História de:
Ana Carla
Autor:
Museu da Pessoa
Publicado em:
11/11/2013
Ana Carla conta um pouco sobre sua vida e sobre como foi o início de seu trabalho como bibliotecária do Banco do Nordeste. Foi lá que entrou em contato com o Projeto VIRAVIDA, onde pode acompanhar e auxiliar o dia-a-dia dos jovens do Projeto. Ana Carla conta sobre as mudanças que o ViraVida e a obtenção de um emprego causam na vida dos jovens e sobre como o contato com eles mudou sua própria vida.
Eu nasci em 1966, no sertão da Paraíba. Meu pai é bancário aposentado e a minha mãe é pedagoga, aposentada também. Na verdade, eu só fiz nascer na cidade natal da minha mãe. Ela preferiu dar à luz na cidade onde os meus avós ainda moravam. Após o meu nascimento, a gente voltou pra Recife, que era onde os meus pais moravam na época. Quando eu tinha mais ou menos treze anos de idade nós viemos pra Fortaleza.
Eu comecei a trabalhar depois que completei dezessete anos. Fiz uma seleção para um banco privado aqui em Fortaleza e comecei a trabalhar em banco. Depois saí, porque resolvi voltar para a faculdade. Eu me formei em Biblioteconomia e, quando terminei, apareceu a seleção aqui no Banco do Nordeste. Participei da seleção em 2001, fui aprovada e estou aqui até hoje. Gosto muito do trabalho que faço. Mas do que eu mais gosto é de acompanhar os jovens em treinamento para o trabalho de atendimento de usuários e de outras tarefas que vão desempenhar no banco ou aqui na biblioteca.
Trabalhando aqui no banco, a gente fica acostumada a lidar com os projetos sociais de que o Banco do Nordeste é parceiro. Um desses projetos é o Vira Vida. A Marta foi a primeira jovem do Vira Vida que veio trabalhar aqui na biblioteca. Ela trabalhou com a gente durante uns dois anos e até hoje a gente se corresponde, somos amigas de Facebook.
Depois, veio o Marcos e a Ana. Trabalham em horários diferentes, ela pela manhã e ele trabalha à tarde. Eu acredito que, pra eles, é de suma importância esse trabalho. E, para nós, é um aprendizado lidar com pessoas que têm tanto problema, tanta coisa que tiveram que superar pra poderem estar aqui, tentando de uma forma digna, honesta, sair desse mundo que eles conheceram. O que a gente pode dar de volta é essa capacitação, esse treinamento, e eles aprendem também a seriedade, a pontualidade... Passam a compreender como que a pessoa, trabalhando com afinco, com dedicação, pode ser importante pro desenvolvimento profissional e pessoal.
No início, eles vêm bem tímidos, meio com autodefesa, pois não conhecem o lugar, não sabem o que os espera; a gente tem que estar bem aberta para recebê-los, precisa ter paciência pra integrá-los. Primeiro, conseguir fazer com que eles tenham confiança na gente, depois despertar a autoconfiança deles, pra que possam desenvolver o trabalho a contento. No começo, a gente vê uma resistência, aquela autodefesa. Com muita paciência, a gente consegue abrir a resistência deles e chegar ao fundo do coraçãozinho deles, para eles poderem mostrar realmente a capacidade de trabalho no que a gente propõe.
Alguns deles chegam com situação familiar grave, com problemas de violência no passado. Mesmo esses conseguem se integrar, conseguem assumir o seu papel de cidadão no mercado de trabalho, conseguem ver que existe um futuro profissional.
Para mim, tem sido importante a presença deles aqui. Eu já aprendi muito com esses jovens, eles me contam o que eles passaram na vida, suas histórias... Fazem a gente refletir muito sobre a nossa própria vida! O que eles poderiam se tornar se não tivessem vindo pra cá? Qual seria o destino deles? Eu creio que muitos dos que vieram pra nossa empresa vão pegar o rumo do trabalho honesto, de formar a sua família.
o que eu sempre digo para os meninos aqui: “Meninos, vocês prestem atenção na oportunidade que vocês estão tendo. Prestem atenção no que a gente fala, no que a gente diz, porque essa oportunidade é “A” oportunidade de vocês. Não vamos pensar em passado, não vamos pensar no que aconteceu. Vamos pensar no momento de hoje, no que tá acontecendo hoje, então vamos… O que aparecer, o curso que aparecer, o que vocês puderem aprender aqui, o que puderem perguntar pra vocês melhorarem, façam hoje, porque o amanhã vai ser resultado do que vocês estão fazendo aqui agora com a gente, o amanhã de vocês vai depender disso”.
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