IDENTIFICAÇÃO
Meu nome é Rosa Maria da Felicidade, nasci em 1957, 14 de outubro, em Minas Gerais. Cheguei aqui em 69.
A gente morava numa cidade pequena, bem do interior, bem pobrezinha e foi uma vida bem sofrida. Eu vim pra cá com 11 anos de idade, para o Morro dos Prazeres. Eu não tive infância, eu comecei a trabalhar como babá com 11 anos de idade, logo quando cheguei aqui. Eu trabalhava em casa de família, aqui no Rio Comprido, que é perto da comunidade mesmo.
MORRO DOS PRAZERES
A gente veio para o Morro dos Prazeres porque tinha uma tia que morava aqui, então a gente veio pra ficar na casa dela até arrumar uma casa aqui. Tinha muitos mineiros aqui. A maior parte era mineiro. Tem até um pedaço aqui no morro chamado Morro dos Mineiros.
Porque o Morro dos Prazeres se chama assim? Não tem muita origem esse nome, que eu saiba não. As pessoas botaram esse nome e ficou. Depois dividiram o Morro em etapas, e cada pedacinho tem um nome diferente, mas não me pergunte porque eu não me lembro deles. Mas cada pedaço aqui tem um nome diferente. E ficou conhecido como Morro dos Prazeres, que é um lugar bem calmo, pelo menos eu acho. De vez em quando fica agitado, mas é mais pra calmo do que pra agitado. Comparando com outros tipos de comunidade igual a essa, é bem calmo.
A gente chegou aqui na base das 5 horas da manhã, a coisa mais linda que eu já vi foi tanta luz acesa que eu nunca vi na minha vida. Porque lá onde eu morava, tinha lâmpada, mas bem pouquinho, aquela luz bem vermelhinha. E aqui quando eu cheguei, a minha mãe acordou a gente pra ver. Muito bonito, uma paisagem linda, 5 horas da manhã com o sol nascendo, e muita luz acesa. Foi muito bonito.
Quando saímos da casa da tia, alugamos um quarto. Moramos nesse quarto por longos anos, pagando aluguel. Depois a gente comprou dois cômodos, uma casa de dois cômodos e moramos nela até quando eu casei.
Quando nós chegamos tinha poucas propriedades, tinha poucas casas, não tinha água, não tinha luz. Algumas pessoas tinham luz, mas era aquela luz bem vermelhinha, bem fraquinha, porque um morador passava um bico pro outro e cada vez ficava mais fraquinha a luz. Água também tinha aqui. A pessoa ia lá pro bombeiro ou lá pro Silvestre que é bem longe daqui pra buscar água e depois começou entrar água clandestina da Sedai (?). Só depois de 15 anos a Sedai resolveu legalizar a água aqui dentro.
A vida sem água aqui, era difícil, bem difícil. Eu mesmo cheguei a carregar água, lá do bombeiro, já grávida. Aqui mesmo nesse casarão eu levei um tombo de barriga com a lata d’água na cabeça, e eu já devia estar de sete meses. Não sei nem como perdi o bebê.
Pra fazer compras como é feito até hoje, a gente tem que descer a comunidade, pegar condução e ir pro centro da cidade, porque são os únicos lugares que tem supermercado. Existem pessoas que vendem coisas aqui no Morro, mas é assim como vassoura, prendedor, pequenas coisas. Alimento não. Tem algumas tendinhas que vendem, mas como a comunidade é bem carente as pessoas preferem ir lá fora que é mais barato.
Quando eu casei, eu ganhei logo a casa de presente. Eram dois cômodos e com o tempo a gente foi melhorando. Depois de 19 anos, a gente começou a melhorar ela e ainda estou melhorando. Ainda falta muita coisa, mas comparado com a casa que eu tinha, comparado com os dois quartos, eu tenho um palacete, Mas ainda está em obras.
Eu gosto daqui, eu me sinto bem aqui, é como se fosse uma grande família, porque se você precisa de alguma coisa tem alguém que sempre estende a mão pra você. Lá fora é diferente. As pessoas não estendem a mão pros outros, você mora num prédio tem cinco andares ou seis, você conhece o vizinho “oi, tudo bem?” Aqui não, aqui você conhece todo mundo, todo mundo te conhece, se você passar mal parece um montão de pessoas pra te ajudar, então eu considero o Morro uma grande família,
O melhor que tem aqui em Santa Tereza, é essa vista maravilhosa do Rio de Janeiro. É muito bonito e é a melhor coisa. Minha casa também é privilegiada, tem uma vista bem bacana, bem ampla. Você vê pra um lado, pro outro. É realmente, é um lugar muito bonito.
MINHA FAMILIA
Eu casei com 16 anos, com José Antônio da Felicidade. Conheci ele aqui mesmo, apesar dele ser de Minas, mas conheci ele aqui.
Aqui eu fiz minha vida, minha família. Os filhos nasceram aqui também
Tenho três filhos, um rapaz casado de 28 anos, uma de 24 e tenho a minha caçula que é uma criança especial de 22 anos. Nascidos todos aqui e ainda estão aqui comigo. Os mais velhos casaram e ainda permaneceram comigo. Todos os dois.
O meu filho tem a casa dele, mora perto, encostado, e a minha filha mora comigo com a minha neta.
São duas netas, uma do garoto que chama Railini(?) e a outra da menina, que chama Elisa.Também nascidas aqui.
CASARÃO DOS PRAZERES
O Casarão, que eu me lembre dele, quando eu conheci ele, era uma igreja Católica. Foi cedido pra uma igreja Católica. Houve casamentos aqui, a minha cunhada casou aqui, e eu assisti, foi muito bonito.
Foi na parte de baixo. Na parte de cima aqui eram mais quartos, na parte de baixo é que era um salão inteiro e o casamento foi ali. Também tinha missas aos domingos.
Já tinha escada, bem pra cá daquelas escadas antigas, mas já tinha uma escada, já tava bem ruim que tava apodrecendo o piso que era de madeira em cima. Com tempo vai estragando, o cupim vai comendo.
E logo depois foi vendido pra uma rede de filmagens, e fizeram filmes aqui. Depois houve culto aqui da igreja Assembléia bastantes vezes.
Foi cedido pra escola Julia Lopes, porque a escola estava em obras, e elas vinham aqui pra dar aula. Só que houve muito pouco tempo, porque a professora desabou do segundo pro primeiro andar, porque a madeira estava podre. A professora caiu, não sei se o teto abriu, quebrou a madeira que tava podre.
Isso foi em 75, 78. Quando meu filho estudou aqui ele tava com sete anos, hoje ele está com 28 anos. Quando a escola foi transferida pra cá, ele foi um dos alunos, ele tava com sete anos de idade na primeira série. Então ele chegou a estudar aqui.
Era tudo aqui dentro, eram varias turmas, porque a escola Julia Lopes é bem grandinha e lá como não funcionava, as aulas eram aqui mesmo. As aulas, a merenda das crianças tudo era feito aqui dentro, mas nessa época o Casarão estava ainda um pouco melhor. Com o tempo coisas que não se cuida a tendência é desabar, e como ninguém cuidava, quase caiu.
Depois serviu pra algumas pessoas morar, como é que se diz, virou uma cabeça de porco. Algumas famílias mesmo com o risco de cair, moravam aqui, porque a maior parte já tinha desabado. E tinha algumas famílias que ainda moravam aqui, quando a Prefeitura chegou, resolveu dar uma casa, e fez alguma coisa pra eles poderem sair daqui.
Eu sempre trazia meus filhos, pra brincar aqui.
Trazia, como “trago ainda meus netos” Quando começaram a reformar aqui uma das netas era bebezinho, ela estava com alguns meses.Agora meus filhos brincaram muito aqui, e as netas começaram a brincar agora. Meus filhos brincavam aqui. Aqui dentro não, porque moravam pessoas e aqui sempre tinha pessoas tomando conta e a porta ficava fechada, porque tinha um risco da criança também se machucar porque estava desabando. Então as crianças muito pouco entravam aqui, a não ser quando entrava um adulto junto.
Agora é um milagre, quem viu e quem vê é muita diferença. Quem conheceu e quem vê agora é uma diferença muito grande, não dá nem pra comparar.
AVALIAÇÃO DO PROJETO
O projeto é bom, porque não vai ficar esquecida a comunidade, porque sempre ficou esquecida.Talvez agora alguém vai olhar aqui pra dentro. Não só pra essa comunidade, mas pra tantas outras que tem por aí, é preciso que alguém se lembre delas. Gostei de participar sim, gostei de desengasgar o que estava engasgado, que é minha vida que ficou engasgado muitos anos. Eu gostei de participar sim. Se todo mundo fizesse isso talvez a gente tivesse um mundo diferente.
Morro dos Prazeres, este morro tem história (MP)
Desengasgar o que estava engasgado
História de Rosa Maria da Felicidade
Autor: Museu da Pessoa
Publicado em 26/03/2002 por Museu da Pessoa
Projeto Morro dos Prazeres, este Morro tem História
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Rosa Maria da Felicidade
Entrevistada por Paulo Ribeiro
Rio de Janeiro, 07 de julho de 2002
Código: MP_CB025
Transcrito por Elisabete Barguth
Revisado por Rosana Revelles
P1 – Boa tarde Rosa, eu gostaria de começar o nosso depoimento pedindo que você me dê o seu nome completo, a data e o seu local de nascimento.
R – Bom, Rosa Maria da Felicidade, nasci em 1957, em 14 de outubro, cheguei aqui em 1969.
P1 – Conte-me um pouquinho da sua história e da sua família em Minas, como que era? Como era a cidade? Era roça? Como é que era?
R – Era uma cidade pequena, bem do interior e bem pobrezinha. Foi uma vida bem sofrida e eu vim pra cá com 11 anos de idade.
P1 – Você consegue se lembrar? Você tem memória da sua chegada aqui no Morro dos Prazeres?
R – Tenho, a gente chegou aqui na base das cinco horas da manhã. A coisa mais linda que já vi foi tanta luz acesa que eu nunca tinha visto na minha vida, porque lá (Minas) tinha lâmpada, mas bem pouquinho, aquela luz bem vermelhinha. E aqui quando eu cheguei a minha mãe acordou a gente, muito bonito uma paisagem linda. As cinco horas da manhã com o sol nascendo e muita luz acesa, foi muito bonito.
P1 – E porque a sua família escolheu o Morro dos Prazeres aqui no Rio de Janeiro?
R – É porque a gente tinha uma tia que morava aqui, então a gente veio pra ficar na casa dela até arrumar uma casa aqui.
P1 – Tinham muitos mineiros aqui?
R – Tinha não, ainda tem, a maior parte é de mineiro.
P1 – Tem um pedaço aqui no morro chamado Morro dos Mineiros, é isso?
R – Tem.
P1 – E alguma lembrança, Rosa, da sua infância aqui?
R – Eu não tive infância, eu comecei a trabalhar como babá com 11 anos de idade, logo quando cheguei aqui, então eu não tive infância.
P1 – Mas você trabalhava aonde?
R – Eu trabalhava em casa de família, aqui no Rio Comprido, que é perto da comunidade mesmo.
P1 – Como é que foi depois? A sua família comprou uma casa? Alugou uma casa? Vocês saíram da casa da sua tia?
R – Nós alugamos um quarto e moramos nele por longos anos, a gente pagava aluguel. Depois a gente comprou dois cômodos, uma casa de dois cômodos, e moramos nela até quando eu casei.
P1 – Conta um pouquinho do seu casamento, casou com quem?
R – Eu casei aos 16 anos, com José Antônio da Felicidade.
P1 – Você conheceu ele aqui?
R – Aqui mesmo, apesar de ele ser de Minas, conheci aqui.
P1 – Aí você fez sua vida, sua família, seus filhos nasceram aqui também, como é que foi?
R – É, meus filhos. Tenho três filhos, tenho um rapaz casado de 28, uma de 24 e tenho a minha caçula que é uma criança especial de 22 anos, nascidos todos aqui e ainda estão aqui comigo.
P1 – Ah é? Os mais velhos casaram e ainda permaneceram?
R – Permaneceram, todos os dois.
P1 – Como é isso Rosa, mora todo mundo perto, junto, como é que é?
R – O meu filho tem a casa dele, mora perto, encostado, né, e a minha filha mora comigo e a minha neta.
P1 – Quantos netos são?
R – São duas netas, uma do garoto que chama Railini e da menina que chama Elisa.
P1 – Também nasceu no Morro dos Prazeres?
R – Todos nascidos aqui.
P1 – Você conhece a história desse nome? Você sabe o porque desse nome? O que você acha desse nome Morro dos Prazeres?
R – Olha, não tem muita origem esse nome, que eu saiba não, as pessoas botaram esse nome e ficou, depois dividiram o Morro em etapa, né, cada pedacinho tem um nome diferente, que não me pergunte porque eu não me lembro deles, mas cada pedaço aqui tem um nome diferente. E ficou conhecido como Morro dos Prazeres, que é um lugar bem calmo, né, pelo menos eu acho. De de vez em quando fica agitado, é mais pra calmo do que pra agitado, comparado com outros tipos de comunidade igual a essa, é bem calmo.
P1 – E um pouco, assim, quando vocês chegaram, não tinha água, não tinha luz, como que era?
R – Quando nós chegamos tinha poucas propriedades, tinha poucas casas, não tinha água, não tinha luz. Algumas pessoas tinham luz, era aquela luz bem vermelhinha, bem fraquinha, porque um morador passava um bico pro outro e cada vez ficava mais fraquinha a luz. A água também não tinha aqui, a pessoa ia lá pro bombeiro ou lá pro Silvestre que é bem longe daqui pra buscar água. Depois começou entrar água clandestina da Cedae [Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro], e depois de 15 anos a CEDAE resolveu legalizar a água aqui dentro.
P1 – Como que era um pouco dessa vida sem água aqui.
R – Era difícil, era bem difícil. Eu mesmo cheguei a carregar água grávida lá do bombeiro, aqui mesmo nesse casarão eu levei um tombo de barriga com a lata d’água na cabeça, eu já devia tá de 7 meses não sei nem como perdi o bebê, era muito difícil.
P1 – E pra fazer compras, como vocês faziam? Tinha lojas, armazéns, tendas, tinham vendedores ambulantes, como que era?
R – Pra fazer compras é como é feito até hoje, a gente tem que descer a comunidade, pegar condução e ir para o centro da cidade, porque são lugares que tem supermercados. Existem pessoas que vendem coisas aqui no Morro, mas assim como vassouras, prendedores, entendeu, pequenas coisas, agora, alimento não. Tem algumas tendinhas que vendem, mas como a comunidade é bem carente as pessoas preferem ir lá fora que é mais barato.
P1 – E sobre a sua casa, você casou, vocês alugaram? Compraram uma casa? A sua casa é grande, né, como que foi isso? Foi construindo, fazendo obras e melhorando?
R – Quando eu casei eu ganhei logo a casa de presente, eram dois cômodos, e com o tempo a gente foi melhorando, depois de 19 anos, né, a gente começou a melhorar ela, e ainda estou melhorando. Ainda falta muita coisa, mas agora comparado com a casa que eu tinha, eu tenho um palacete, comparado com dois quartos que eu tinha, mas ainda está em obra.
P1 – E essa vista maravilhosa que vocês têm aqui do Morro dos Prazeres?
R – É o melhor que tem aqui em Santa Tereza, é muito bonito, né, é a melhor coisa.
P1 – A tua casa também é privilegiada, você tem uma vista bem bacana.
R – Bem ampla, você vê pra um lado, pro outro, é realmente, é um lugar muito bonito.
P1 – Agora Rosa, quais são as suas melhoras em relação ao casarão?
R – Bom, o casarão que eu me lembre, quando eu conheci ele era uma Igreja Católica. Foi cedido para esta Igreja, houve casamentos aqui, a minha cunhada casou aqui, depois foi vendida pra...
P1 – Você lembra desse casamento?
R – Lembro, eu assisti, foi muito bonito.
P1 – Me conta como é que foi, aonde que era, era no térreo?
R – Na parte de baixo, na parte de cima aqui eram mais quartos, na parte de baixo que era uma salão inteiro, e o casamento foi ali, tinha missas aos domingos.
P1 – Já tinha escada?
R – Já tinha escada. Bem pra cá daquelas escadas antigas, mas já tinha uma escada, já estava bem ruim, apodrecendo, o piso era de madeira em cima, então com o tempo vai estragando, o cupim vai comendo. E logo depois foi vendido para uma rede de filmagens, fizeram filmes aqui, depois houve culto aqui da Igreja, Assembléia, bastante vezes. Foi cedido para a escola Júlia Lopes, porque a escola estava em obras, então foi cedido aqui pra dar aula. Só que houve muito pouco tempo, porque a professora desabou do segundo pro primeiro andar, porque a madeira estava podre.
P1 – Conta isso Rosa melhor, a professora caiu?
R – Caiu, não sei o teto abriu, quebrou a madeira que tava podre, e depois serviu pra algumas pessoas morarem, como é que se diz, virou uma cabeça de porco, que depois algumas famílias mesmo com o risco de cair, porque a maior parte já tinha desabado, né, e tinha algumas famílias que ainda moravam aqui, quando a Prefeitura chegou, já no finalzinho, né, resolveu dar uma casa, fez alguma coisa pra eles poderem sair daqui.
P1 – Agora, você trazia seus filhos, seus netos para brincar aqui?
R – Trazia, como trago ainda. Meus netos entre aspas, quando começaram a reformar aqui, uma das netas era bebezinho, ela estava com alguns meses, agora meus filhos brincaram muito aqui, elas começaram a brincar agora.
P1 – Aí, você trazia as crianças pra cá?
R – Meus filhos brincavam aqui. Aqui dentro não, porque moravam pessoas e aqui sempre tinha pessoas tomando conta e a porta ficava fechada, porque tinha um risco da criança também se machucar porque estava desabando, então as crianças muito pouco entravam aqui, há não ser quando entrava um adulto junto.
P1 – Que época seria isso, década de 1970, 1980.
R – 1975, 1978, meus filhos já estavam com cinco, por aí. Quando meu filho estudou aqui ele estava com sete anos, hoje ele está com 28 anos. Quando a escola foi transferida pra cá, ele foi um dos alunos, ele tinha 7 anos de idade na primeira série, então ele chegou a estudar aqui.
P1 – Então a aula era ministrada aqui embaixo?
R- Era tudo aqui dentro, eram várias turmas, porque a escola Júlia Lopes é bem grandinha e lá como não funcionavam, as aulas era aqui mesmo. As aulas, a merenda das crianças tudo era feito aqui dentro, mas nessa época ela estava ainda um pouco melhor. Com o tempo as coisas que não se cuida a tendência é desabar, como ninguém cuidava, quase caiu.
P1 – E agora? Você vê daqui o casarão do jeito que tá?
R – Agora é um milagre, quem viu e quem vê é muita diferença. Quem conheceu e quem vê agora é uma diferença muito grande, não dá nem pra comparar.
P1 – Rosa, o que significa o Morro dos Prazeres pra você?
R – Eu gosto daqui, eu me sinto bem aqui, é como se fosse uma grande família, porque se você precisa de alguma coisa tem alguém que sempre estende a mão pra você. Lá fora é diferente as pessoas não estendem a mão para os outros, você mora num prédio tem cinco andares ou seis, você conhece o vizinho: “Oi, tudo bem?”, aqui não, aqui você conhece todo mundo, todo mundo te conhece, se você passar mal parece um montão de pessoas para te ajudar. Então eu considero o Morro uma grande família.
P1 – Então pra finalizar, a gente tá fazendo um trabalho de memória e resgate em preservação da memória da comunidade. O que você acha desse projeto? E o que achou de ter dado o seu depoimento?
R – O projeto é bom, porque não vai ficar esquecido a comunidade, né, porque sempre ficou esquecida, talvez agora alguém vai olhar aqui pra dentro. Não só pra essa comunidade, mas pra tantas outras que tem por aí, é preciso que alguém se lembre delas, e gostei de participar sim. Gostei de desengasgar o que tava engasgado, né, que é minha vida que ficou engasgada por muitos anos, eu gostei de participar sim. Se todo mundo fizesse isso talvez a gente tivesse um mundo diferente.
P1 – Tá bom, então super obrigada Rosa pelo depoimento.