Eu só conheci duas avós, não tive avô. Mas eu não tinha muito contato com ela, porque as crianças lá de casa não tinham muito afinidade com os mais velhos; os antigos eram mais fechados. Eu sou de uma família de sete irmãos e os meus pais não tinham muito tempo pra gente não.
O meu pai era carpinteiro, dedicado à profissão dele. A minha mãe cuidava de mim, dos irmãos, cuidava da casa. Eu convivia mais com a minha irmã, que tinha mais ou menos a mesma idade. Não tinha muito divertimento naquela época; não tinha parques que tem hoje, internet; morava num lugar meio isolado onde não tinha diversão e nem vizinho muito perto. A brincadeira era de pega pega, por exemplo. Eu morava em São Miguel Paulista, que era bem interior, sem muito contato. O vizinho mais próximo dava uns dois quilômetros de distância.
A minha casa de infância era num lugar alto, que meu pai tinha construído. Não era matagal, era um capim baixo que cobria um planalto. De lá a gente enxergava bem o horizonte. Mas era só o que tinha. O meu pai era cristão e freqüentava uma igreja e fazia com que a gente acompanhasse ele. Não era uma obrigação, mas a gente não tinha com quem ficar e ia junto, mas nunca me apaixonei, nunca freqüentei depois a igreja.
A minha primeira escola eu ia a pé, era uns três quilômetros de distância. Mais tarde já fiz SENAC, já fui trabalhar junto com os estudos. Mas não lembro muito de sonhos do que queria ser; não tinha quem inspirasse. Quando acabei o ginásio eu até parei de estudar por muito tempo. Quando eu voltei eu fui fazer curso de eletrônica, me dediquei a essa área e deu certo.
Não tenho muita saudade de infância, porque na época não tinha tanta diversão. O pessoal de hoje parece que se diverte mais. Hoje eu tenho duas filhas, então imagino que meu sonho é o sucesso delas, vê-las se dar bem. Esse é o meu desejo. Eu já conquistei o que eu queria, não tenho muita coisa pra conquistar.