açougue para ele.
P1 –É mesmo.
R – Quem sabe um dia aí a gente ganha na loto e monta um açougue. Ele sempre teve vontade mas sempre ele mexe, então vira e mexe o pessoal quer fazer uma coisa lá. Ele faz, compra a carne, ele sempre gostou disso. Vai fazer churrasco, ele que resolve a carne, ele é que limpa o frango, ele que desossa, leitão, ele que desossa. Então essa afinidade não acaba nunca. E minha mãe na cozinha, né, o salgadinho.
P1 – Ela que faz?
R – Ela que faz, não é por querer, por merecer, mas um dos melhores salgadinhos da cidade, teve uma época que a gente chegou fornecer para todos os comércios da cidade, salgado, aí a idade vai chegando, a gente vai se acomodando, a gente vai ficando só com a gente mesmo, lá, entendeu, atendendo até mesmo só o bar, mas chegamos uma época que a gente fornecia salgado para todos os pontos comerciais da cidade.
P1 – E Marcelo, ,e nesses bailinhos, alguma namorada? Como é que era, anos 70,
R – Não, até que não. Eu era mais, eu era não, eu sou até hoje fanático por música, eu vivo música, corre nas veias música, entende, então o clube é mais para mim estar apreciando o local, o que está rolando, a música que está tocando, como o cara está fazendo, entendeu? E hoje como eu também sou um DJ, tá, a gente, né, então, todo lugar que você tá a visão é sempre essa, ver o que o cara tá fazendo, como ele está fazendo, até mesmo para ver se aproveita alguma coisa dele, né.
P1 – Mas você tem uma namorada?
R – Não, eu sou casado, faz 13 anos, entendeu?
P1 – E como é que você conheceu a sua esposa?
R – A gente conheceu na escola, sabe, nós conhecemos passando na frente da escola, ela estudava numa escola, no Rodrigo Romero, eu passando lá em frente aí sem querer ela mexeu sem querer, aí quer dizer naquela brincadeira, até na época eu estava de moto, aí eu voltei e assim, “Você mexeu comigo, não sei o quê?”, “Eu não”, não sei o quê, não o que lá, aí sabe aquele amor ‘a primeira vista, aí eu peguei e comecei a seguir ela, pá, e ela deu uma volta enorme para mim não saber aonde era a casa, né, e fomos ver ela morava na esquina da minha casa, na mesma rua, ai.
P1 – Como é que ela chama?
R – Rosana, e até hoje, depois disso a gente, começamos a namorar, casamos, hoje temos uma filha de 13 anos, a Tamires.
P1 – Vocês casaram em Pinda mesmo?
R – Casamos em Pinda mesmo.
P1 – Como é que foi o casamento?
R – Ah, essa foi a festa, imagine só, todo mundo me conhecia na época, foi no clube do japonês que chamou lá e lotou, todo mundo que você imaginou foi na festa, ,foi festão mesmo, foi uma grande festa, foi uma festa, o meu sogro e o meu pai fizeram uma festa assim para deixar todo mundo satisfeito. Na época fazer uma festa, casei em 90 então foi um festão.
P1 – E vocês viajaram em lua-de-mel?
R – Viajamos, viajamos para o Rio, fomos para Resende na casa de um tio passear lá e ficamos por ali, na verdade, na época eu já estava no bombeiro e cinco dias só que você pode curtir, mas tudo bem a gente aproveitou bastante.
P1 – Como é que vocês foram, de carro, de moto? Você tinha moto?
R – Não, nós fomos de carro, tinha um tio que me emprestou um carro, a gente foi de carro, passeamos, ficamos em Resende, conhecemos, subimos para o Morro, né, ,lá para cima, Mauá, é, Visconde de Mauá mesmo, não, não, ali em Resende para cima é Mauá mesmo. É lá para cima da Serra, a gente foi para lá, passeamos lá e viemos embora, foi uma lua-de-mel boa.
P1 – Você foi bombeiro, quando isso Marcelo?
R – Entrei em 90 no bombeiro.
P1 – Por que você resolveu ser bombeiro?
R – Olha, foi de estalo, eu trabalhava na Alcan, né, em 85 eu saí da Alcan e apareceu um amigo meu falando assim: “Aí, vai Ter um concurso para bombeiro, vamos fazer?” eu falei: “Pô, nossa, legal bombeiro, pô, salva-vidas, vamos fazer.” E eu tinha uns parentes meus que moram no Guarujá, mora no litoral, e porra, mas lá tinha a guarnição do CBS, que é lá no Guarujá, eu ficou aquilo na cabeça, de ser salva-vida, pá, aí fizemos o concurso, ,fizemos a inscrição aqui em Taubaté e o concurso foi em São José dos Campos, 12800 candidatos para 133 vagas, e eu e esse amigo, né, entre outros, lógico, muitos lá da cidade participamos. E assim, sem esquentar muito a cabeça, sem estudar, sem nada, vamos lá. E fomos, a primeira, no dia que a gente foi fazer a prova em São José eu tinha feito som no Sábado, cheguei quatro e pouco da manhã, nem dormi, ficamos na varanda da casa dele esperando o ônibus que ia passar, porque a prova era no Domingo, para pega a gente, aí o ônibus parou na frente buzinando, um olhou para a cara do outro assim, dormindo na rede, “Vamos?”, “Ah, não vamos nada. “Vamos?”, “Vamos nada.”. E o bonde, bá bá bá, aí os caras tudo abriram a vidraça do ônibus falou: “Vamos embora, vamos lá”, não sei quê, aí despertou a gente e fomos. Bom, entramos no ônibus e fomos. Aí chegamos em São José, fizemos a prova, sentamos assim e veio aquela prancheta, falei “Nossa”, aí foi, ,vai, vai, vai. Foi embora, dali foi indo. 12800, no primeiro corte cortou 5000 pessoas, “Passamos”, estamos entre os 7800. Depois cortou mais 2800, “Pô, estamos no 2mil, ,e foi vendo assim e a gente prestando, vendo, fazendo exames, fazendo entrevista até que chegou no dia D, tinha 500 candidatos para 133 vagas, né? Aí esse dia foi o dia que mais me deu emoção que, depois de passar todo aquele tempo, quatro meses de vai e volta, agora você começa a pegar gosto do negócio e nisso um dos amigos nossos, que hoje é bombeiro até hoje ele estava no recrutamento, chegou para nós e disse “Pô, mas vamos, Guarujá, praia, mulher bonita, jet ski, navio, aí a gente ficou ouriçadão, vamos lá, ,então agora não depende mais da gente, agora depende. E quando a gente passou né, começou, “Agora a gente vai chamar o pessoal que foram, e foi chamando, pá pá, 98, 98, hora que chegou no 122 chamou o meu amigo, né, Valdir da Silva Macedo, aí deu aquele gelo no coração, “Puta merda, ele vai, eu não vou” aí em seguida chamou “Carlos Marcelo César” ai, foi uma loucura, e daí a gente foi, a escola foi no Guarujá como a gente fez salvamento, foi no Guarujá, ficamos um ano e dois meses numa escola assim rigorosa, foi até mesmo um cobaia da época que eles estavam fazendo um plano de, do militar fica no tipo uma escola que hoje voltou, o padrão de seis meses de novo, naquela época, então você fazia seis meses de polícia militar e depois seis meses de aperfeiçoamento bombeiro, salvamento, enfim, e nós ficamos nessa e depois nos formamos, aí cada um foi para um canto, eu fui para, corri esse litoral todo, e ele está até hoje, hoje ele trabalha em Campos de Jordão, entendeu, entre outros amigos nossos que estão no bombeiro.
P1 – Vamos falar então um pouquinho da tua trajetória profissional, quer dizer, você já ajudava no comércio aí de repente você foi para a Alcan Direto?
R – Não, não, em 85 eu entrei para trabalhar na (Disose?) companhia de papel e celulose em Pinda. Eu trabalhei 3 anos lá, entrei para trabalhar como ajudante de preparação de massa, depois passei para operador de massa, depois passei para o laboratório de controle de qualidade aí de lá eu saí, ,entrei na Alcan, laminação na parte da Calorex que faz aquela placa que gela na geladeira, na parte de refrigeração e quando eu saí da Alcan em 85 eu prestei o concurso da polícia militar e passei para o corpo de bombeiro e eu saí do bombeiro, me afastei do bombeiro e voltei de novo a ficar no bar com o meu pai.
P1 – É, mas você já estava falando que você fazia som, quer dizer, você tinha essa atividade.
R – Ah não, som eu tive essa atividade toda vida, desde 79 eu, festinha e toca em aniversário, eu estava em todos, entendeu, eu sempre gostei disso, ,festa de aniversário era eu que animava e depois em 84 eu conheci o Ronaldo que fazia som na Ferroviária entendeu, a gente começou, eu comecei, fui parar em 94, de fazer, fiz dez anos som direto num clube só, que era na Ferroviária, entendeu, fiz som em outro local também, entendeu, toquei em tudo que é canto que você pode imaginar em Pinda e depois esse aí é um paralelo da minha vida entendeu, o som eu faço até hoje, todo dia, o pessoal: ”Olha, quero fazer um aniversário de 15 anos, quero fazer um baile, ,quero fazer uma festa, o DJ Marcelo Rato” eu estou lá, entendeu, é uma coisa que sei lá eu vou conseguir parar não sei como, quando, e a profissional, depois que eu saí do bombeiro, fiquei no bar com meu pai, a gente né, terminei minha casa, e em 99 e o Júlio, meu sócio no Portal Pindavale, montamos o Pindavale, tá, nós, ele trabalhava em uma loja de informática na frente do bar, a gente cumprimentava muito pouco, conhecimento assim mais de morar na mesma rua, mas não tanto amizade, e ele tinha saído de lá e eu tinha montado uma papelaria para minha esposa onde hoje é o Pindavale e não estava virando, entende, gostamos, montamos a papelaria, mas não estava virando. Aí voltei a manter um estúdio, um estúdio de gravação como eu mexo com tudo isso eu tenho um arsenal de música lá, coleção imensa, onde eu faço carro de som, gravo propagandas de rádio, as montagens que eu faço do programa, enfim, ,eu tenho um estúdio, e eu saindo do estúdio, e já mexendo com computação eu tinha um computador e falava sempre assim, minha mãe até falava “Pô, você fica o dia inteiro aí a internet vem, o telefone vem uma conta”, aí eu falava, “Mãe, ainda vou arrumar um jeito de ganhar dinheiro com isso aí, ,calma que um dia a gente vai encaixar.” E saindo na porta assim num final de semana, num Sábado o Júlio “Ô e aí” começamos a conversar, até o meu cunhado estava junto, aí eu falei para o Júlio, “Pô, Júlio, precisa montar alguma coisa para a gente ganhar dinheiro, né, a internet está crescendo e tudo, ele falou “Pô, eu tenho uma idéia, montar um supermercado na internet”. Eu falei, “pega lá para a gente dar uma olhada né”. Aí ele trouxe a idéia do supermercado na internet e aí eu já falei “Pô, porque a gente não faz aqui um site da cidade, a gente vende propaganda e a gente faz virar aqui um site da cidade. Eu tenho os contatos e você tem a agilidade, você faz e eu vendo, começamos e nisso no outro dia na Segunda-feira nós começamos, e já tinha a empresa, o meu estúdio já tinha a empresa a CMC multimídia que é a empresa, eu já tinha a documentação, terminamos só de regularizar para poder trabalhar com internet, com vendas e começamos atrás da papelada, resolvemos isso aí e começamos, montamos o Pindavale, e fizemos a maquete do negócio e eu já saí com papel, já comecei a vender e nisso o contato que a gente tinha dos empresários que sempre freqüentaram o bar do meu pai, já conhecia e a gente se conhecia porque até mesmo fiquei muito tempo com eles lá, né, “Ah, você está fazendo?”, “Estou fazendo um site não sei o quê, pá pá” e eles foram acreditando no nosso trabalho, então as empresas grandes já fazendo parte do portal do site, na época era um site, não era um portal como é hoje, e já começou a dar crédito para nós, então você chegava: “Ô, fulano já está com a gente”, “Pô, que legal, vamos fazer” e começou a crescer e a idéia foi funcionando primeiro ano difícil, mas a gente começou, aí fizemos no final do ano, dia 29 de novembro, no primeiro ano fizemos uma festa no centro da cidade, colocamos um trio elétrico, telão, apresentamos para a cidade o site, e daí começou as visitas aumentaram, né, de 300 para 500, de 500 para mil, isso por mês, aí de mil para dois mil, três mil, aí já começou 50 por dia, 100 por dia, 200 por dia, hoje nós temos 5500 visitas por dia no portal, entende, então o portal de acesso assim a cidade todo o Vale acessa, o pessoal todo que mora fora, a gente tem muita gente que é de Pinda, até mesmo de Taubaté, São José, que acessam e que estão fora daqui mandam e-mail, correspondência, conversam com a gente dentro do portal, a gente disponibilizou, tem o rádio on line, televisão, entendeu, a história toda da cidade, fotos de baladas, enfim, você está dentro de Pinda na internet em qualquer lugar do mundo, entendeu? A gente colocou isso na prática hoje está dando esse resultado que a gente tem aí, com do portal estar com um grande número de visitas e que está sendo aceitado por todas as entidades, e foi assim que começou o Pindavale, eu e o Júlio vamos, vamos e pronto. Hoje estamos lá com o portal e com certeza, e eram frutos para cinco anos, “Não, isso daqui a cinco anos vai ser o futuro” e acreditamos e hoje, três anos do portal, dia 29 agora a gente comemora três anos com uma grande festa, só para você Ter uma idéia, essa festa de Sábado agora, nós conseguimos colocar em parceria conosco, nesta festa da Pindavale, todas as entidades da cidade, as três companhias do exército, a 1ª blindada, o 2º batalhão Borba Gato, a 12ª companhia, teve Delegacia da mulher, Delegacia de ensino, delegacia de polícia civil, polícia militar, corpo de bombeiro, defesa civil, Rotary, Lions, Apae, Fabiano de Cristo, e bom, tem mais alguma, a OAB, então todas as entidades vão estar com estande participando, dando a força nessa festa, que vai ser uma grande festa, dia 29, ,12 bandas também se doando, dando uma força nessa festa solidária e os DJs né, 20 DJs, os amigos que tocam na região toda vão estar aí também fazendo uma participação lá e dando uma força porque nos outros dois anos nós fizemos a festa para a população e não cobramos nada, fizemos para divulgar e esse ano pintou a idéia de com essa festa arrecadar alimento, aí um outro amigo que esteve lá que também deu uma força na idéia, o Trajano que hoje trabalha na Vanguarda aqui em Taubaté falou: “Ô, Marcelo, vamos, pô, dá para fazer um negócio grande, vamos fazer um negócio assim, assim, assado”, aí eu só: “Nossa senhora, um negócio monstruoso, não sei o que será?”, e nisso ele se afastou porque até mesmo a Vanguarda como está em Taubaté está meio complicado, eu peguei e sou uma pessoa que se eu coloco a cara a tapa eu deixo bater, entendeu, então eu fui, entrei e entrei com tudo, e aí eu falei “Não, essa festa vai sair desse jeito, do jeito que está no papel aqui vai ter que sair”, e fui atrás das entidades, fui atrás do pessoal, fui atrás do comando, fui e graças a Deus, ,com o conceito que a gente tem na cidade a gente foi sim, sim, sim, e se Deus quiser dia 29 vai ser a festa que vai emplacar na cidade.
P1 – Vamos voltar um pouquinho quando você trabalhou como bombeiro, você optou então por salvamento. Quais as histórias boas desse período? Quanto tempo foi mesmo Marcelo?
R – Bom, graças a Deus nunca teve nenhum óbito no meu trabalho.
P1 – Mas você salvou bastante gente?
R – Não bastante porque até na verdade a gente faz uma prevenção né, a idéia não é salvar ninguém, a idéia é prevenir para que ele não afogue, entendeu? Então a gente trabalhava forte e a corporação até hoje tem mérito referente à isso, entendeu, se vocês verem a taxa de afogamento no litoral é baixíssima entende, e casos assim de tragédia que é o destino, a pessoa comeu, passou mal, ou coisas desse tipo, afogamento mesmo a gente procura fazer o trabalho bem feito. Isto era, a gente procurava evitar, entende, mas nos últimos meses que eu estava no bombeiro, teve uma menina na época uns 16, 17 anos, nossa, uma menina, uma mulher, ela é grande e estava eu que sou miudinho e um rapaz o Teixeira que trabalhava comigo que também é miudinho, e ela se afogou ali, no Perequê e só nós dois lá, nossa, aí vamos para isso e chegamos, conseguimos tirar ela e respiração boca a boca, e deu o maior problema que chegou, não tinha viatura para poder levar ela para o hospital para socorrer, e chegou uma viatura de carro cadáver, aonde que está o óbito, não, não, está viva, “Ah, eu vou embora”, “embora nada, você vai levar a vítima para o pronto-socorro”, -não, aqui só entra defunto, falei –não, negativo-, discutimos e colocamos ela na viatura do carro cadáver e levamos ela para o pronto-socorro e graças a Deus tudo bem, com a massagem nela, nossa, você precisa ver a felicidade da família, ela depois agradecendo, é muito gratificante isso aí, o trabalho de bombeiro é uma coisa que, um pouco tempo que eu fiquei lá em cima coisa bem assim e fora do bombeiro eu tive ferido, já tive um acidente na frente da minha casa ali, eu socorri, ajudei os bombeiros, o pessoal tem ataque epilético eu sei como está manuseando, dou uma força também, então a gente está aí para passar o que a gente aprendeu lá, sem estar na corporação, mas a gente, o que precisa da gente a gente sempre está disponível para estar passando para o pessoal.
P1 – Que praias você trabalhou, queria que você falasse.
R – Eu trabalhei em todas as praias desde a divisa com o Rio de Janeiro a divisa com o Paraná, trabalhei em todas, Peruíbe, Mongaguá, Guarujá, Santos, São Sebastião, São Vicente, Ilhabela, enfim, todas. Cada mês era, vai para lá, vai para cá, e eu cheguei a trabalhar na embarcação, eu era embarcado, então a lancha, você sempre está disponível para qualquer, o jet ski, ,você está ali, está lá, ,o bote, você está aqui, está lá, então você não tinha praia você estava em qualquer canto, entendeu? Na época que o helicóptero caiu com o Ulisses Guimarães a gente foi para lá, aí a gente estava ali pertinho, né, chegamos ir até lá dar um apoio para o pessoal do Rio, e logo depois eu fui.
P1 – Como é que foi essa história do Ulisses? Foi em 92, né? Foi muito assim, como é que vocês receberam a notícia?
R – Na verdade a gente recebeu um rádio falando que a aeronave tinha caído por ali, o navio do bombeiro estava em São Vicente, São Vicente, não em São Sebastião, no pier da Petrobrás e o capitão deslocou ele para cá e a gente foi para lá, o pessoal, ficamos lá em busca um ou dois dias, porque lá já é área do Rio de Janeiro, a gente só foi dar um suporte lá, mas foi uma coisa assim meio de imediato, né, ,aí chegou lá, não tinha mais o que fazer, aí ficou para os mergulhadores de lá para fazer pesquisa e depois ficou mais para a área deles mesmo.
P1 – Antes você trabalhou em duas indústrias?
R – É, eu trabalhei na (Disose?) uma fábrica de papel, e depois na Alcan, na laminação, no alumínio.
P1 – Então nessa época, anos 80, já tinha um processo de industrialização estabelecido em Pinda.
R – Já, já.
P1 – Quando é que começou, Marcelo?
R – Pinda, acho que começou em 79, final de 79 para 80, quando chegou a Vilares, entendeu, até mesmo a Alcan. Na época da Vilares eu lembro que a gente servia alimentação para eles, nossa era muita gente, a gente fornecia para o pessoal da Tenenge, da Potif, entende, cada empresa que trabalhavam na montagem da Vilares.
P1 – Até então não tinha nada em Pinda.
R – Não, era coca-cola só, era uma das primeiras empresas que teve na cidade.
P1 – E aí como é que mudou a cidade?
R – A fábrica de papel também.
P1 – A fábrica já existia.
R – A fábrica já existia, ela é bem antiga, na Cícero Prado, depois (Disorse?) hoje, não me lembro fugiu da memória.
P1 – Mas aí começou esse processo de industrialização e a cidade começou a mudar.
R – Começou a mudar, aí começou a crescer na demanda.
P1 – Que mudanças assim que você sentiu?
R – Muitas, eu sinto pelo seguinte, ,eu senti pela época que eu quando era moleque, 16, 17, 14, 15, 16, 17, ,até os 18 anos eu conhecia todo mundo em Pinda, eu andava em qualquer canto ali da cidade e conhecia todo mundo, todo mundo conhecia, e hoje eu vou em certos lugares eu conheço dois que está ali, e o resto completamente estranho, entende, hoje eu conheço muita gente que são filhos dos meus amigos. Eu faço aniversário de 15 anos de filhas de pessoa que foram meus amigos de infância, pai, mãe, entendeu, alguma coisa por aí, então você vê, o tempo passou, fiquei velho demais. A cidade cresceu de uma forma muito grande.
P1 – E veio muita gente de fora, Marcelo?
R – Veio bastante gente de fora, a fábrica traz, a industrialização traz bastante interesse das pessoas em migrarem para a cidade, até mesmo uma vida melhor né, e isso a cidade tende a crescer, com certeza.
P1 – E o comércio, você acha que ele mudou em função disso?
R – O comércio começou a mudar agora nos últimos cinco anos que está havendo essa mudança assim geral do comércio você vê que está começando a crescer, o comércio está começando a dar uma, outras empresas entrando no comércio, até mesmo que a cidade era bem fechado, entende, os comerciantes eram sempre aqueles mesmo, em duas, três empresas era do mesmo, você está entendendo, ficava uma cúpula, agora está começando a entrar outras empresas, outros empresários investindo na cidade.
P1 – Então isso é bem recente, essa mudança no comércio.
R – É por aí mesmo, uns dez anos.
P1 – Porque antes era um comércio pequeno mas ele tinha de tudo, não?
R – Tinha.
P1 – Por exemplo, sua mãe comprou roupa, sapato para vocês, tudo em Pinda.
R – Tudo lá, a gente sempre, ,nunca fomos sair para fora da cidade para poder estar buscando alguma coisa, sempre foi lá supermercado, padaria, farmácia, roupa, sempre foi lá, a gente sempre usou o dinheiro nosso foi lá mesmo, nunca foi de, eu vou para São Paulo que é mais barato, eu vou para não sei aonde, nunca foi disso.
P1 – Mas também Pinda tem dois ou três batalhões militares.
R – Tem, hoje Pinda tem o segundo batalhão Borba Gato que é a engenharia, tem a engenharia que é blindada, a 11ª companhia blindada, e a 12ª companhia leve aeromóvel.
P1 – Mas essas pessoas, são pessoas que vem de fora para Pinda?
R – Muitos são, a maioria é, bastante deles vem de fora, vem de transporte, vem de transferência e acaba ficando na cidade, o pessoal vai, chega na cidade, gosta e pega a cidade, abraça a cidade como a terra e fica por lá.
P1 – O pessoal do Vale mais que vai para lá ou vem de todo o Brasil?
R – Não, não vem, pô, eu conheço militares que vem de tudo que é canto que você pode imaginar, do norte, do sul, do leste.
P1 – E ficam em Pinda?
R – E ficam, a cidade é muito gostosa, Pinda é muito calma, sossegada, o pessoal gosta, ela é bem retirada, ela não está igual as cidades que ficam beirando a Dutra. Ela é mais retirada, então é mais tranqüila.
P1 – Você acha que isso é melhor para a cidade não ser tão próxima da Dutra?
R – É melhor na parte de tranqüilidade, agora na parte de industrialização acho que não porque no eixo fica mais fácil o transporte, fica mais fácil o acesso, enfim, mas para a gente assim para morar, nossa, é muito gostoso.
P1 – Mas mesmo assim Pinda tem bastante indústria?
R – Tem, tem bastante empresa que acreditaram lá e até mesmo porque ela não é, a Dutra passa por fora, mas você entrando na Dutra você já cai ali na Alcan, na Vilares, na Confab, e já sai sentido Campos do Jordão e sentido Taubaté, para cá para a Dutra de novo, então não é tão assim para dentro entendeu, então não atrapalha tanto não.
P1 – Mas de certa forma mantém uma tranqüilidade?
R – Fica mais tranqüilo.
P1 – Mas aí de repente o comércio não acompanhou essa movimentação porque o pessoal acaba ficando, é isso?
R – Eu até mesmo nem sei se é por isso, acho que até mesmo dos próprios comerciantes não abrir o espaço para outros entrarem e exportarem o mercado, entendeu? Mas hoje fica naquela panelinha.
P1 – Eles são muito tradicionais é isso, os comércios são mais antigos em Pinda.
R – Isso, são, são.
P1 – É mesmo, o quê que você lembra, Marcelo?
R – Tem Cores Magazine 70 anos, tem o Lojã50, 60 anos, tem as empresas, são todas tradicionais na cidade.
P1 – E aí eles não queriam gente de fora.
R – Automaticamente no começo da história praticamente não, bom, você é dono daquele lugar, você não vai querer que o outro chegue para explorar o mesmo trabalho que você faça, entendeu, mas aí a realidade não é essa, a realidade é o crescimento e ampliar, até mesmo porque vem outras cabeças para cá, outras, e o negócio começou e hoje a cidade tem empresários de São José, de Guará, de Taubaté, de Campos, São Paulo e começou a aumentar o mercado.
P1 – Em Pinda não tem shopping.
R – Não, por enquanto não. Se Deus quiser.
P1 – Mas pensa-se.
R – Já tem projeto para isso.
P1 – Por que se Deus quiser, você é a favor do Shopping, Marcelo?
R – Não é a questão de ser a favor ou não ser a favor, eu acho que é uma coisa que todo mundo curte isso, entendeu? Então você vê o pessoal chega no final de semana lá “Pô, esse final de semana eu vou no Shopping assistir um cinema, tomar um sorvete, entendeu? É igual em São Paulo, em São Paulo você vai no Shopping todo dia, né, quem mora em São Paulo gosta de ir no shopping, que mora no litoral “Ah, vou no Shopping”. Então ficou aquele negócio de ser um passatempo do pessoal ir no Shopping, nem que não vá gastar, mas vai lá andar, então é uma coisa que falta na cidade, com certeza amanhã ou depois vai sair alguma coisa, mas tem que sair bem feito, fazer metade não adianta.
P1 – Já se pensa, então, tem projeto disso?
R – Não, parece que tem projetos, já tem sim.
P1 – Mas do pessoal de Pinda mesmo ou pessoal de fora?
R – Não, até mesmo pessoas da cidade que está investindo, estão fazendo uma subloja, uma filial da própria loja no Shopping, alguma coisa assim.
P1 – O comércio de Pinda tem bastante promoções?
R – Tem isso, o comércio lá é agradável, não chega a explorar para a pessoa Ter que sair de lá para procurar, é bem acessível o comércio de Pinda. Você pode procurar, você vai achar preço bom e tudo, entendeu, não tem aquela variação grande de você estar num lugar, ir num outro, “Ah, aqui é mais barato”, é quase mais ou menos a diferença é a realidade, o preço é aquilo, não tem por onde fugir, entendeu, então é o desconto de dois, três dias mais, para dias, a diferença é mais ou menos essa.
P1 – E é fácil comprar, então, todo mundo vende com cheque?
R – É bem simples, não é complicado. Hoje até mesmo a associação comercial da cidade dá um suporte para que seja fácil você estar fazendo compra e não ficar dependendo de muita burocracia para fazer isso.
P1 – Marcelo, pode falar um pouquinho quando você foi DJ, aliás, você ainda é, qual o segredo de ser um bom DJ?
R – O segredo é você sentir o que a pessoa gosta de estudar, entendeu, você ver a pessoa e falar, puta, isso aqui, eu vou acertar ele, você toca, pronto, aquele você já matou, você vê outro lá no canto, põe esse, pronto, aí sai todo mundo falando, “Pô, o cara é bom mesmo” porque você agradou todo mundo. DJ você tem que ser, eu acho, do meu ponto de vista, você tem que agradar a todos, porque a pessoa paga o ingresso, ela quer chegar ali, ela quer ouvir música boa, entendeu, ela até não quer nem saber o que o DJ faz ou deixa de fazer, mexe ou não mexe, mas ela quer estar ali e sentir que foi legal o baile, aquele baile foi lega. Então para o baile ser legal, você tem que tocar e agradar todo mundo, e eu procuro fazer isso do melhor jeito possível, e por hoje a maioria das festas eu estou envolvido em quase todas, pelo menos na cidade eu sempre estou participando porque o pessoal conhece, a gente faz um trabalho legal até mesmo pelo tempo desde 80 eu mexo com isso. Então a gente já tem uma carreira boa.
P1 – Você sempre tem que estar se atualizando?
R – Eu estou em contato, sou cadastrado em todas gravadoras de São Paulo, eu sempre estou em contato com eles, recebo material de divulgação. Eu tenho uma coleção enorme, eu tenho mais de 8 mil discos, eu tenho 74 mil músicas arquivadas, eu tenho muita coisa.
P1 – E aí, fala alguma coisa durante o baile.
R – A gente brinca, então é que dependo dos bailes, entendeu? Hoje em dia teve uma época que você brincava muito, você chegava num baile, a pessoa entrava, “Ô fulano”, a pessoa subia no palco para ficar dando uma de bonitão, a gente brincava assim, eu e Ronaldo quando a gente fazia som, “Ô alguém conhece o rapaz aqui, ele está perdido”. O rapaz ficava verde, vermelho, já descia do palco, já sumia. O pessoal que está fazendo aniversário “Ô hoje fazendo aniversário aqui” você já deixava, você sempre dá aquelas brincadas, brinca com a galera e você vai cativando a galera vem sempre gostando. De vez em quando você solta uma vinheta falando o nome, né, para marcar na cabeça da pessoa, fulano que está tocando, a gente procura fazer isso daí para deixar bem marcado quem está fazendo a festa e até mesmo depois comentar, chega para um para outro e “Como é que você achou?” “legal, semana que vem toca aquela” aí você fica com isso na cabeça, aí você vê o cara lá você já solta, bom, você tem que estar em contato, em várias gerações hoje eu toco para pessoas de 15 anos como toca para 40, então eu estou nas festas, faço os dois tipos e sempre agradando todos.
P1 – Como é que você faz? Você faz uma seleção prévia?
R – Hoje eu sou um DJ virtual, hoje eu trabalho com computador, então hoje eu chego com meu computador na festa, eu tenho ali dentro um arsenal de músicas, até hoje mesmo fica mais fácil, eu faço qualquer tipo de pessoas, entende, então se você contratar para fazer uma festa eu vou chegar lá, você chega para mim “Pô, Marcelo, você tem “ “-tenho”, você está entendendo, é diferente de há cinco, seis anos atrás que a gente chegava com uma pasta com disco que era aquilo, você separava aquilo para fazer, entendeu. Então aquilo era o que você tinha em mãos, a pessoa chegava “Você tem a música”, “Não, não trouxe, ih não tenho”, então já ficava complicado, você não atendeu como a gente atende hoje, entende, hoje eu chego numa festa “Você tem uma valsa?” “-tenho”, ”tem aqueles roquinhos dos anos 60?” “-tenho”, então você faz a festa que ninguém, você agrada todo mundo mas não tem por onde.
P1 – E o gosto do pessoal de Pinda, como é?
R – Como eu já ouvi músicas isso aí toda época para você ver hoje, eu toquei para quem hoje é pai de criançada que eu faço baile hoje, então eu sei que os filhos gostam porque eu tenho uma filha da mesma faixa etária, que é o que eles curtem e sei o que os pais curtem, então eu tô numa festa eu agrado o pai que está ali e agrado a molecada. Então você fica naquela, você agrada todo mundo e fica todo mundo feliz, e a galera curte música boa, tá, ,o pessoal em Pinda curte música boa, tipo assim, música boa, que a gente fala assim é mesmo, entende, sucesso não adianta você inventar muito que é sucesso, e os hits mesmo que estão tocando alguma coisa assim especial, você toca uma música ou outra que esteja despontando mas é sempre o sucesso. Mas o sucesso que a gente fala é assim, é você conhecer o que a pessoa curte e aquilo que eu estou te falando, você conhece a pessoa, eu conheço muita gente em Pinda, então, quando você está numa festa, eu olho assim, eu vejo que está ali e eu já sei aonde que eu vou tocar, o que você toca, então eu toco uma lembrança o cara já chega: “nossa, isso aí é daquela época.”, aí você toca outra já vem outro falando, “Nossa, rapaz, isso tem a lembrança de tal lugar”, você está entendendo, então você vai agradando e a criançada é isso aí é o que está tocando no momento.
P1 – Agora mudou muito a música, né, Marcelo?
R – Olha, mudou sim, com certeza o estilo musical agora, está voltando para uma época boa, os anos 90 teve uma época, de 89 a 93 mais ou menos, teve uma época muito boa da música, música bem selecionada, bem de qualidade, você dançava a música. Depois chegou uma época a música ficou muito irritante, você tinha que pular, era uma agressão total, e agora já está voltando de novo a tocar umas músicas assim que você vê que a música ela entra no seu ouvido, ela tem, te passa alguma coisa, entendeu, então já está voltando o rock nacional também está melhorando voltou agora, tem o Capital, o Charlie Brown, o CPM, então eles estão com umas músicas legais que a galera está curtindo.
P1 – Isso que eu ia te perguntar exatamente isso, quer dizer, você acha, porque dá essa impressão de que o rock nacional involuiu e agora ele voltou a evoluir.
R – Voltou, está em alta de novo.
P1 – Você vê a própria Rita Lee lançando disco.
R – Lógico, lógico, o rock nacional está em alta.
P1 – E o pessoal curte o rock nacional?
R – Curte, nas festas se eu não tocar eu sou crucificado, eu tenho que tocar, tem que tocar sim bastante, e nessa você já tem aquela facilidade de colocar aquelas antigas, entendeu? Você pega aí um Camisa de Vênus, um Ultraje a Rigor, Uns e Outros, você encaixa ali e a galera curte porque você está tocando uma música que é da atualidade e você põe uma daquela época que é legal, então a galera e até cultura para eles, ver uma música, e até mesmo eles começar a gostar dessas músicas antigas, porque se eles não escutam eles nunca vão gostar, por isso que essa briga de geração, porque o que a gente escutou naquela época se não toca hoje, se você não tiver na sua casa para escutar você nunca mais vai escutar.
P1 – Tua filha escuta música antiga?
R – Com certeza, minha filha escuta música o dia inteiro, ela já tem no sangue isso também, ela curte e me ajuda quando eu não tenho tempo de fazer o programa de rádio ela faz para mim, entende.
P1 – Você tem um programa de rádio, em que rádio que é?
R – Tenho na 94 FM, todo Sábado das nove ‘a meia-noite, chama Hot 94, é um programa também a gente só toca música boa, rock nacional, dance, pop rock, enfim, ,as músicas que a gente na verdade eu procuro lançar as músicas coisa de primeira mão e tocar aquelas que marcaram entendeu, flash, as montagens, as coisas antigas, entendeu, é o que me dá uma audiência forte é essa, tocar as músicas que marcaram os anos 80, 60, 70, 90, aquelas tcham mesmo.
P1 – Fica em Pinda essa rádio?
R – Fica em Pinda, no centro de Pinda.
P1 – Ela pega no Vale.
R – 10 mil watts, ela pega de São Paulo ao Estado do Rio e o sul de Minas.
P1 – E aí você recebe carta, e-mail?
R – E sem contar que ela está na internet, no portal, a pessoa pode acessar de qualquer lugar do mundo e escutar via internet.
P1 – Mas aí como é que é você recebe e-mail, carta do pessoal?
R – Recebe tudo, carta.
P1 – De onde mais longe você recebeu?
R – Olha, se eu falar é até sacanagem, recebi e-mail do Japão, pessoal que está fora todo mundo manda, o pessoal curte, tem um amigo nosso que está na Suíça, que nem ele falou: “Eu fico até de madrugada aqui”, dá uma diferença, lá é quase três horas da manhã a hora que está começando o programa aqui. Então o cara já ficou acordado para poder escutar, entendeu? Já mandei vinhetas, ,vozes em francês deles falando, “Nós aqui na Suíça escutamos o Pindavale pela internet, o programa Hot 94”, então a gente põe isso também, encaixa no programa para falar que a galera de fora curte. Enfim a gente interage, e tudo isso aí e dá um retorno legal.
P1 – Esse pessoal de fora, você estava dizendo que saiu do Vale?
R – Pessoal de Pinda, então tem um pessoal que saiu de Pinda ou saiu do Vale e está morando fora e não sei por coincidência ou pelo contato, acharam o portal na internet e o pessoal passa para o outro, nós temos um número de acesso fora do país muito grande, e o pessoal curte, comenta de poder estar ouvindo a rádio, de estar podendo ouvir a galera e isso é muito gratificante para a gente. E o programa tem uma audiência legal. Então a gente recebe carta do pessoal que está preso em presídio, o pessoal curte o programa e manda carta para a gente “Pô, manda uma salva para a gente que a gente curte o programa”, porque a gente procura tocar música antiga, música legal, a gente manda fala: “Vai um abraço para a galera tal, vai um abraço para o pessoal do bairro tal” e isso aí dá um retorno a galera curte isso aí e música boa em cima deles.
P1 – Agora, Marcelo, você faz tanta coisa que estou aqui, agora vamos falar do portal, eu quero retornar quando você resolveu vender o portal, na verdade você vai comercializar a tua idéia, né, e era uma coisa meio nova, como é que as pessoas recebiam isso?
R – Então já até houve idéia de fazer em outras cidades o trabalho que a gente faz em Pinda, mas eu acho que isso é uma coisa bem pessoal, viu? Tem que ser gente da própria cidade, alguma coisa, porque na cidade eu conheço muito de Pinda, eu vivi lá, ,eu moro há muito tempo, os contatos que eu tenho, as fontes do que a gente precisar, então eu tive tudo isso em mãos, que é diferente imagine eu vim para Taubaté, eu conheço 10 pessoas aqui, em Pinda, eu conheço todo mundo, então foi diferente fazer o trabalho, entendeu, não é porque Pinda é cidade do governador, Pinda teve o João Carlos de Oliveira, não é nada disso, é mais porque os contatos, entendeu.
P1 – Mas você está vendendo uma idéia que de repente não existe, como é que é isso.
R – Com certeza, você me diz que o portal nosso serve de referência para as outras cidades, com certeza a gente procura fazer um trabalho que hoje a gente está inovando cada dia que passa, melhora cada vez mais.
P1 – Como é que era no começo, quer dizer, você saiu para vender a idéia de um site?
R – Isso, a idéia era isso. O Júlio tinha uma idéia de fazer um supermercado vender alguma coisa, a idéia era meio assim inovadora.
P1 – E como as pessoas encaravam isso?
R – Aí quando a gente sentou e montamos o Pindavale, “Vamos colocar a parte da cidade, falar como surgiu”, e começamos a pesquisar, meu cunhado começou a ajudar a gente, começou a fazer as pesquisas, levantou onde era isso, o que era aquilo. E eu saí já na captura do cliente para poder, isso tem u custo de você ficar hospedado, de ter o trabalho, de você estar lá, energia elétrica, enfim tudo isso aí o quê que aconteceu que foi o primeiro passo positivo foi isso, a amizade que eu tenho na cidade, entendeu? Isso foi o quê com certeza deu uma alavancada legal no site. No primeiro ano conosco, acreditar no nosso trabalho que até então
P1- Era no escuro.
R- Era no escuro é lógico. Imagine, você pega uma empresa que tem 50, 60 anos no mercado e coloca numa propaganda que você não sabe se vai acontecer, se não vai, o quê que vai virar, isso é complicado.
P1- Então aí você tem o comerciante de 50, 60 anos que anuncia no jornalzinho, na rádio, ele foi para o portal?
R- Então, deu esse cr~edito, por isso que eu estou falando, “Marcelo, filho do Ademir.”
P1- Na verdade foi uma força par ao Rato, aí deu certo?
R- Dando uma força para o Rato, aí foi acreditando no trabalho e até mesmo não sei qual era o ponto de vista de cada um mesmo, sei lá. Amanhã acaba, e foi ao contrário,a gente foi começando crescer, no segundo ano, se começou atingir outras áreas, a gente começou a pegar a parte industrial, grandes empresas, empresa com um porte maior, tem os bancos, enfim, aí começou o negócio a ficar do jeito que a gente começou a querer que fosse. Nisso entra um cliente, um passa para o outro.
P1- Mas que vende é você pelo jeito?
R- Quem vende sou eu, agora agente tem ater um outro rapaz que trabalha com a gente na área de vendas. Mas até então quem vende sou eu, para passar essa idéia até mesmo no começo a gente tinha medo de colocar alguém justamente para saber o que você está vendendo. Vender é difícil, não é fácil não, pensa que é só chegar e falar, você tem que ter bastante lábia, não que você está vendendo um negócio que não existe mas você tem que convencer que seu produto é o melhor possível.
P1- E qual é esse segredo?
R- Isso vem de dentro.
P1- Você acha que a experiência com seu pai, com seu avô você acha que isso te ajudou?
R- Lógico, com certeza. O contato até mesmo com esses empresários que a gente teve np bar. O balcão é uma escola assim que você vê desgraça e felicidade de muita gente, entendeu? Então você vê o dia-a-dia de todo mundo e você vai absorvendo o que é bom e nisso vai passando.
P1- O pessoal diz que quem vende uma coisa vende tudo, você acha que é um pouco assim?
R- è, eu consigo vender de tudo, eu tenho o dom de vender, o que eu colocar no mercado acho que eu consigo passar.
P1- isso nasce com a pessoa?
R- Eu acho que sim, não é fácil, não é qualquer um que passa isso para os outros. É o que estou te falando, você tem que provar para o cliente que o seu produto vai dar o retorno a ele, senão você não consegue vender. È difícil, você pega tem aquele ditado: è fácil você vender cerveja Brahma e é fácil você vender cigarro da Souza Cruz. Agora você pegar e vender uma bebida que é diferente, nunca ninguém viu e você pegar um cigarro de qualquer marca e vender vai ser difícil.” Entende?
P1- Isso que eu achando de repente você está em uma cidade super tradicional que está meio paradinha, quietinha e você vai com o produto super diferente, que coisa maluca isso.
R- Então foi isso. Esse ano a gente está despontando de uma forma que a gente está em toda mídia da cidade. A gente está em todos os eventos, a gente é convidado a estar participando, fazer cobertura, enfim, hoje a gente está trabalhando de forma que agente que fazer, a gente quer isso mesmo, quer colocar a nossa cidade num patamar que seja, mostrar que a cidade existe, que a gente tem todo tipo de estrutura, q idéia de fazer o portal é aquilo de amanhã ou depois toda cidade ter um portal. Você entra na internet, “ quero conhecer acidade de Pindamonhangaba, Nossa que legal! Quero conhecer a cidade de Taubaté, ô ò que legal. Quero conhecer Campos do Jordão, entendeu? Ter o que, não é só fotografia e sim ter tudo, entendeu?
P1- Você tem um editor, Marcelo, porque é supercompleto?
R- É nós, o Júlio, a gente faz tudo, entendeu? A gente faz o que o pessoal pede na internet, o pessoal sempre manda críticas construtivas e a gente procura absorver o máximo possível, porque o internauta é o nosso forte, né:? Não só que isto, o internauta que nos interessa porque é eles que estão acessando. Então o que eles pedem é até mesmo obrigação a gente fazer. Então o pessoal, “ Pô vocês não têm chat.” Vamos criar um chat. “ Pô vocês não têm brinquedos, jogo.” Vamos criar uma área de jogos.´Vocês não têm baladas.” Vamos fazer baladas. Então a gente foi colocando o portal foi crescendo, foi tomando o formato do portal. Tem tudo. Então hoje a gente procura desenvolver e colocar no portal tudo que o pessoal pede.
P1- O que o pessoal mais requisita, né?
R- Lógico e sempre usando acidade, que tudo que a cidade tem a gente quer mostrar.
P1- Ele tem algum diferencial além de mostrar a cidade, você acha que ele tem uma coisa diferente dos outros portais?
R- Na verdade tem, a gente é 100% Pindamonhangaba. Se você for pegar tem outros portais que, pega, os caras querem fazer tudo, mas de todo, então o quê que agente faz, a gente pega o básico de todo o Vale, os dados históricos, onde se situa, de todos. Pinda a gente colocou tudo, indústria, comércio, turismo, baladas, eventos. Então que a gente dá 100% o foco em Pindamonhangaba e o Vale está ali também, com aquele básico de cada cidade. Amanhã ou depois há parcerias entre outros
Página então lá a gente vende os banner, tem banner de 330. de 200, de 1150 e de 100, de acordo com o tamanho. Aí sim são contrato de três meses ou seis meses ou um ano, depende do contrato que for feito. Aí ´re uma coisa que aí sim é um caixa de faturamento. Agora então a sua empresa, “ Marcelo achei legal, eu quero fazer um link dentro do Pindavale do meu produto” Legal 100reais. Vai ficar um ano disponibilizado lá. A pessoa entrou no Pindavale. “ eu estou procurando uma empresa tal, digitou lá, achou ou até mesmo entrou direto. Empresa de filmagem, clicou lá, aqui, você constou dentro do portal, 100 reais, é muito barato.
P1- Tecnicamente você tem tudo em Pina? Quer dizer, não sei se você precisa de alguma estrutura para manter isso no ar?
R- A gente tem tudo, na verdade o portal Pindavale não está disponibilizado no Brasil. Ele é hospedado em Los Angeles, na Braslink, fora daqui a gente tem um suporte ilimitado, a ,gente paga para poder estar fazendo tudo que você pode imaginar..
P1- Era melhor lá fora do que aqui no Brasil?
R- è apesar da gente estar pagando em dólar, isso é pelo produto, pela demanda que a gente precisa e o que a gente tem que estar passando para o cliente. Está lá para nós em dólar, fica mais em conta que no dinheiro nosso aqui. E sem contar a gente nunca teve um problema, sequer meia hora, quinze minutos fora do ar em três anos . Eles avisam se vai haver alguma mudança. Então são vários repetidoras, é um produto a gente não abre mão disso.
R- Isso é uma coisa bem do século 21, você é cliente...
P1- Nós somos clientes de uma empresa que a Nasa é hospedada, CNN, então as grandes empresas são hospedados nesse servidor, foi até mesmo na época a gente hospedava aqui no Brasil mesmo, assim logo quatro, cinco meses de Pindavale, a gente conheceu e na época era um coisa meio fora de realidade porque a gente recebia para pagar e, só que a idéia foi nisso, vamos trabalhar uma coisa de primeiro mundo para a gente poder ser diferente de alguns, Agente então mostrando que a gente tem um produto diferente. Além de 30. 40 sites que agente já construiu que o MCM Multimídia é uma empresa que constrói páginas, o Pindavale é um produto da CMC, então hoje todos eles se hospedam no Braslink. E entre outros sites que existem na cidade, de outros clientes que tem a Braslink como fornecedor do produto e fala para mim: “ Marcelo, brincadeira, os caras são fantásticos, a gente precisa disso, liga lá, quer falar com os caras é on line
P1- Tem suporte em português?
R- tem suporte aqui no Brasil em São Paulo e os caras são muito assim, bem profissional, entende?
P1- Você tem clientes de fora do Vale?
R- Tenho cliente de São José, de Guará, de Ubatuba, tenho sim, dentro do Pindavale e gente tem bastante aqui de Taubaté, tem uma empresa no Japão, ao até mesmo porque eles são conhecidos nosso, estudamos juntos ele está a dês anos no Japão, esteve agora dois meses atrás no Brasil, em Pinda e ele chegou falou: “ Marcelo, estou precisando de um trabalho eu perguntei aqui quem faz é você” Era fazer uma página dele no Japão, mas até mesmo a gente não está, até mesmo porque é complicado isso, mesmo você fazer uma coisa aqui que vai e volta, agora fora daqui vai ficar bem mais complicado, Então a gente até não quis misturar para não queimar o trajeto.
P1- Mas vocês estão tentando?
R- A gente fica com receio de como vai ser feito o horário nosso não bate , aqui é de dia lá é de noite. Então até mesmo como será feita a atualização ou se ele quer um negócio simultâneo. Então ficou até mesmo de decidir mais pata frente, mas a gente está trabalhando.
P1- Quando um vendedor recebe um não o que ele faz?
R- Da próxima vez vou te vender.
P1- Com certeza você põe isso na cabeça?
R- Com certeza já teve cliente que eu cheguei a falar assim: “ Hoje eu não vou vender para você não, que hoje você não está com o espírito legal, outra hora eu volto.
P1- Então tem um pouco da percepção do outro?
R- Você tem com certeza e você chega no cliente e até sei que vou levar não. você sabe como seta a andar da carruagem. Chega assim “hoje vai,” aí você chega e manda bala. “ hoje não é dia. Deixa quieto outra hora eu volto. Hoje você está meio estressado depois a gente volta” essa outra volta até mesmo pela decisão que você tomou anteriormente ele já pega e já vai até concordar. Até hoje graças a Deus a gente nunca perdeu um cliente no Pindavale, pelo contrário a gente está sempre renovando e sempre está ganhando indicação de novos clientes, “ ò fulano que indicou, sicrano que indicou.” Estão isso é para a gente, nossa já é dez toda vida
P1- E você gosta de fazer compra, Marcelo, para você?
R- eu sou um rapaz compulsivo, não posso, minha mulher até brinca que eu não posso sair que a compra de 200 vai para 400, então eu não saio muito se sair é brincadeira.
P1- O quê que você gosta de comprar?
R- Eu não tenho muito desejo não, se eu estou em condição a gente já abraça já.
P1- Mas qualquer coisa/
R- Quando quer, eu não tenho, eu sou completamente o oposto da minha esposa. Minha esposa é calculista, ela chega, vê, noutro dia ela volta para pedir um desconto, para depois, eu não, se eu olhar, dá para mim, eu não penso duas vezes não, eu já sou bem mais espinoteado. Eu quando solteiro eu fazia compra uma vez por ano, eu chegava numa loja, gastava 2mil e comprava três pares de sapato, quatro calças, dez camisas, eu era assim entende, par anão precisar andar mais na loja. Eu casei eu tinha tênis de dez anos na caixa. Até um proprietário, Danilo Cosi, do magazine Cosi, ele falou: "meu onde você tirou esse tênis?” “eu comprei de vocês há dez anos atrás, mais de dez anos guardado, aqueles tênis iate da Rainha, isso aí é fera que dói, vinho ainda, cor da época. Hoje quem faz compra é a minha esposa, ela que sai, que compra.
P1- E ela compra em Pinda?
P- Tranqüilo, você pode dar 100 que ela volta com 90.
P1- E mesmo isso é bom. E a Tamires está indo pelo mesmo caminho, então está gostando dessa coisa, mais virtual?
R0 Está com certeza, ela já faz os blogs da vida dela, gosta de música, é estudiosa, está bem na escola. Então graças a Deus, bem de cabeça, tem as suas idéias de infância, de quere pintar o cabelo, ficar meio dark, mas a gente passa aquela parte que isso aí é temporário, que depois fica as marcas as seqüelas, mas ela é bem compreensiva, é legal, bem bacana.
P1- Marcelo, você tem momentos de lazer assim ou é só trabalho?
R- Isso fica difícil, eu vivo trabalhando 24 horas eu quando saio do escritório eu estou em casa eu tenho um terminal em casa também d escritório e a qualquer momento e a gente está.
P2- Isso é um pouco de uma característica de quem trabalha no meio virtual, você não tem horário.
R- Com certeza, não só virtual, até mesmo pelo bar, quem tem bar.
P1- Você continua ajudando o pessoal.
R- Sempre quando meu pai precisa a gente está lá com certeza. Até ele operou o joelho, acidente, ele ficou oito meses de cama. Eu ficava no escritório até as seis horas e depois eu ia para o bar, ficava até as 10, 11 horas, até fechar, a idéia não é nem essa deter outro emprego , ter outro trabalho paralelo que a gente não vai estar dando um suporte. Agente sempre está lá. mas que comércio é como minha mãe e meu pai sempre disse, não tem folga, não tem férias, não tem feriado. Então é todo dia. Isso agente tem, e na internet é mais ou menos a mesma coisa que agente faz. E então o portal é atualizado constantemente e o pessoal toda hora, quando não vai lá. “Marcelo, você tem aquela música,tal, dá pra gravar um cd disso? Eu vou fazer uma festa em tal lugar. Vamos fazer , vamos tocar em tal lugar.” Então se você não está para uma coisa está para outra. Então ´r 24 horas. O lazer é mais ou menos em casa. E o lazer eu faço o que eu gosto então par Amim já é um puta lazer. Eu vou tocar estou bem, o programa acabou, eu estou bem. Eu recebi, então eu ganho para ficar feliz. E o portal também é muito gratificante a gente fazer uma coisa que agente gosta. Nós somos os proprietários, a gente tem um horário, mas se você chegar uma hora, quarenta minutos, se você não puder vir, hoje tem um compromisso com alguém, você está entendendo? A gente faz o que agente gosta de acordo com o que agente é melhor que isso não tem jeito.
P1- E nesse teu tempo, nessa tua relação com o comércio, que lição que você tem até agora?
R- Em respeito do quê, de aprendizagem? Acho que muito, Deus o livre. Eu tenho condição de falar com qualquer pessoa, eu entro e saio de qualquer lugar tanto zero como dez, para não falar em locais, eu entro em qualquer lugar, converso com qualquer pessoa, tenho amizade com todo mundo.
P1- E isso aprendeu no comércio?
R0- Isso se aprende no comércio, você, todo mundo é igual, entende? È indiferente a classe social, financeira, o resultado é um só, todo mundo vai para um mesmo lugar, independente se é bonito ou feio, então isso é um coisa que deu um valor grandíssimo, nunca menosprezar ninguém, o mundo é redondo, hoje você pisa aqui, amanhã vai pisar de novo. Não pensa que você vai pular esse espaço não. Então você tem que ser igual com todo mundo. Procura atender da melhor maneira possível e nunca falar não. Mas aí tem um erro meu, eu acho que deve ser um erro, um bom ou mal, mas eu nunca sei falar não, se a pessoa pede um negócio dá um tempo aí que eu tento resolver, me atropelo de um lado, de outro, graças a Deus eu me saio bem, tenho tanto anjo da guarda legal que me dá força e eu procuro sempre sair por cima, Graças a aDeus tem alguém, que ora por mi m bastante eu acho. Eu sempre me dou bem, eu tento passar um lado positivo que eu estou te falando, que você falou,eu sinto que eu passo isso quando eu chego para falar com a pessoa assim, eu sinto que a pessoa vai se descansar , aí eu passo por cima, por baixo, eu dou um nó legal
P1- Então está Marcelo, O quê que você achou de ter dado esta entrevista?
R- Legal, como é que fala, passar o que tem dentro. Tem vez que fica com tudo isso e você não consegue passas, é muita amizade, muitas pessoas que você poder conversar e passar o que você tem dentro. Foi muito legal. Foi um prazer enorme, agradável at´de se escolhido para estar passando essa experiência de vida.
P1- A gente é que agradece, foi ótima a sua entrevista. Obrigada Marcelo.