Eu e meus primos, quando crianças, conquistando o maior brinquedo de todos os tempos.
Minha avó chama Isaura. O Dona se incorporou e virou tudo uma coisa só “Donisóra”.
A Donisóra teve nove filhos e perdeu, até o momento, quatro deles. Convivi com três.
Cada um dos 9 teve em média 3 filhos, com exceção do tio Marcelo que teve uma filha e adotou uma. O caso é que são muitos primos.
E para além do número, nós netos da Donaisaura, nascemos em levas. De tempos em tempos nasciam 4 ou 5 crianças em intervalos curtos. E como as idades dos filhos e netos foram se misturando, hoje em dia nascem netos e bisnetos no mesmo ano – a tradição das levas segue.
Muitos primos em uma chácara com um quintal infinito – até a cerca com o vizinho. E foi atrás daquela cerca, além do infinito, que a turma dos primos de 8 a 10 anos se juntou com a dos 12 a 15 numa grande campanha.
Alí, no quintal do vizinho vimos o “parquinho”. Era um trepa-trepa meio enferrujado e meio torto que estava no quintal de uma casa abandonada e que virou o santo graal da gente: E se fosse nosso? E se ficasse no quintal da vó? Será que alguém vai sentir falta se a gente levar? Como a gente vai levar?
Não sei direito como é que as discussões viraram ato, só lembro de estar no meio de 12 crianças tombando e girando um trepa trepa ladeira abaixo a caminho do quintal da minha vó. Algumas bananeiras sentiram o impacto de serem atropeladas, primeiro por uma estrutura de metal rolando e depois pelas 12 crianças correndo atrás.
E em baixo da árvore que dava coquinhos, amarramos o parquinho com uma corrente de ferro que arranjamos com o Djalma que morava no quintal – explicar quem morava e porque morava no quintal da Donisóra é tema de outra história.
Ali o “parquinho” ficou, vendo a gente virar adulto e outras crianças aparecerem. Dos meus 8 aos meus 22 anos esteve paradinho lá no quintal, e então tudo se transformou em um condomínio cheio de prédios. Fica a memória da grande aventura que foi conquistar nosso maior brinquedo de todos os tempos.